segunda-feira, 30 de novembro de 2009

À velocidade da luz

Há uma semana atrás eu cheguei a casa, deitei-me na cama do meu quarto às escuras e chorei, chorei, chorei. Porque me sentia dolorosamente sozinha, porque nada fazia sentido, porque haviam nuvens carregadas que impediam o Sol de brilhar novamente.
Há precisamente uma semana atrás.
E então, era já de noite, estava eu em frente ao computador, feita um caco, e ela falou-me dele.
Sim, não esperava que fosse nada de especial. Mais expectativas que dariam em nada. Mais pó de estrelas que afinal era poeira.
Não foi verdade.
Tudo aconteceu muito depressa. Demasiado depressa. Tanto, que me custa crer que é verdade. Fui assaltada por sentimentos que não sei de onde vieram, caídos do céu no momento em que comecei a falar com ele. Foi há cinco dias. Apenas cinco dias!
E aqui estou eu. Hoje faltei a Educação Física para estar com ele. Tirando o frio, foi perfeito. Não parece verdade. Nós nessas ruas, abraçados... Que cena de sonho!
A forma como eu deixei aquela rodoviária hoje. Não pode ter passado só uma semana. Impossível. Foi como descer dos pólos aos trópicos numa hora.
Sinto-me apanhada no meio de uma teia de emoções tão fortes e inesperadas, que veio tão depressa e tão de súbito me envolveu, que o meu cérebro não o pode acompanhar. Ele está lá longe, do lado de fora, olha para mim e diz:
As tuas emoções não mentem, querida, estás apaixonada.
Aí eu pergunto: Como é possível? Conheço-o há cinco dias.
Então ele faria algo como encolher os ombros e, muito pragmaticamente, observa: Eu só falo acerca do que vejo e tu tens todos os sintomas. Queres explicações vais pedi-las ao coração.
Mas ele não sabe explicar. Ele não sabe nada de nada. Foi pescado e agora anda a deriva como um sonhador, arrastando-me com ele. Como que enfeitiçado. Isso esclareceria como foi tão rápido.
Apanhou-me tão completamente de surpresa, como sei que apanhou outros que viram. Não faz sentido, não houve um entretanto, não houve preparação psicológica. Assim que me sinto perdida e encontrada ao mesmo tempo, entre a realidade e o sonho, sem saber para onde ir, mas certa de onde quero chegar.
Como numa semana tanto pode ter mudado é realmente algo que me transcende. Mas ainda bem que assim foi. Talvez não me tivesse importado que fosse mais devagar. Talvez seja exactamente assim que tudo deva acontecer.
À velocidade da luz.
Rumo a ti.

domingo, 29 de novembro de 2009

Tu

Tu não tens noção que foste a melhor coisa que me aconteceu este ano.
Tu não sabes há que tempos não sorria assim, não me sentia bem assim.
Tu não imaginas como por vezes me apetece chorar de felicidade.
Eu pensava que o momento ainda não havia chegado. Que não era este o dia, que não era este o local. Tal como não o fora ontem e ontem e ontem. E tal como não seria amanhã e amanhã e amanhã.
Eu não sabia que podia ser assim.
Não fazia ideia, quando te olhei pela primeira vez, que seria assim. Que chegaríamos aqui. Eras um estranho. Eu estranho que ela conhecia, mas que eu nunca esperava conhecer.
Tu podes ver como estava enganada. E que doce engano!
Eu sempre soube que não sabia tudo. Mas nunca imaginei que soubesse tão pouco. Que pudesse ser apanhada tão de surpresa.
Tu não tens noção de como não estava à espera.
Tu não percebes como é a melhor das prendas, até mesmo ouvir-te cantar músicas pimba enquanto pomos sacos dentro de sacos.
Tu não vês como sorrio cada vez que leio uma mensagem tua, ou como o coração bate mais forte quando o telemóvel vibra.
Tu não imaginas como fiquei triste quando disseste que não ias e como congelei quando te vi.
Eu não sabia que podia ser assim. Que pudesses olhar para mim no autocarro e, quase um mês depois, ainda te lembrares o que tinha vestido.
Mas ainda bem que olhaste. Ainda bem que algo em mim chamou a tua atenção.
Tu não tens noção que foi a melhor coisa que me aconteceu este ano.
Tu...

...

Estou FELIZ

E nada mais preciso de dizer

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ser eu é apenas ser

Sinto que não consigo fazer nada. As emoções são tantas que simplesmente me vejo bloqueada entre um turbilhão de sentimentos velhos, novos, divinos, humanos e, acima de tudo, inesperados.
Deixemos a racionalidade para trás das costas, nada é conforme pensamos que possa ser. E eu crio expectativas suficientes para saber que nada bate certo; o que pode ser uma delícia… ou não.
Tenho realmente frio agora, e pergunto-me se é só da temperatura. Mas ainda está tudo bem. Genericamente falando. Dói-me a garganta e não gostei da resposta; não obstante, continuo a sentir-me bem na minha própria pele. Assim como o dissera na aula de Português. Apesar de que, depois de vários e vários se terem chegado à frente e aberto uma janela da sua alma para deixaram uma repressão voar, eu pensei para mim se não teria ainda algo para libertar. Não encontro o quê. Não agora. Ou bem, talvez pudesse apontar o nervosismo miudinho, a ansiedade, a fraca mas existente insegurança, aquele medo que sempre temos de que as coisas não resultem… Mas nada disso eu considero máscaras, não agora, não nestas proporções. Diria antes serem algo saudável sem o qual até as boas emoções perderiam parte de tudo aquilo que as torna únicas e inesquecíveis.
Sabia que iria acabar a falar da aula. A professora pediu uma reflexão e, embora tenha acabado de decidir que é este o texto que lhe chegará às mãos, não o escrevo para Português. Escrevo-o para o blog, escrevo-o para mim. Porque esta salada de emoções empurrou para um canto a literatura e agora somente consigo matar a minha sede de palavras com estas reflexões.
Assim que tenho que voltar atrás. Ao papel que… oh, sim, tenho de ir tirá-lo do bolso das calças… por coincidência ou destino – palavra importante da aula de hoje, e com igual importância pessoal – me calhou. Era a grande chave do momento, a mensagem, a meta para a qual me proponho a andar e da qual sinto estar mais próxima a cada dia deste ano tão marcante. Dizia:
Sê tu próprio
Tanto que diz tão pouco, que sinto ter bloqueado por falta do que dizer. Encontrá-lo com o olhar foi dar-me conta de que agora era verdade, e que antes não o fora. E estava bem, realmente bem até que a conversa caiu para a perda e para a saudade e eu não pude evitar, nem quis, que aquelas duas lágrimas sulcassem um rasto que não foi doloroso no meu rosto. Não tive vergonha de as mostrar. Sentia que não tinha nada a esconder, apesar de me sentir incapacitada para falar (e aqui não acho justo culpar somente a dor de garganta). Assim, que, no fundo, chegara lá. Porque se não havia nada a esconder, não tinha realmente nenhuma máscara. Eu própria. Simplesmente.
Não gosto de escrever no computador quando está frio. Os dedos ficam gelados, o corpo fica gelado… Mas o coração ainda está quente. Ainda há um sorriso de criança nos meus lábios. Maior agora, quando pensou na outra revelação da aula de Português. Sinto-me capaz de acreditar em mim e faço-o. É certo que os elogios têm um grande poder, mas não me deram nada de novo. Eu sei que já o sabia. Eu sei que já o acreditava. Assim que medo, só o da morte. Mas Ricardo Reis tem razão numa coisa: não devemos perder tempo a pensar nisso; antes aproveitar o presente e tudo o que ele tem para nos dar.
E o meu presente vem com a promessa de que lutarei para fazer tudo o que possa para o tornar melhor. As peças já estão todas lá, só falta montar o puzzle.
Aposto que tem uma imagem bonita.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Bem

Bruges, Bélgica


Hoje está Sol

Está tudo bem

Vem comigo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Promissor

Hoje foi uma tarde. Uma verdadeira tarde, não um conjunto vazio de horas gastas em frente ao computador, ou possivelmente a ler, ou, no caso mais improvável, a estudar.
Hoje, ela, minha querida amiga, ofereceu-me esta tarde. Apenas com um “vem e será algo novo”, a par com um “não te preocupes, não te perdes, eu indico-te o caminho”. E de facto não me perdi!
Na verdade, acho que me encontrei!!!
Assim, finalmente fui conhecer a escola dela, e fui arrastada para uma aula de teatro, e, sim, gostei. O estranho e novo e desconhecido que costumamos recear revelou-se em algo muito bom. E pronto, a partir daqui já não estou só a falar de teatro.
Pensar que foi uma viagem de autocarro completamente banal, ia eu ignorando que haviam olhos sobre mim…
Já não o ignoro de todo. Deus, pareço uma criança! Toda sorrisos, realmente nem sei há quanto tempo não me sentia assim. Que bom que há semanas alguém ia de olhos abertos no autocarro. Porque eu às vezes preciso de olhar duas vezes. Olhar hoje. Que bom que alguém se lembrava. Porque eu não o podia lembrar ainda. Lembro agora.
Eu e os autocarros temos uma ligação especial. Deve ser por isso que aparecem tantas vezes nos meus sonhos… Significavam mudança, não era?
Não tenho mais palavras. Não quero mais palavras, não aqui… Estúpida ansiedade de ouvir o telemóvel tocar! Realmente, eu sou assim. Não posso ter atenção e simpatia que me desfaço! É por sentir falta, diria. Espero que não mais…
Certo, eu tenho uma grande propensão para criar enormes expectativas e fazes grandes filmes, assim não levem muito a sério o que digo.
Ai ai… (Onde andas prima? Raptada por ETs? Ias adorar saber isto. Eu é que talvez não…)
Enfim, hoje vou-me deitar de bem com a vida e esperar por outra tarde que seja realmente uma tarde. Não a de amanhã, porque essa desconfio que vá ter um pouco de Psicologia a apimentar as coisas. Tudo para ter o sábado livre para voluntariado, porque como boa rapariga que sou vou dar no duro no armazém do Banco Alimentar Contra a Fome. E claro que vai ser um prazer! (Esperemos que sim, sim, seja mesmo se… e porque… sabes não é?)
E que mais? Oh, vou buscar a minha prenda de anos sexta à noite! O meu Macbook =D Está quase, quase nos dezassete, e realmente não sei o que vou fazer nesse dia, se e como comemoro, mas não importa. O presente presente nem custaria nada…
Sim, isto sou eu a divagar. Não vale a pena tentar pôr os pés no chão esta noite.
É verdade, também já me inscrevi para a viagem de finalistas a Ibiza. (Apenas algo completamente desconjuntado que me passou pela cabeça.)
Estou feliz. E a felicidade é ridícula. Sim, sim, sou ridícula. Mas a felicidade também é linda! (Certo, não liguem MESMO, isto não sou eu a falar.)
Acho melhor parar. Não estou psicologicamente apta para escrever coisas racionais. Assim, uma última coisa:
BRIGADA DU ;)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Inverno

Hoje senti que chegou realmente o frio. Arrepiando-me nas escadas, com a mão direita gelada por estar fora do bolso a mandar mensagens, eu senti que por fim tinha chegado o Inverno.
Não foi um mau pensamento. O Inverno tem coisas boas. O Inverno não é apenas o frio, apesar deste ser o principal motivo pelo qual não morro de amores por ele.
Inverno é…
Jogar às cartas com a família ao pé da lareira.
Ver um filme aconchegada em mantas.
Ouvir a chuva lá fora enquanto adormeço.

E colocar a roupa sobre o aquecedor.
Chegar ensopada nos dias em que chove.
Tremer de frio nas aulas.

Sim, nem tudo é bom. Depende de como o vemos. Eu estava a tentar ir por um bom caminho, mas quebraram-me o espírito. Assim, não gosto do Inverno. Gosto de casacos, cachecóis e botas. Não gosto do frio. Certo, incoerente. O problema simplesmente é que os casacos nunca bastam face ao frio, daí não gostar do Inverno. Excepto em casa, sob as mantas ou frente à lareira, onde não está frio.
Também não gosto do Inverno porque fico com os dedos congelados de escrever no computador…
Enfim. Não é que não gostar vá mudar alguma coisa.
Chegou. Fim da história.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Afogada

Se houvesse um adjectivo seria afogada.
Afogada na tua ausência. Afogada nas memórias reflectidas num qualquer rosto velho que vejo na rua. Afogada na certeza de que aquele jamais serás tu.
Sim, se pudesse pô-lo em palavras, seria assim. Afogada nas lágrimas que já só caem quando a angústia é grande demais para o suportar. Quando algo rompe a cálida monotonia do dia e trás as lembranças de ti.
Afogada, sim, na certeza de que o amanhã será igual a hoje. A noite cairá fria e ela virá ao meu quarto dar-me as boas noites com um voz fraca e frágil. Para ela, o Inverno começou em Junho, e não mais acabará.
Afogada, porque é a única palavra que pude encontrar. Talvez pelo frio; parece mentira que agora me sinta quente. O que não é nada. Sinto-me tão substancial como um fantasma, e certamente estou tão ausente do mundo como um.
Afogada pelo sufoco, pelo nó na garganta que não me deixa falar. Por olhar através do vidro e encontrar pontos luminosos brilhando na escuridão. Pela dor de cabeça, pelo enjoo. Pela sensação de rumar para o nada, nem para cima, nem para baixo, entre a colisão das correntes, à deriva...
Afogada entre as barulhentas ondas que falam entre si. Sentindo-me mal de todas as formas. Eu só quero chegar a casa. Eu só queria fechar os olhos e não os sentir molhados por lágrimas que sei que não irão cair.
Afogada porque estou sozinha. Afogada somente porque não há ninguém para me dar a mão e me salvar.
E afogada porque não estás aqui para, com um sorriso ou umas palavras brincalhonas, fazer o Sol brilhar por um momento.
















P.S. – 1 hora depois – Estava enganada.


P.S. – 2 horas depois – Sim, conseguiste, Du!

Ela

Ela quer escrever.
Literatura.
Ela tem um livro a 20%.
Outro a 0,5%.
E ainda um outro para rever e modificar.
Ela tem vários no baú.
À espera.
Não quer mais incompletos.
Era suposto ser um de cada vez.
Ela escreve no blogue.
Mas não é isto que ela quer escrever.
Ela não sabe qual escolher.
Esta noite, ela não quer nenhum.
Tal como não queria ontem.
E anteontem.
Talvez como não queira amanhã.
Ela não sabe o que fazer.
É tão difícil começar!
Ela quer escrever.
Sim, ela quer escrever.
Essa é a sua única certeza.
Mas nada chama o seu nome.
Está tudo mal!
O começado, o acabado…
É preciso mudar, aperfeiçoar.
E ela só queria escrever…
Criar do vazio.
Encher de negro o branco.
Queria sentir-se ela.
E acabou por descobrir,
Que nenhuma delas, são ela…

E tudo o que queria era continuar a escrever.

domingo, 22 de novembro de 2009

Assim...


Desconfortável

sábado, 21 de novembro de 2009

Déjà Vu

Encontrei-me aqui
A olhar para ti
O mundo inteiro ao redor
Mais uma na multidão
Pensava não fazer falta
Mais um grão de areia
Uma gota no mar
Eram lágrimas suspeitas
As que queriam cair
Era uma história desfeita
E contada outra vez
Não era presente
Mas passado, o meu
Não era naquele lugar
Mas noutra igual
Não eras tu
Mas eu. Eu
Era outro alguém
E não olhava para ti
Nem sequer para aqueles
No lugar de mim
Os olhos vidrados
A consciência quebrada
No fim da parada
E foi assim outra vez
Tão certo que doeu
Como lembrava que doía
Essa memória rebobinada
Não importe o que mude
Hoje, novamente
Aquele dia, antes meu
Agora teu
Porque no final
É sempre igual

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Recordação

Tinha uma ideia em mente. Ou nada em mente. Seria uma imagem. Mas não quero ter que escolher.
Lembrei-me. Fizeram-me lembrar.
Acordou a saudade. As memória tão vívidas do momento em que tudo ruiu. Para mim. Para ela. Para eles. Para ele.
Não, não é fácil. Ainda não o é. E talvez nunca o seja.
Há dias, muito dias ainda, em que ela vem com os olhos brilhante e uma expressão torturada no rosto. Como se tivesse chorado. Como se quisesse chorar.
Sei que o faz. E custa não poder fazer nada para mudar isso, a não ser abraçá-la e esperar que passe.
Mas nunca passa.
Às vezes ando na rua, cruzou-me com um homem e penso nele. Penso não só que é ele, mas que talvez o encontre casualmente na rua. Depois lembro-me que isso jamais poderá acontecer...
Há muito tempo que não chorava por ele. Mas depois de ler...
Sim, a vida é realmente injusta. Tão injusta. Fala-se do homem e da justiça que inutilmente tenta impor, mas mesmo no perfeito Estado justo, a morte segue sendo injusta.
Segue sendo um roubo.
Uma violação.
Uma pena capital.
Segue sendo o fim. E nós impotentes para o alterarmos.
Não era suposto ser assim. Para nenhuma de nós.
Simplesmente não o era.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Cansada. Perseguida. Lembrada.

Suponho não ter dormido o suficiente hoje. Os meus olhos estão húmidos, sinto-me gelada e desejosa de sair daqui. São 9:55 e estou na aula de Português. Quero muito ir lá para fora e sentar-me ao Sol. Se ao menos houvesse Sol…
Deveria analisar um poema. Alberto Caeiro. Mas não cola comigo, nenhum dos que estão no livro, pelo menos. Ele tem razão, muita razão. Mas que não posso deixar de pensar, por muito que sinta.
O problema foi o sonho…
Parei num poema e no fim diz: “E não teremos sonhos no nosso sono.”
Se ao menos eu pudesse para de pensar, nem que fosse enquanto durmo…
O toque está mesmo aí. Conto tudo depois, na aula de História.
Hoje não estou aqui. Filosofias a mais para a minha alma. Não hoje.

(…)

São oito e meia da noite. É exactamente isso, não houve oportunidade de escrever na aula de História. O que não significa que esta tenha sido interessante. Na verdade, eu estive todo o tempo lutando por manter os olhos abertos enquanto víamos um documentário sobre a Bauhaus. Foi realmente horrível, por eu tinha a sensação de que se fechasse os olhos por mais de cinco segundos adormeceria.
Não, continuava a não estar ali.
Também não o estava em Direito. A tarde já foi melhor, na escola, certo, mas sem aulas, e apesar de que a nossa sessão de cinema foi um completo fiasco. Mas bom, ainda passamos o filme, que não vi até ao fim, precisamente porque já o vira.
Mas era para falar sobre o sonho…
Quero contar, sim, mas nem sei com que palavras. Teve em parte a ver com ela – esse ela dos outros sonhos. E foi por culpa de andar a pensar no fim do ano. De alguma forma, o meu subconsciente magicou um cenário nem sei bem onde, no qual havia nomes – os nossos, os finalistas – e prendas. Qualquer coisa como eu quero felicitar a pessoa X, então deixo uma prenda no local do seu nome. (Sem dúvida uma ideia absurda que jamais me ocorreria desperta). O que é certo é que eu estava lá para descobrir o que me haviam deixado.
E é aqui que a coisa derrapa. Tragicamente de volta ao mesmo.
Não ia sozinha. A Catarina estava comigo, embora nem saiba porque, e mais outra pessoa, lá por acaso, calculo (ou talvez com a Catarina?). Não importa. Ambos se preocuparam e me perguntaram se estava tudo bem quando comecei a chorar. Obviamente que não o estava. Mas eu não conseguia explicar-lhes porquê.
Demasiado pessoal. Algo que só eu entenderia. Algo que mal recordava. Algo que só uma pessoa poderia ter feito.
Era duas telas pintadas à mão.
A segunda fez sentido então, encaixando como a primeira num realidade que era sonho, não verdade. Não acontecera o que lá estava. Era um reflexo da primeira, quase que um pagamento não hostil, marca por marca, amizade por amizade. Mas eu nunca parti o braço.
Mas a primeira sim. Essa fez correr as lágrimas, porque era verdade. Era uma memória, e o pensamento humedece-me os olhos. E nem sequer posso recordar esse dia. Apenas sei que a fizera cair há muitos anos e que ainda hoje tem a marca no joelho. Não era para ser um quadro artístico. Eram somente dois pares de pernas, uma delas com a calça subida e uma tira branca em volta do joelho ferido. Talvez houvesse mãos preocupadas, não sei.
O que sei foi que me quebrei em lágrimas. Não via aquilo como tendo implícito “tu fizeste-me isto”. Não.
Era uma amiga que nunca se chateou com a outra mesmo quando a fizera cair.
Amigas que mal se vêm, que há séculos como dias não se falam.
Não, ainda não lhe disse nada. Não sei se o espera e temo que nem o queira. Não o que lhe diria pelo menos – se o pudesse diz. Não me vim queixar tampouco. Apenas precisava de contar.
Apenas precisava de lembrar.
As crianças que um dia fomos…


terça-feira, 17 de novembro de 2009

Expectativa

Ok, agora estou chateada. Estava eu a imprimir o trabalho de História e a parva da impressora chegou à página 7 (e imprimia do fim, ao todo 17) e lembrou-se de começar de novo!
Enfim, enfim, já está…

Não, não vim falar de impressoras. Estava… pensando na Universidade.
Outra vez.
Sim, faltam dez meses. Sim, as probabilidades estão a meu favor. Muito a meu favor. Mas não deixo de pensas nos “ses”. Ou melhor, num só se.
E se não entrar?

Não gosto de indecisões. Odiava a dúvida: vou para quê? Foi realmente bom tomar uma decisão. E agora estou completamente nela. Sim, eu calculo que seja daquelas pessoas que leva o seu tempo a escolher, mas quando o faz é até ao fim. Não há volta atrás. Definitivo.
E o problema de ter um caminho fixo, é que não posso conceber que vá por outro lado. Se não entrar… bem, suponho que não haja mais nada que eu queira. Já não.

Hoje estávamos na aula de Área de Projecto, a tratar de tudo menos o projecto, e por alguma súbita consciência da proximidade do fim, todos se puseram a procurar cursos, e em que universidade há, e quais são as médias…
Pensei que era a única, ou das poucas vá, que estava perfeitamente segura.
E não obstante ser uma decisão recente, sim, estava segura para rejeitar cada opção que vi os outros procurarem. Foi estranho.
É como ter toda uma vida planeada e esperar a autorização para seguir em frente.
Excepto que, se a autorização não nos for dada, simplesmente paramos.
E realço que ainda faltam dez meses.

Realmente quero-o muito. Imagino-o demasiado. Suponho que esteja a ficar algo ansiosa. Não é essa a intenção, mas também, como não o estar?
Não estamos só a falar de mudar de escola.
Nem de colegas.
Ou de cidade.
Estamos a falar de mudar de vida.
E esta aparece-me como um sonho que nunca soube ter, mas que agora que está bem à minha frente vem a par com a certeza de que é isto que eu quero.
Não há dúvida. Não há incerteza.
A não ser a de não agarrar o sonho. Diz-me a lógica e os números que isso não vai acontecer. Mas nunca conseguimos dar por garantido aquilo que queremos mesmo antes que seja efectivamente nosso. Sempre tememos.
Enfim, expectativas.
Se o é assim agora, como será daqui a uns meses…

Não obstante, ela tem razão. Não podemos apressar o futuro, assim, vivamos o presente. E o presente de hoje até trouxe bons momentos, agradáveis visões…

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Tens algum segredo?

Vai na volta e acabo a falar sozinha

O fim-de-semana é a pedra no sapato se quero manter isto diário. Pois, não foi nada de especial. Nada de especial para escrever.
Alguma vez o é?
Oh, agora estou a ser má para comigo mesma. Enfim…
O que há a dizer, afinal de contas?
Bem, fui finalmente coagida a juntar-me ao Twitter. (Que bom que eu tinha já essa decisão em mente, isto de ser obrigada ia cair muito mal.)
Mais…
Tenho que acabar o trabalho de História para entregar dia 19.
Tenho que acabar o trabalho de Psicologia para entregar dia 19.
As tardes livres afinal não são assim tão livres…
Quarta-feira deveria haver cinema. Área de projecto e tal, mas lembrei-me subitamente esta manhã que ninguém voltou a colar os cartazes.
Realmente faz-me lembrar toda uma vida, tão planeada, e então falha o óbvio. Falha a rua e todas as direcções se trocam. Será assim comigo? Parece tudo tão bem planeado hoje… E quando chegar lá?
Podemos encontrar o caminho para o castelo, porque é grande e se destaca na paisagem, mas e o que fazer no labirinto de corredores que lá dentro encontramos?
Sim, pois, podemos navegar à deriva dentro de um barco. Quer seja um bote ou um paquete.
Definitivamente não era por aqui que queria vir. Mas essa é a beleza da escrita. Sempre sabemos como começa, mas nunca como acaba. É o elemento surpresa que a torna irresistível.
Lembrei-me agora que não falei da apresentação oral de Português, mas não importa muito. Estava nervosa como tudo, nem sei bem porquê. Não correu muito mal, tirando a história da dicção. Lá vamos nós treinar com a caneta na boca… ou não!
Enfim, já foram todos dormir. Sobra eu. Mas amanhã de manhã não há aulas e tal, então mais um hora ou duas a pé.
Não aqui. Por hoje chega. Há um episódio de House no computador que ainda não vi. Vamos dar um uso útil ao tempo. (Pois, útil!)
De qualquer forma, e ainda que, quem quer que vá ler, o faça amanhã, boa noite na mesma.

sábado, 14 de novembro de 2009

Diálogo com a Consciência

– Não é justo – disse-me a consciência.
– E o que é a Justiça? – perguntei eu.
– Se tu não sabes, eu também não – respondeu ela.
– Vamos perguntar ao subconsciente – sugeri.
– Ele sabe tanto quanto tu. Apenas dá mais importância ao que tu queres ignorar.
– Talvez eu saiba e não me lembre.
– Não, ninguém sabe.
– Não concordo.
– Claro que concordas. Sou a tua consciência, lembras-te? Custa-te é admitir que é verdade.
– A Justiça existe – declarei.
– Evidentemente que sim. No mundo das ideias.
– Então é uma ideia. Definível. Alguém tem de saber o que é.
– Oh, todos sabem o que é!
– Estás-te a contradizer um bocado, não?
– Não, nem por isso. Eu sou a consciência, eu sei onde te levará este raciocínio.
– Eu não, por isso começa a explicar.
– O mundo das ideias não é universal.
– Mundo é sinónimo de universo. É, de facto, o primeiro sinónimo que nos dá o Word.
– Esquece o Word. O mundo das ideias é individual. Cada um tem o seu. Assim como uma consciência.
– Assim como tu.
– Sim, como eu. E a ideia de justiça varia de mundo para mundo, de pessoa para pessoa.
– Mas então todos sabemos o que é a Justiça.
– Sabemos o que ela é para nós. Não para o Mundo.
– Mas supõem-se que essas ideias de Justiça partiram todas do mesmo conceito, certo?
– Sim, se tu assim o achas, eu tenho de concordar. É limitada a liberdade de uma consciência, sabes? Não posso verdadeiramente ter uma opinião diferente da que tu tens, só que às vezes nem te apercebes que tens.
– Então a resposta é sim.
– Partiremos desse pressuposto.
– Assim, esse conceito é a verdadeira noção de Justiça.
– Faz sentido.
– Ou seja, a origem.
– Sim.
– E alguém tem de o saber, não?
– Não. Por acaso sabemos a origem do mundo? Da espécie humana, com toda a certeza? Não. E continuamos aqui.
– Realmente não faz sentido nenhum. Tu confundes-me.
– Não, tu já estás confusa. Por isso eu não posso pensar claramente.
– O que importa afinal?
– Foste tu que colocaste a questão.
– Pois bem, desisto de encontrar a resposta. Apenas concordo contigo, é injusto.
– Sim. É pena que o resto do mundo não possa ver isso.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Decisão

Vou para Línguas e Estudos Editoriais.
Vou obrigatoriamente para Aveiro.
Está dito.
Está decidido.
Hoje e agora. Para o futuro.

Vá por onde vá, termino sempre aqui

Música...


Por razão nenhuma em especial.
Porque hoje não me lembro do que sonhei. Nem sei se sonhei.
Mas sonho é...

Saber
Olhar
Nas
Horas
Obscuras

E sonhar é música com imagens.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Destino & Autocarro

Catarina! Eu não disse que tinha sonhado que andávamos juntas de autocarro?
Logo hoje, que perfeito!
A culpa não foi minha, foi o Destino!
=)=)=)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Sim, pois

Sim, pois, Aveiro.
Sim, pois, Línguas, Literaturas e Culturas…
Ou Estudos Editoriais?
Sim, pois…

Sim, pois, deixar-vos para trás.
Sim, pois, custa…
A quem?
Sim, pois, custará com aqueles que pensei não custar,
Que pensei deixar com um adeus,
Um “Boa sorte, vemo-nos um dia!”
Sim, pois, custa menos aos que pensei custar mais.
Sim, pois, a vida mudou.
Sim, pois, já mudou…

Sim, pois, não sei.
Sim, quero, e sim, vou.
Sim, pois, vou ter saudades.
E sim, pois, faltam ainda tantos meses!
Mas sim, quero que venha.
E pois, sim, tenho medo.
E sim, coragem!

Sim, pois, família.
Sim, pois, pais e avó e irmã…
E sim, pois, prima, senão ai de mim!
Sim, pois, será diferente.
Mas, sim, quero-o, preciso-o.
Pois, sim, crescerei.
E, sim, sim, sim.

Sim, pois, tenho esperança,
De pois, sim, encontrar o que me falta
De, sim, escrever o meu romance,
A minha aventura,
A minha história.

Sim, pois, Universidade.
Sim, pois, adeus Algarve.
Sim, pois, olá independência… (?)
Sim, pois, olá responsabilidades…!
Sim, pois, olá futuro.

Sim, pois, eu.
Pois, eu.
Sim…
Pois…
Vida.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Mundo Fora de Nós

Consequence is waiting for you
Can you feel it up inside?
You show how much your father's part of you
Thinking, it makes no sense
Would it really make you turn away?
Would it really change your life?

There's a world outside of you
There's a world outside of you

Feelings locked inside this corridor
Could they make you chage your mind?
Feeling hope can seem so far away
Thinking, it's hard to find
Would you really let this go to waste?
Would it really change your life?

There's a world outside of you
There's a world outside of you
Well there's a world outside of you

Your gravity pulls you so far away
Thinking, how long will this last?
Nothing you take makes you feel all the best
It's too much, not enough, it's okay
You break out of this age

There's a world outside of you


The World Outside - Paloalto


Sim, há um mundo fora de nós. Mas por vezes custa encontrar a porta para sairmos de dentro de nós mesmos. Entretanto, é tão lindo esse mundo!

domingo, 8 de novembro de 2009

Sinto saudades do verde, do novo e do livre. De conhecer.


Bruges, Bélgica
9 de Outubro de 2008

sábado, 7 de novembro de 2009

Subconsciente

Vou desistir de pedir o que quer que seja. Por ser meu, não significa que seja controlado por mim. Foge ao consciente.
E foge erradamente à minha vontade.
Por isso sonho e sonho e sonho.
Para quê subconsciente? Remate da consciência que desejamos afundar no inconsciente, mas que acaba invariavelmente por navegar sem rumo nesse meio-termo, à espera de se afirmar na impotência da razão no sono.
Pois, e logo eu que raramente sonho com pessoas familiares. Parece perseguição.
Umas palavras… um convite?
Umas escadas metálicas.
Eu atrás dela. Ela outra vez!
Alguém – seu pai? – de quem se queria esconder…
Não sei, não sei.
Negro vazio, realidade rompendo o sonho. A voz da minha mãe gritando para a minha irmã na cozinha. Estava zangada, de muito mau humor. Não queria que mexesse mais o sofá para pôr o carregador da Nintendo… E foi tudo o que percebi antes de decidir que deveria voltar a dormir.
Espanha. Um mapa da aldeia da minha avó?
A Igreja. Não queríamos cruzar por ali. Porquê?
Um caminho alternativo…
Uma árvore.
Palavras no ar. A letra de uma canção…
Era o I Can Fly do esquema de Educação Física. “Gabriel”
E acordei.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Aula de Psicologia, conversas sobre? Por certo não Psicologia

Era para discutirmos relações precoces. Mãe e bebé, estão a ver? Se não estiverem, pois juntem-se. Lá no fundo da lista, depois do trabalho de Hist e do teste de Direito (mas ainda por cima do tpc de Hist, que tendo a esquecer) está o trabalho de Psico e as três páginas (sim, muito) que tenho que ler, a par com a pesquisa.
Isto porque na nossa bela aula de trabalho fizemos tudo menos o suposto. O que foi bem melhor, não é família Tavares? Até posso enumerar o quanto de psicológico houve nesta última hora e meia. Para começar, fui exercer, no rigoroso palavreado de Direito, o meu direito de voto nas eleições da AE. Depois, eu e a Daniela fomos visitar a secção de Psicologia da biblioteca e gastamos uns bons dez minutos, ou mais, para chegarmos à conclusão que o único livro de interesse estava na sala. De volta, nada na nossa mesa apanhava internet, o que foi um enorme incentivo ao trabalho, eheh. Mas não pensem que não fizemos nada! Uma dezena de linhas, se tanto, para introdução já é um balanço positivo.
E então acabámos a falar de livros e filmes de... vampiros! Lua Nova a estrear e tal, e a Catarina que deixa 90% do mundo adolescente feminino indignado por dizer que os actores não são perfeitos para os papéis!
E já que seguimos por este caminho, eu vou encarnar papel de publicitária e, para as fãs de Crepúsculo e afins, aviso que vai estrear este sábado na RTP1 a série The Vampire Diaries. Eu, que quando chegar a casa vou fazer o download do oitavo episódio (influências da Du) posso garantir que vale a pena. Até a minha mãe ficou adepta e vê comigo todas as semanas, no dia em que sai =D
Assim, divirtam-se! Eu vou começar esta tarde por História. E sim, vou parar logo que o download esteja completo e a minha mãe chegue a casa!!!

Baile

Foi um baile de início de ano, não o de finalistas que vamos organizar no final do ano. Tão tentador que, quando as bombinhas começaram a estalar e o alvoroço entupiu os corredores, eu larguei a fugir, ansiosa por sair dali...
Ia sozinha. Não importa todo o surrealismo, a tinta em madeixas castanhas nos cabelos delas, os papéis de história cobrindo o chão como uma carpete. Não importa nada disso. Importa que elas estavam lá. Importa que ela estava lá, realmente bonita num vestido azul-escuro acetinado, com uma só alça, subindo um complexo de escadas metálicas, para, quem sabe – eu não –, uma plataforma de desfile.
Importa que eu pedi para não sonhar com ela! E certamente não sonhar com ela olhando-me daquela forma, superior, indiferente. Estranha e fria.
Isso foi mesmo antes das partidas com as bombinhas de estalos. Assim, realmente porque fugi eu? E mais, de quem?
Queria deixar isto para trás. Convencer o meu inconsciente de que não mais quero saber dela. E quero? Digo que sim, e digo-o com confiança. Mas a voz fala pela razão.
Provavelmente só dou espaço ao coração quando estou a dormir. Por isso sonho...
Bem, sorte a minha que passo, literalmente, três quartos do dia acordada. E devia reduzir mais. Visto que, para sonhar, é porque dormi o suficiente.
E eu que pensava que gostava de sonhar...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Memórias


PS: OBRIGADA!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

De cabeça contra a parede da realidade. Porque não foi só um sonho.

As coisas não estão bem. Não, no fundo, ainda não está “tudo bem”. Isso faz de mim uma mentirosa todos os dias, não?

Cheguei a um momento em que preciso de parar e pensar na vida. Aqui, esta noite. Seriamente. Percebi-o quando me dei conta de que estava a ser tudo o que condeno quando me vi chateada por futilidades, porque quis ir às compras e não encontrei o que pretendia. E porque acabei satisfeita quando sempre cheguei a casa com sacos. Mas não, isso não me fez realmente mais feliz. Não resolveu nada.
Ainda há cabides vazios no armário…

Estava a sonhar quando acordei esta manhã. Na verdade, aconteceu algo incrivelmente estranho. Sendo o meu despertador a minha mãe, eu somente me lembro de me levantar e ir-me vestir, sem olhar ao relógio, com a simples noção de que está na hora. Como se ela tivesse ido lá acordar-me. E bem, foi. Mas eu não o recordo de todo. De qualquer forma, o importante aqui foi o sonho. Não me lembro de nada senão do fim. Nada absolutamente, a não ser que eu havia discutido com a Ana. E não foi nada bonito. No que ficou…

Estava à saída da escola. Ela deu-me costas e foi-se embora em direcção à mata; o seu caminho é pelo outro lado. Ela não vai para a rodoviária, ela vai a pé para casa. E não estava sozinha. Entre a nebulosidade da memória, eu penso que era outra amiga que deixei partir. Do nada, sem razão, sem sentido; ali estava como uma sombra do que voltava a acontecer. E, inexplicavelmente, eu sabia que o ano lectivo estava já no fim, e eu ia para fora do Algarve…
Então eu gritei algo como: “Não te esqueças de mudar o número de telemóvel, para depois eu não conseguir entrar em contacto contigo”.

Hoje não a vi. Não sei há quanto tempo não falamos para além do “Bom dia”. Bem, na verdade até sei. A última vez foi quando ela me puxou pelo braço e quis saber a minha versão da história sobre o trabalho de português e a confusão que eu arranjei intencionalmente quando o decidi fazer sozinha sem avisar. Custa, dói realmente, porque a “lesada”, chamemos-lhe, ainda que não esteja de graças comigo, fala-me bem, e há aquele caminhar para a normalidade nas viagens de autocarro. Mas a Ana não anda de autocarro. Eu falava-lhe nos intervalos. Agora não passo os intervalos com elas, e faço-o porque me sinto melhor assim. Mas essa estranheza, esse olhar como se fosse alguém indiferente, esse quase desprezo de cada vez que vou ter com elas… Como um estalo na cara com o recado “estás fora”. E não podem dizer que não tentei. Mas vê-los com o novo vício das cartas, olhar somente em silêncio, como se não estivesse ali; pior, como se não pertencesse ali, agora e nunca. Eu queria poder dizer isto a elas. Mas para quem me conhece bem, sabe que é engolir, calar e seguir em frente. E desta vez para longe.
Mas realmente que custa. E não é a primeira vez que sonho com ela. Há uns dias sonhei que vinha falar comigo. Nem sei porque, mas o simples facto de se lembrar que ainda existo… Eu nunca me esqueci dela. É aquela amiga de infância, do infantário, a que sempre ficou… Mas ainda amiga? Posso chamar isso?
………………………………………….
Sim, agora estou a chorar……………….
……………………………………………
Eu não acho que possa acabar isto. Ainda havia muita coisa de que eu queria falar, mas simplesmente ela… Eu supunha que era boa com as separações. Não me custou daquela outra vez, a outra que surgiu no sonho (que, por coincidência ou não, fez anos ontem e eu nem lhe dei os parabéns)… Não acredito que fosse custar tanto com o “trio do bus”. Mas ela… Desde criança…
Não sei se a culpa é minha. Mas, bolas, eu vou lá cumprimentá-la e mal me olha nos olhos certas vezes! Não tinha que me puxar pelo braço para falarmos, eu já me fui sentar à sua “mesa da batota”. E era como se lá não estivesse. Realmente não penso que faça falta. E no entanto, custa. Custa porque ela sabia. Ela era a única que sabia e que não devia recriminar-me por me afastar, porque eu lhe falara este Verão. Conversámos mais do que uma vez sobre quem nos amarrava, como devíamos abrir o círculo das amizades, de mudar. Ela parecia mais confiante em fazê-lo que eu. Mas resultou no contrário. Ela continua lá. Eu não. E ela não parece gostar disso. O que é tão, mas tão injusto!
……………
Secaram as lágrimas. Mas ainda dói. E dói mais por não conseguir ver mais do que uma queda progressiva para esta amizade. Ou que o resta dela, se é que é alguma coisa. Parecia que sim no Verão. Ela escutou-me quando eu precisei, ainda passamos umas boas tardes juntas, como era dantes…
Sinto frio, muito frio. E as lágrimas estão a vir. Já devia ter parado, isto está tão longo… Mas é como pôr um ponto final e deixar para lá. Fingir que acabou. Não. Apenas secarei as lágrimas, mas a mágoa continuará lá.
Esperando outro sonho para vir ao de cima…

P.S. Está é só uma razão porque não está tudo bem. Mas eu não quero mais pensar no resto hoje. Sinto a detonação perto. Não quero atiçar mais a chama. Amanhã vai haver um sorriso, haja o que houver. Apenas não outro sonho com ela, por favor.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Freud


28-Outubro-2009

O falado trabalho de História A
(sim, é claro que tem texto, uma biografia de Freud, dentro da porta, mais uns "apêndices" que colei depois)


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Cinzento

Cinzento é...
Respeito.

Cinzento é...
Esse espaço entre a luz e a escuridão.

Cinzento é...
O equilíbrio entre o bom e o mau.

Cinzento é...
Estar afastada da tristeza do negro, mas não próximo o suficiente da alegria do branco.

Mas cinzento também é...
Estar longe da morte e, simultaneamente, longe da vida.

P.S. Hoje estou de cinzento.

domingo, 1 de novembro de 2009

Blá blá blá de fim-de-semana

Pois sim, vou escrever. Que título? Ora tínhamos muito por onde escolher…

1. Literatura
Certo, já deixei as novidades. Agora chego à parte interessante em que se tem de ler tudo e nos damos de caras com gafes absolutamente absurdas que o bom do Word não corrige. “É de escrever muito depressa.” Sem dúvida que o pensamento é mais rápido que os dedos, mas de igual forma deveria ler o que escrevo. E bem, leio, o problema está quando depois de ler os erros ainda estão lá. Melhor técnica: vai buscar um copo de água à cozinha. Porque garantidamente vais precisar quando a garganta começar a ficar seca. E ainda temos o bónus de quando a mãe vem ao quarto com comentários do género “parece que estás a rezar”. Por certo que ler em voz alta não significa que toda a casa o oiça. De qualquer forma, é garantido que ler está na minha lista de prioridades para tempos livres (e às vezes acaba sobrepondo-se ao prazer que é a escola – hahaha). A questão é que com os livros em lista de espera não creio que vá rever coisa alguma nos próximos dias.

2. Halloween
E mortos vivos entrando pela esplanada da pizzaria, “aranhas” de três metros de altura passeando pelas ruas, e bruxas, e vampiros, e nós! As normais passeando acima e abaixo, rindo, rindo, comentando, e mais… É preciso pormenores? Não acho. Amigas e festa de rua diz tudo.

3. Psicologia
Pois é, mas nem tudo é festa. E como literalmente me descartei do estudo no sábado, hoje foi genética e cromossomas e ADN, mais cérebro e neurónios e não tarda os meus tiravam férias. É entediante ler aquele livro. Simplesmente não dá. É plasticidade para aqui, adaptação para lá, especialistas da não especialização… Vale-me a mim umas boas áreas pré-frontais e um genial hemisfério esquerdo. Memória e discurso. Em último caso, segunda é o dia em que não tenho aulas de manhã. Talvez pense em fazer o tpc de Direito (não, não, não! Desta vez, Não!). Fiquemo-nos pela Psicologia que ainda tem o seu quê de interesse, e mais teria se não houvesse testes ou trabalhos de grupo, mas não se pode ter tudo. E por falar em trabalhos, tenho de pensar em História. Será que não havia nada de menos motivante que a Implantação da República? Bem, sim havia, mas tenho que me conformar que não posso resolver todos os trabalhos de História com desenhos. O que nem seria mal pensado.

4. E depois de postar?
iPod espera-me. Mas realmente não faria mal uma pausa na leitura. A questão é: parar para fazer o quê? Está mais do que certo que se tanto tempo passo no computador é para escrever. E literatura está suspensa por um tempo, a favor da literatura lida. Genial, já não sei viver sem literatura! Há as conversas com amigas, mas isso é algo para se fazer ao mesmo tempo que algo mais. O quê? Que óptimo que nunca se vão acabar os livros no mundo. (É de noite, é que nem se considera estudar ou fazer trabalhos a esta hora.) Além do mais, tenho imaginação suficiente para me desenrascar sozinha se a biblioteca me falhar. Ou seja, escrever não é mera necessidade mas a única alternativa para matar o tempo de quem, agraciado de memória e inteligência, se aborrece de estudar, e está imune aos mundanos vícios de televisão ou de jogos.
Não haja dúvida que vou ler.