sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Criança

Hoje ia no carro a caminho da paragem, a ouvir uma música das que passam nas discotecas, e lembrei-me que sinto saudades dos dias em que dançava no quarto.
Fiz um acto bondoso hoje. O quê não importa. Já não somos essas crianças.
Mas há sonhos que persistem.
Ontem fui arrumar uma moderna caixa de recordações. Incrível o que se acumula nos ficheiros recebidos de um computador com o passar dos anos. Muitas memórias. Nenhuma exclusivamente minha. Tudo sonhos partilhados.
Encontrei uma história. Uma página e meia do que seria uma história, escrita há três, quatro anos, por mim e uma grande amiga. Era uma projecção fantasiosa da nossa vida, aquilo que queríamos que ela fosse. Um sonho que foi deixado com reticências, nem posso recordar porquê, para sempre à espera de ser continuado, empurrado para o esquecimento por projectos individuais.
Éramos crianças. Ou melhor, pensávamos ainda como crianças. Quem sabe se não pensamos ainda. Às vezes. Muitas vezes. A cada momento em que ponho de lado o eu para viver cada linha que surge velozmente no ecrã do computador.
Nessa horas eu sonho acordada, tenho esperança, acredito nessa fantasiosa promessa de algo mais que o mundo real não pode dar. Inocente, tão inocente!
Criança. Eternamente criança.
Nessas horas, eu sei dizer o que é o amor. Acredito nele. Sei o que significa lealdade, conforto, amizade. Sei encontrar a perfeição em vidas imperfeitas. Posso dizer todas as palavras que nunca direi. Posso saber com toda a certeza o que me espera amanhã.
Não, hoje a montanha-russa não voltou a descer. Felizmente.
Por agora, apenas chegar a casa. Esta mulher com alma de criança, que escreve negro sobre o branco.

Sem comentários: