domingo, 28 de fevereiro de 2010

O Suposto

O que não era suposto, era que se tornasse uma tarde aborrecida.
O que não era suposto, era que a televisão me salvasse. Ou não.
O que não era suposto, era que ele quase adormecesse no meu sofá.
Não teve culpa, compreendo.
Isto explica porque me desagrada a ideia de estarmos juntos cá em casa?

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Insanidade

Será inata a necessidade de atenção?

Talvez tenhamos apenas
medo de sermos trocados.

Insegura?,
* * * * *

O que raio de passa nesta cabeça?
É o corpo que, assustadoramente, não funciona bem. Aquela sensação horrível de que algo está muito errado, arrastando AQUELES pensamentos. AQUELE medo.
E se? E quando? E depois?
Ao inferno como toda a imaginação! É tortura pensar assim, é insanidade fazê-lo.
Aquele gosto incompreensivelmente mórbido...
És tão ridícula, Raquel.
És tão...
Doente.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Muitas vírgulas e nenhum ponto final

Sei de qualquer coisa, qualquer coisa de poeticamente incapacitante que me lava a mente e leva a concentração, e dou por mim criando e criando. Depois paro. Paro e olho em redor. E não sei o que fazer, não sei em que pegar, não sei em que vida mergulhar de cabeça, que pele vestir, que lágrimas chorar. Uma mão cheia delas e nenhuma me atrai. Mas aquele desejo... E de alguma forma surge algo novo para acrescentar ao exponencial de números. É qualquer coisa à criança, e não me agrada, essa tão forte imaginação jamais levou a sua avante, tinha limites de pontos finais e a palavra Fim no término de tudo, antes de um novo começo. Pareço a minha irmã. A ela também lhe dá para a invenção. Inicia mas nunca acaba. Muda e começa de novo. Não. Não. Tudo isto é para acabar. Então esta inspiração poética, porque quando acaba, acabou. E a mente voando, desconcentrada, emocional, lírica...

Estou melhor. O suficiente para ir escrever alguma coisa a sério.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Leva-me a Viajar


Leva-me ao outro lado do mundo
Por uma vez, sem usar um transporte
De papel

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Nadas da vida

Estou a começar a ficar ansiosa por Ibiza. Quero muito aquelas férias, mas não devia pensar tanto nisso. Não faz o tempo andar mais depressa.

Hoje, os papéis para o registo de autor foram finalmente postos no correio. Quero uma confirmação de recepção depressinha. Estou ansiosa pelo que vou fazer a seguir. Mesmo que não resulte, será alguma coisa. E alguma coisa é um princípio.

Ando também a pensar muito nos concursos. Não apenas naqueles a que já concorri. É que há este a nível nacional que me parece muito promissor porque o prémio remete para a divulgação da obra. Publicidade. Já pensei numa história, mas há dois dias veio uma vontade estranha de escrever uma cena que não sei bem de onde veio, e não sei como continuar. Ainda. É que se pode concorrer com mais do que um, e não perderia nada em aumentar as probabilidades.
Ando a sonhar muito, é o que é.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Nas Nuvens

Vejo as pessoas contentes. Estou contente.
Como alguém escreveu nos inquéritos, tranquilo. Tranquila.
E orgulhosa. Não quero escrever, quero sorrir. Não, na verdade quero escrever mas acabo a sorrir.
Foram as palestras da dança que o meu grupo de AP fez. Foram os elogios. Foi a aceitação. Foi o alívio de ter tudo acabado e corrido bem.
Foram os papéis para os direitos de autor preenchidos. Foi o título finalmente decidido. É a perspectiva de em breve poder colocar o livro à venda on-line.
É tudo.
Tudo menos ela que continua chateada. E o olho inflamado. E a dor de braços.
E ainda assim sinto-me bem. Serena como há muito não. Deixámos a apatia para um estado emocionalmente superior, não obstante calmo. As coisas são como são e pronto. Mas agora sinto-o como algo bom. Como se fosse assim que devesse ser. Agora sinto como se devesse passar, sim, mas olhando com interesse.
Sabe bem poder respirar fundo hoje, sentir-me realizada hoje. Pensar que valeu a pena. Que não obstante os problemas, há terceira conseguimos fazê-lo perfeito. Aqui falando das palestras, mas não se poderá aplicar tal regra à vida? Sempre ouvi dizer que à terceira é de vez. Não me parece que somente pela boa sonoridade ou beleza estética do três.
Enfim, o corpo ressente-se mas a minha mente está passeando nas nuvens, tão alto que é difícil concentrar-me em assuntos terrenos.

For now, everything is just okay

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Falar por falar

Sinto-me estranha e amanhã o meu dia começa às oito e meia.
Não quero ter que falar para noventa alunos. Não me apetece simplesmente. Não estou nem um pouco entusiasmada.
Foi como se tivesse feito algo que não devia. Mas fui apenas sincera. Não me apetecia. E no entanto parece errado, porque não era suposto ter dito que não.
Eu realmente não sei o que estou a fazer.
E cheira-me que não vai acabar bem. Para ninguém. Porque posso ser fria, mas também me pesa a consciência, de uma forma muito estranha que não é necessariamente arrependimento, mas pesa.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ainda não


Ainda não estou pronta para a grande reflexão. Quero escrever um sonho, um sonho que não é meu. Quero as minhas primeiras personagens. O meu primeiro romance. Tenho saudades de escrever com elas. Assim vamos voltar para trás. Vamos dar um salto para a ficção, novamente. Deixar a realidade para depois.
Para vocês, fica esta imagem, esta pintura na verdade. Vi-a no CCB, quinta-feira. É enorme. Não é uma fotografia, mas um desenho a carvão. Lindo. Absolutamente lindo. O autor chama-se Robert Longo. Um génio.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Vinte minutos para chegar

Há alguma coisa no ar. Um sentimento de nostalgia, e o fado da Marta é a voz.
Regressar é assim, uma despedida. Mesmo que a despedida de um desconhecido mal conhecido. É a incerteza do voltar, e incerteza nunca é um manto quente de penas.
Não sei, não sei o que há de tão horrível nesta minha terra para sempre me sentir melhor longe dela. O peso da reflexão caiu já sobre os meus ombros, e assusta ver que assusta pensar. Como um livro muito grosso que nos assusta ler, mesmo que queiramos ou precisemos.
Quero adiá-lo. Não me sinto preparada. Estou cansada. Realmente cansada. E quando é assim não consigo pensar. Não dá sequer para me juntar à conversa.
É aquela melancolia...
Preciso mesmo de uma cama.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

***

P.S. Amanhã não vou estar cá. Visita de estudo a Lisboa, dois dias. Espero que me faça bem. Preciso de um escape, preciso de me divertir, preciso de não estar aqui.

(Censurado)

Eu não sei realmente o que é que eu estou a fazer, apenas sei que não é isto que eu quero.
Ser uma cabra egoísta não faz parte dos meus planos.
Mas faz sentido sentirmo-nos mal sem estarmos de facto arrependidos?
Bela mente retorcida que eu cá arranjei.
Para a próxima eu coloco o aviso "queres a mulher perfeita para passar o resto da vida procura na porta ao lado". Aqui há 99,99% de hipóteses de te colarem um rótulo com prazo de validade.
Talvez se...
Ok, toda a gente já sabe como é que isto vai acabar. Eu tenho igual de culpa. Ou mais. Por isso saltemos as justificações-desculpas-recriminações.
Atenção corações, eu sou um perigo para os que gostam de mim.
A não ser que eu goste mais. O que raramente - repito o raramente - acontece.
Se calhar sou mesmo uma cabra egoísta.

P.S.

Esta é para ti, Catarina.
Hoje vi finalmente o filme. Custou um bocadinho, mas foi, e se soubesse tinha visto antes. Na verdade, eu devia estar chateada, nunca antes tinha chorado tanto ao ver um filme! E logo hoje a minha irmã lembrou-se de vir brincar no Mac e fez-me um PowerPoint onde contava como nós antes não nos dávamos bem, e o que mudou nos últimos meses, como estamos mais amigas, como vai ter saudades, e da minha prima também, e até escreveu sobre o Ruben e pôs fotos, e agora aqui estou eu, a chorar baba e ranho, literalmente.
Eu devia estar proibida a ver cenas tristes, não sabes como foi um atentado ao meu auto-controlo lacrimal passares-me para as mão aquele filme, mas ok, até fui eu que pedi. Mas foste tu que falaste tanto nele! Também estava avisada, era verdade. Talvez só me tenha apanhado numa noite mais sensível.
Foi realmente lindo, e estas coisas não deviam ser ditas por ninguém. Está certo que todas queremos um amor daqueles, mas, bolas, ele morreu! Era suposto odiarmos o filme por isso, mas o que é que se há-de fazer. Eu falo por mim quando digo que não é natural acharmos o triste belo, mas é inevitável. Daquelas coisas que não dá para perceber em nós, mulheres.
Assim que, este que não era exactamente o tipo de filme que escolheria, saltou para o meu Top Movie. Sente-te orgulhosa.

P.S. I Love It

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Drama Queen

Sabe-se lá o que vai acontecer? Dançar até cair para o lado, ou mais um noite, ou a da minha vida. Sabe-se lá se não deveria decidir ficar já em casa. Mas isso seria quinze euros deitados fora. Sabe-se lá se amanhã não digo que pagaria muito mais pelo momento. Sabe-se lá…
E ela fala e fala e fala. Oh, desculpem, ela escreve e escreve e escreve. E tem uma propensão parva para fazer de tudo um filme. (Talvez devesse pensar em fazer guiões de cinema.) E depois imagina e imagina, e constrói uma realidade que fica muito aquém das expectativas. Logo, desilude-se. Mas, vejam a ironia, dá conselhos exactamente contraditórios àquilo que faz. Vamos pensar menos e viver o momento? Deixem-me rir! Fala a miss-racionalidade-põe-problemas-em-tudo.

CORTA!

Tenham lá paciência, mas isto está a ficar pouco lógico, nada contextualizado e eu já não sei do que estou a falar. Sabe-se lá porquê?
Vamos mas é publicar isto, desligar o computador, vestir e sair – num noite espectacular de Carnaval em que chove a potes e está frio. Oh, e ele continua sem mensagens, nem sei como – ou quando – m
e vai aparecer à frente. Mas importa realmente? Há-de me encontrar, mais tarde ou mais cedo, estarei perfeitamente reconhecível. E tenho a noite toda.

‘Bora lá, Drama Queen!



domingo, 14 de fevereiro de 2010

Valentine's

Para todos os efeitos, foi um dia normal.

E não era o primeiro dia dos namorados, com namorado...?...!

Teoricamente, mas não foi muita diferença.
Ainda é um dia comercial, para que conste.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Ouvir-me

E um dia vamos ser nós dois a discutir filosofia...

Por voltas e mais voltas, acabamos sempre no mesmo lugar, e não sabes quem estás a enganar, a vida é o momento, e o momento está a passar. De olhos fechados, sentes-te no mar, e quem te embala não é o silêncio, o silêncio vem para acabar.
E são as palavras os alicerces, as perguntas a racionalidade, e não vês a monotonia de contar a monotonia, e és dilema e és indecisa, querer e não querer, chorar por ter, e por não ter. Eterna insatisfação, e para quem não escrevia poesia, bem vai aquele dia, e agora a rima entra e tudo vai, o sonho flui e o pensamento cai.

Talvez não saiba o que dizer, como o dizer, para que o dizer. Talvez seja eu um eufemismo, e viva "eufesmismando" tudo o que me rodeia, até que solta-se o pano e quebra-se o cristal, e sou louca, sou irracional, e maldita veia poética, que se lembrou de acordar, faz de tudo uma brincadeira, mera gente a voar, nada senão nada, e fugidios pontos finais.
Porque precisava de conversar, não comigo, não mais comigo, mas nessa imaginação alimento a ausência, alguém que ouça com paciência, e perceba, enfim perceba. Alguém que saiba ver, com os olhos da realidade, e não cegue de sonhos, porque os sonhos não devem cegar, devem guiar, e há que ter esperança, sem perder a racionalidade, ou perde-se a humanidade.

E um dia vamos ser nós dois a discutir filosofia...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Seria excelente se não tivesse a chover

O título diz tudo.
Seria um bom dia se não tivesse a chover. Se não tivesse frio.
Não foi tão bom por isso, mas não importa.

Hoje revolvi o armário e fui à gaveta dos poemas.
Renovei a casa, está mais bonita.
Espreitem,

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Imperfeição

Às vezes tenho medo de não ser tão bom pessoa como os outros pensam.
Como eu quero acreditar que sou.
Às vezes, se me mostrasse realmente, iria desiludir muitas pessoas.
A mim mesma também.
Não sei se sei pedir desculpa.
Talvez seja demasiado orgulhosa do que pensava.
Não sei se me preocupo tanto como devia com quem gosto.
Às vezes não mostro mais do que indiferença.
Sei que não perfeita.
Mas tenho medo de ser mais imperfeita do que imperfeição que todos vêm.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Home


Será sempre "a minha praia"
É assim que sei quando estou em casa

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Replay

Idem, Idem

Sem lágrimas desta vez.
E passou mais rápido desta vez. É de esperar que nos controlemos mais depressa com a prática em situações de nervos-em-franja.
Mas eu posso fazer as coisas sozinha!
(Apesar de odiar saber que ela ficou chateada.)
Enfim...

Idem, Idem

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Colapso

Vulnerável
Inconstante
Variável
Quebrável
(Eu?)

Eu não sei porque caem as lágrimas
Dói não saber
Dói chorar, sabendo que foi ela
Sabendo que as cartas não se desmoronariam
Se ela não tivesse soprado com força
Com muita força

Incompreensível
Imperial
Intempestiva
Intransigente
(Ela?)

E agora não para, quando é tão fácil começar
Mas tão difícil terminar
E as palavras confundem-se no teclado
Na escuridão
De alguma forma, encontrando o caminho
Não sou clara
Há que “ler na entrelinhas”
Hoje é tão claro como as lágrimas
Puro como aqueles risos, esta tarde

Sem sentido
Eu não faço sentido
Não sou sentido
Não tenho sentido

Sem desculpas agora
Algo não deveria já estar bem
Mas eu via tudo bem, estava feliz
Bem, não tanto
(Estúpido título! Estúpido trabalho!
Estúpido perfeccionismo!)
Mas não ia chorar
Até ela ter entrado

Talvez não seja assim
Forte
Inabalável
Confiante
Talvez não seja assim
Quebre
Parta
Muito, muito frequentemente
Talvez não seja
O que mostro

E continuou sem pegar no telemóvel e ligar-lhe
Sabendo que podia, sabendo que deveria
Sabendo que me faria bem
Não é falta de amparo
Mas falta de coragem para ser amparada
Sempre foi assim

Calada
Muda
Quieta
Silenciosa

Não está certo
Sabê-lo não muda
E amanhã está tudo bem
E ninguém sabe
Não preciso que saibam
Já passou
Em breve já passou
Outra vez…

(Eu não deveria ter escrito isto)

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Agora

I Loved that moment last night

But I'm still afraid that one day...



All I wanna do is walk away

‘Cause I don’t wanna lie to you

Something in your eyes says “please don’t go”

But I just wanna walk away

‘Cause if I stay I’m gonna end up hurting you

And I don’t wanna break your heart, baby


It doesn’t matter what I’ll say

It doesn’t matter what I’ll do

Can’t make it right, even though I want to

I’m not gonna say that we’re okay

I don’t wanna lie


I should’ve told you long ago

What was going on

I should’ve told you that my feelings were

Not that strong


I don’t wanna break your heart


(Aloha From Hell - Walk Away)

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Isto É o que Eu Quero


That's What I Want
Only That's What I Want

Net

Isto faz algum sentido que a Internet avarie e só decida funcionar bem às duas da manhã?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Era uma vez, outra vez

Aqui estou eu – novamente – decidida a escrever – novamente – algo, não sabia o quê, até me ter deparado com um invulgar pedido.

Não parecia fazer muito sentido, mas então comecei a pensar.

A lembrar...

Sim, nostalgia. E eu nem gostava muito da terrinha. São Salvador. Mas lá que era inspiradora, era. O grande problema sempre foi a falta de um computador, que quebrasse a solidão dos montes verdes e caminhos de terra abandonados. E, não obstante, era eu criança e ingénua, aspirei à grande loucura de começar a escrever à mão, num caderninho de capa preta que usara para a escola mas que só gastara as primeiras páginas, e no qual colara a imagem de uma fada, a qual, recordo, tentei, heróica e falhadamente, pintar num quadro para Educação Visual no ano lectivo seguinte. Assim, aquela terra virou um marco importante.

No Verão que passou devia ter pegado numa máquina fotográfica a sério e ido passear pelos carreiros de ovelhas. Nunca por lá andei. É pena que só me tenha lembrado disto agora. Eu digo e repito que não gosto daquilo, mas quando tiver um cansativo trabalhado e uma vida movimentada na cidade, eu vou passar férias a um sítio como aquele. Longe da civilização. Perto da natureza. No interior de Portugal. Únicos requisitos: computador – muito, muitíssimo importante, não fosse eu uma aspirante a escritora –, iPod – o silêncio, a paz do campo são muito agradáveis, mas a música é a minha alma – e, por certo, a maquina fotográfica.

Ia ser uma pessoa muito feliz assim.

Então, pergunto, porque é que detestava – e suponho que detesto, embora não haja mais férias de Verão em S. Salvador (logo agora que já podia levar um portátil! A vida é injusta) – lá ir? É uma muito boa pergunta. Talvez vá ser ingrata e dizer que era tanto melhor quanto mais sozinha, e o que lá não falta são pessoas conhecidas (e vem dar um beijo à tia, e cumprimenta o tio, e lembras-te da prima? Hã, pois, não, nada mesmo...) A minha mãe diz que sou um bicho do mato, talvez tenha razão. Mas eu quero aquele lugar para escrever, para pensar, para apreciar, e isso faz-me extraordinariamente melhor sozinha. Quando e como quiser. (Eu sou um pouco anti-regras, é verdade, e anti-horários já agora.) Por isso este último ano – privilégios da idade – soube extraordinariamente bem poder ir para onde quisesse. Não que houvesse algum perigo de uma criança andar por aquela aldeia sozinha, mas mães são mães.

Bem, isto está a soar como se fosse maravilhoso, mas leiam o que eu escrevi a princípios de Setembro e verão como não estava nada agradada por lá ir. Não creio que estou a suavizar, realmente parece mais tentador agora. Suponho que seja por estar cansada da rotina, autocarros, escola, trabalhos (sim, vida atarefada). Lá tudo era calmo e sem pressas. Podia lá ir de bom grado uma semana (mas jamais sem o primeiro dos requisitos, porque aquilo ao fim de um dia torna-se um aborrecimento do pior; os livros são – e foram sempre – uma excelente salvação, mas no topo está mesmo a escrita.)

Enfim, da boca para fora eu disse muito mal daquele lugar, mas, dos poucos Verões em que lá fui (felizmente para mim, a minha prima é que vai lá sempre e adora aquilo, eu cá continuo a passar; antes a minha casa e o meu Algarve – e a minha mãe concorda inteiramente comigo, não fosse a avó do norte a paterna) coleccionei um bonito álbum de memórias. Curtas e fotográficas, fazem-me sorrir.

É a minha irmã ainda pequenina a olhar o galinheiro que antes havia em frente da casa, e a pedir para ir ver os burros (algo que pedia todos os anos), e nós a subir e descer as escadinhas de madeira para passar o muro de pedra que conduzia à eira.

E aquele Verão em que fui picada por uma vespa, aquele em que elas se revoltaram contra nós, porque houve mais duas “vítimas” nesse dia. Lembro-me que estávamos a jogas às escondidas...

Houve também uma tarde de temporal, chovia muito e estávamos na cozinha da avó a descascar feijões. A trovoada sobressaltou-nos. Não sei se ainda tinha medo nessa altura. A minha prima sim, muito. Acho que a minha irmã estava em casa a dormir, teria sido na primeira vez que lá foi.

Uma vez também caí da bicicleta que uma rapariga me empresou. Não me lembro dela, mas se tivesse de apostar num nome diria Rita, mas não tenho bem a certeza (se estiver errado aposto que a minha prima fará questão de vir dizer-me). Acho que não a voltei a ver. Mas esse Verão teve bons momentos em boa companhia. O alpendre já estava construído e depois do almoço juntávamo-nos, uns cinco, seis, sete pessoas (eu nunca ia poucas vezes à aldeia, mas a minha prima conhece bem a malta) a jogar Uno. Fazíamos um pouco de batota; somávamos os ‘+2’ aos ‘+4’ e atingíamos valores de vinte e tal cartas para o coitado que tinha de as ir buscar ao baralho.

O meu pai andava sempre com um mata-moscas, porque é a diversão número um para quem não tem nada que fazer, e acreditem que alvos não faltam. Havia uma corda pendurada no alpendre e ele punha-se a contar as moscas que lá pousavam ao mesmo tempo. Chegavam a ser mais de dez. Também me lembro de que o Romão, o cão da minha tia, um dia soltou-se e matou uma galinha de um vizinho. Ele tinha uma ‘namorada’ da mesma raça, com um olho de cada cor, que aparecera lá não ser bem como. Chamava-se Andorinha. Eu fiquei muito revoltada quando mais tarde soube que a minha avó tinha morto os filhotes que ela havia parido.

Este Verão a minha tia, à qual fui ao casamento, já tinha mais outro cão. Não me lembro do nome. Mas também era grande e a minha irmã adorava-o. Acho que tenho uma fotografia dele no telemóvel. E acho que o nome começa por G.

Mas as melhores memórias são as do parque da escola primária, precisamente onde me refugiei, certo final de tarde, para escrever. Já deixei aqui as fotos em Setembro. Mas aquele parque foi mais do que o palco do princípio. Era para lá que ia sempre, com a minha irmã, com a minha prima, com as duas, quando queríamos dar uma volta, brincar um pouco. Somadas, devo ter passado umas belas horas naqueles baloiços, e poucas sentada na posição correcta. Somente que eram mais confortáveis quando virados ao contrário, e eu sei do que falo, porque testamos todas as opções possíveis, até de cabeça para baixo. Quando éramos mais novas, lembro-me da minha prima balouçando muito e depois atirando o chinelo. Acho que tentávamos ver qual de nós atirava mais longe. A minha irmã ia buscar, ou então ela, que não tinha problemas em andar descalça. Uma vez o dela ficou preso na árvore. De alguma forma, conseguimos tirá-lo. Apenas no ano passado entrei pela primeira vez dentro da escola.

E por hoje é isto. Não pretendia alongar-me tanto, não pensara sequer que iria escrever sobre isto, mas soube estranhamente bem. Assim, acabo agradecendo a sugestão. Às vezes faz bem simplesmente parar e lembrar.

Deixamos tanta coisa para trás.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Indiferença

Hoje estou mais estranha que o costume, é verídico. Notaram.
Muito pensativa também. Ia no autocarro e, do nada, apercebi-me que já se passaram dois meses. Continuo a achar que há um erro algures nas contas, mas não.
Esta tarde também me apercebi de que a indiferença é a pior reacção que podem esperar de mim. Significa nem sequer gosto o suficiente para me chatear.
E sinto que muitas coisas me passam indiferentes, coisas que não deviam.
Lamento-o.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Não Sei

Não Sei
Não Sei onde estou
Não Sei por onde vou
Nem sei para onde vou

Não Sei se faço bem
Não Sei se Te faço bem
Não Sei se sei fazer bem


Um dia, peço
Don't Look Back In Anger

'Cause you'll look back

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Bom Humor, História da Carochinha!

Estou Chateada! Novamente!
A culpa foi do trabalho de História.
Não ficou como queria. E depois ficou pior ainda.
Sabem que o perfeccionismo pode levar à loucura? Eu descobri hoje.
Assim como odeio mensagens vazias de conteúdo. São uma perda de tempo.
Um dia eu vou dizer-lhe isso...
Devia realmente aprender a lidar com o meu humor. Às vezes sou muito... irritável.
Um dia também...
(Raios, que mau hábito é este de adiar as coisas?!)
Não importa. Ninguém se queixa. Muito.
E falando de um dia...
Um dia ele vai perceber que sonha muito alto. E eu sou muito realista. Quando lhe disser a verdade, vai odiar-me por derrubar os seus sonhos, as suas ilusões. Mas eu vou-me sentir indiferente, porque eu não sou assim tão boa pessoa.
Pronto, está dito.
Mau humor falar... Ou talvez apenas aí seja realmente EU a falar. Sem me importar em ser boazinha para as pessoas.