sábado, 31 de julho de 2010

O encanto de chegar ao fim do dia e sorrir

Preciso de um momento antes de começar isto.

Acho que agora sim. Há novidades. Mas já vos ocorreu destes momentos em que estão tão em paz com os novos acontecimentos da vossa vida que apenas aquele subtil sorriso denota a existência de algo que não estava lá antes; e não nos importa que os outros saibam, porque o aceitamos assim, mas não queremos chegar aqui e atirar tudo para fora, porque romperia essa tranquilidade de se ser como se é; talvez parecesse demonstração de orgulho, reclamação, ou vaidade, então nada dizer, porque está tudo bem assim.
Sim, de certeza que já vos ocorreu.
Percamos um momento do nosso dia a sorrir face ao desenrolar das horas desse mesmo dia. Percamos um momento a descobrir como aceitá-lo com tranquilidade torna tudo mais fácil. Não é resignação. Resignação não encerra paz. Simplesmente aceitação. Não podemos mudar o que já passou.
Sinto-me optimista hoje. Já devem ter reparado. É só que sinto-me bem.
Tinha um mau pressentimento de manhã. Acho que não vou fazer carreira nisto. Porque foi uma tarde agradável, e agradável é bom. Por vezes, agradável é exactamente aquilo que precisamos.
Para os curiosos, o telemóvel tocou efectivamente. Talvez tenha demorado o dobro do tempo. Mas definitivamente não foi porque havia reclamado.
Gosto da minha vida hoje, em todas as perspectivas, e isso faz-me sorrir. Há tantas coisas piores. Mas eu tenho uma família que, possivelmente não o faça crer muitas vezes, mas é tudo. Tenho o suficiente de amigos. De verdadeiros amigos. Rompem-se fundo muitas e velhas amizades a cada dia de verão que passa, mas é uma escolha. A minha mãe comentou hoje algo acerca da amizade ser uma árvore de fruto que tem de ser regada. Eu respondi-lhe que muitos dos frutos já estavam podres. Não tive dúvidas ou medo em repeti-lo. Muitas das árvores que me rodeavam davam frutos podres. Suponho que esteja na altura de cortá-las pela raiz. Tenciono plantar novas brevemente.
E o último do que me faz feliz, acredito no meu futuro, porque — vá, só um pouco de vaidade — me sinto reconhecida por aquilo que amo fazer. Talvez não tenha sido o ano para os primeiros prémios. Mas talvez os segundos lugares, os segundos degraus no topo da escada sejam um teste, um grito à modéstia e ao trabalho, um incentivo a ser mais e melhor. Afinal, o caminho certo é o do crescimento. Posso não ser pequenina, mas decididamente é muito cedo para ser gigante.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

(Farta de escolher títulos)

Há tempos que não punha uma fotografia...


A música marcou o hoje. Um CD e um livro. Uma tarde.
Bem, quase uma tarde.
Parabéns mana. Talvez daqui a uma semana leias isto.
Enfim, e as coisas são assim. Eu entretenho-me com piratagem porque a vida está cara.
Vá lá, quem não o faz. O CD saiu há dois dias e já estava na net. Não tenho culpa.
Também prefiro ter os livros nas prateleiras, mas não sou rica.
E pronto, aqui novamente. Por pouco tempo. Espera-me um filme. E foi alugado.
Eu tenho o mínimo respeito pelos direitos de autor. Só que às vezes...
Será que se eu reclamar novamente dele o telemóvel toca outra vez passado 20 minutos?
Seria simpático... Foi ele que fez o pseudo-convite.
Vou mas é largar isto e ir beber o Pisang Ambom que a minha mãe está prestes a preparar.
Boa noite.

Tudo okay

Hoje não parece que houvesse necessidade para tanto.
Tudo se encaminha.

terça-feira, 27 de julho de 2010

A observação do frustrado

Nem sei. Estou desapontada e mais do que um bocadinho chateada por todas estas burocracias e contas e números e sei lá mais o quê.
Só queria pôr o maldito livro no maldito site, mesmo que não ganhasse nada com isso.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Danger: desabafo íntimo

Vamos tentar outra vez. Desta vez a sério.
O meu nome é Raquel e estou farta desta música romantico-deprimente que me lembra que há dois dias que o meu telemóvel não toca. Apostei na filosofia "não me importo", mas não sei em que ponto entre a teoria e a prática é que fiquei. Às vezes recordo quando ele (o telemóvel, atenção) tocava, quando eu não queria passar uma hora agarrada a ele. Depois, penso em quando não via os minutos dessa hora passar. Por fim, quando essa hora deixou de existir.
Tudo sem nos vermos uma única vez.
Talvez a tua memória se gaste e se perca mais rápido que a minha. Não sei. Mas gostava de saber como me encaras. Gostava de saber se às vezes olhas para o telemóvel da mesma forma que eu. Eu não hesito em não dar notícias. Quero saber quanto tempo as esperas, ou se as esperas sequer. E então tu telefonaste e perguntaste porque eu não tinha dito mais nada. Bem, não posso ser sempre eu a dar notícias. Ponto final. Sei, foste tu. Mas serás tu outra vez. Ou isso, ou nada. É possível que ainda tenha expectativas suficientes para ficar desiludida com o nada, mas não quero saber. Já deixei tudo muito claro. Se não demonstro mais interesse é porque é reciproco. Estas são as cartas e estão na mesa. Hoje apetece-me ser directa e deitar tudo para fora. Devias ler isto, mas sei que não vais. Um dia eu disse-te que não queria que lesses o meu blog e, tanto quanto sei, respeitas isso. Mas talvez precisasses, só para teres um pouco mais de consciência acerca de mim. Acho que não a tens por inteiro. Afinal, nunca percebi o que fui, ou o que sou, ou o que esperas que seja. Talvez nem o saibas. É possível que te falte também um pouco de consciência de ti. E eu simplesmente não posso concertar isso.
Mas ainda estarei aqui quando decidires pegar no telefone.

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Foi um bom dia, mas sinto que as minhas pessoas andam desaparecidas. Ou sou eu?

sábado, 24 de julho de 2010

Ao Natural

Os meus pés descalços pisaram a relva molhada, e foi a melhor sensação do dia. No céu crepuscular, brilhavam apenas duas estralas solitárias, mas uma grande e redonda Lua como um rosto de bebé. A música vibrava no ar junto dos meus ouvidos. Calçar-me foi um toque quente e agradável acariciando as plantas do pés. Aqui dentro, o ar já não tem aquela nocturna frescura, mas o calor aconchegante subsiste onde piso.
Esta é a minha imagem de hoje. A sensação. O presente da Natureza quando por cinco minutos nos damos ao prazer de sair de casa.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Veremos amanhã

Dói-me a cabeça. Outra vez.
Quando vemos os 'até depois' transformarem-se em 'até nunca', o cérebro exerce esta pressão extra no crânio e parece que a corrente infinita de pensamentos na minha cabeça vai rebentar como um rastilho que chegou ao fim.
O meu rastilho está quase a chegar ao fim. Espero para ver quem sairá magoado da explosão. Como se não soubesse já.
Ah, amarga esperança. Vamos mas é escrever outra história, que esta só resultou até ao terceiro capítulo. Depois daí, é papel para queimar.
Amanhã, amanhã, amanhã. Amanhã veremos se sou eu que me engano e tu que te enganas. Ao menos só há falta de verdade com nós próprios. E eu já estou cansada disto — disto e de escrever coisas que ninguém entende, enrolando e enrolando aquilo que nem eu própria compreendo.
Preguiça e dores de cabeça à parte, está-se bem de férias no Algarve.
E eu era para continuar isto, mas assistam em directo à minha desistência de prolongar uma conversa que não vai levar a lado nenhum. Tento outra vez amanhã.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Só para dar sinal de vida - e de bom humor :)

Ok, vamos lá fazer isto. Com coragem porque eu estou cansada. Um bom cansaço :)
Resumidamente, eu tinha razão. Receber o bendito (cof cof) mail num dia em que eu já estava chateada poupou-me o humor no dia seguinte, que foi um BOM dia. E mereceu as maiúsculas. Hoje também, obviamente.
Não quero escrever muito. Não vou contar as coisas, não gosto de o fazer. Este não é um diário-resumo-do-dia; não gosto disso. O que se passou foi um dia com amigas e ponto final. Ah, e muito Sol. Estou um pouco vermelha, nada de grave, e podemos para por aqui. Estou realmente cansada. Tradução: muito pouco poética e ainda menos filosófica. Assim aguentem o realismo despido de estética. Ou vão dormir como eu em breve farei.
Amanhã há mais.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Bom dia, ham?

Não devias abrir o e-mail hoje, pensei. Há mais de uma semana que andava à espera da resposta da editora. Ah, como estás hoje, nada parece bem, tudo te irrita, nada te satisfaz, ah, como tem sido o dia de hoje, se tiver chegado uma resposta, será negativa.
Mas se tiver efectivamente chegado, continuará a ser negativa amanhã, boa? Assim mais vale estragar só um dia. Sentido faz. Eu estou-me a rir.
Ah, idiota. E não é que chegou mesmo? Sem ilusões... Negativa. E eu rio-me. Antes rir que chorar. Está lá quase.
É que estas respostas... Não são "não gostamos do seu livro". Acham mesmo? Isso seria uma resposta compreensível. Ok, afinal sou eu que não presto. Mas estas desculpas baratas de "não haver disponibilidade no nosso sobrecarregadíssimo plano de edições" são a pura da revolta. Oh, e só por acaso, eu também sei usar palavras com mais de sete silabas.
Sim, estou chateada. Tenho direito a isso. E não é pelo "não". E mesmo pelo ridículo da resposta. Esta foi a melhor até agora. (Suspiro) Claro que nada bate aquelas que nem sequer se digam a responder.
Ok, eu devia parar. Não quero insultar ninguém hoje. Para todos os efeitos, este não teria sido um bom dia. Eu já estava chateada. Poupa-se o amanhã. Afinal, estamos em crise.
Só é pena que ninguém se aperceba de que esta não é exclusivamente económica.

Palavras, levem-me

Dei voltas e voltas à cabeça, à procura de um bom começo, um tema que lançasse as palavras como folhas ao vento, mas há na minha razão um pesado manto trágico com o qual não quero cobrir o desabafo desta noite.
Não sou do género optimista, mas sou racional o suficiente para admitir que temos sempre de ver o lado positivo das coisas, ou não veremos de todo. Não sei que lado positivo procuro, ou onde o procuro, neste agora, marca o relógio 1:16. Talvez não procure nada. Talvez enfrente somente a realidade de que, por vezes, deixo fugir esta filosofia de vida de levar tudo com a mesma serenidade deste tranquilo momento em que me sento frente ao computador e largo simplesmente uma voz sem som, em palavras desenhadas frente aos vossos olhos. Queria ter este plácido sorriso durante mais tempo, mas sinto-me frequentemente governada por emoções que me fogem ao controlo, e o mar calmo revolta-se na intempestividade das minhas reacções. Mas isto de aceitar tudo como se nada fosse, não, não serei tão leviana assim, e prezo muito as emoções. Contudo, às vezes, vezes que desejava apagar, perco o controlo, perco a cabeça, deixo o sangue bater célere e a raiva comandar a razão, num lapso de mim própria. Recordo... Ricardo Reis. Ah, mas ele levava tudo ao extremo. Sempre me ficaram as palavras que diziam para nada termos nas mãos, pois quando nos pusessem o óbolo último, ao abrirem-nos as mão, nada cairia. Não, não sejamos tão levianos. Eu nunca concordei com ele. "Rather hurt than feel nothing at all" E no entanto, havia uma certa razão na sua filosofia, a aceitação, a tranquilidade, o carpe diem...
Não, não sei como acabei a falar da poesia de Fernando Pessoa. Parece que as palavras voaram mesmo como folhas ao vento. E sorrio porque, este ano, Português deixou uma marca em mim. E este é um dos motivos pelo qual sou apaixonada pela língua e pela literatura.

sábado, 17 de julho de 2010

Meio-Vazio

É esta estranha e súbita melancolia que me assalta no berço da noite. Esta languidez que arrasta e corrói quando a energia das convicções se esbateu na inércia de um subterfúgio desfeito. É o sentir que se perdeu algo na unicidade de um corpo que jamais foi completo e, no entanto, a consciência trágica de que a peça largada na incerteza dos sentimentos não era, no derradeiro final, a que iria completar esta existência. É o bailar das palavras que tentam expressar o desfalecer de uma esperança que caminhava com muletas e agora anda de cadeira de rodas, não obstante algo cá no fundo que diz que ela já foi morta e se aproxima o enterro. Ah, mas é o persistir de algo mais, a certeza que arranha a alma de que seremos menos, mas ainda seremos, e neste pequeno ser talvez esteja a grandiosidade do nosso futuro. Ah, é esse saber que dói, porque neste momento estar bem é cair na moleza do afirmar que não fez diferença, quando faz toda a diferença sabê-lo e ouvi-lo dizer. Mas a vida segue a mesma amanhã, não obstante as palavras atiradas sem respeito para metáforas que surgiram de repente de uma hipérbole emocional, sem que jamais fizessem sentido sequer para quem as escreveu. E quem hoje as escreve, no berço da noite, recusa os lençóis vazios e o prazer incauto de se dar a si próprio, porque não há mais paixão sequer que dê asas ao sonho de que em breve alguém o fará. Este roubo, esta usurpação de um caminho iluminado por lâmpadas que se vieram a descobrir fundidas, não é roubo mas restituição, porque o que não nos pertence acaba sempre por ser devolvido às teias do mundo, para de novo ser entregue à pessoa errada, até que um dia, esperemos, rezemos, alcance as mãos certas. Ah, doce ilusão de ser a metade cheia do copo.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Done

Era só para dizer que já me candidatei à universidade. Contra todas as expectativas, foi simples.
Até amanhã.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

30% Philosophy, 70% Reality

Creio... não ter compreendido bem a essência do mundo. A essência da vida. Ela é... como uma longa e passageira dor de cabeça, que vai e vem, com mais, menos força.
Não, isto não faz sentido nenhum. Uns minutos ao telefone mudam a perspectiva de uma pessoa, se for a pessoa certa. Tudo é possível na vida, se for a pessoa certa.
Mas não há pessoas certas. Não há a pessoa X. Não, há apenas a pessoa +X e a pessoa -X. Há o adequado, não o certo. Em tudo o que possamos falar, há somente o adequado, nunca o certo.
Continuam a insistir em deixar-me à espera. Acho que me posso considerar uma pessoa muito paciente, afinal de contas. Não foi só a editora e as suas meias-respostas-dizemos-lhe-mais-tarde. Houve este concurso cujos resultados eram para sair hoje, e eu estava realmente curiosa, embora convencida de que era estúpido ter as expectativas em alta e afinal... os resultados das categorias que TU concorreste saem mais tarde. Espera até 23. Espera até 30. Ok, não falta assim tanto, mas bolas! E porque é que tudo culmina a 23? Nem se dêem ao trabalho de pensar numa resposta.
E é assim. Deixemos as filosofias e os textos que ninguém-percebe-ninguém-comenta. Sejamos objectivos de novo. Sejamos fúteis. Ora deixem ver... fui ver o Sherek com a minha irmã. Mais "e viveram felizes para sempre", mas, atenção, só até se lembraram de ganharem mais dinheiro com outro filme. Também comprei aqueles headphones lindos que vi no outro dia só porque me apeteceu. Sim, só porque me apeteceu. (Ok, precisava. Ok, eram bonitos. Mas fiquemos com o só porque me apeteceu.) Acho que só estou a contar isto porque a minha BF não está on-line e eu preciso de "falar" com alguém. Fútil...? Não. Inútil? De certeza. Mas a vida é assim.
Afinal também não me candidatei hoje a universidade. A questão do cinema e tal... De amanhã não passa. E não é que um dia vá mudar alguma coisa. Já referi o quão decidida estou.
Hoje a minha professora de História ligou-me a dar os parabéns pelo 19. Não estava nada, nada, nada à espera. Foi estranho e, simultaneamente, gratificante. Enfim. Quando não procuramos o reconhecimento é que ele aparece. E esta vai ser a minha contribuição filosófica de hoje.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

The Big Step

Já tenho o papel em cima da secretária. Não sei quão necessário é, mas se o pediram...
Só tem as notas dos exames. Eu queria saber a minha média. Não sei as notas certas das disciplinas do 11.º. Não me apetece ir à procura dos papéis.
A minha mãe já anda a reunir documentos para a bolsa. Parece tudo tão certo e iminente. Ainda só estamos em Julho. Quando soube as minhas notas e me ligou a dar os parabéns, a minha tia disse que podia começar a fazer as malas.
Não sei bem o que isso significa. Mas o papel já está em cima da minha secretária.
Amanhã à tarde, vou ligar o computador e candidatar-me à universidade. Ainda não sei se ponha somente a minha única opção. Parece arrogante. Parece-me dá-lo por certo, e por isso descartar precipitadamente alternativas. Mas os números falam por si. E qualquer outra opção que eu coloque NÃO É o que eu quero.
Eu quero Línguas e Estudos Editoriais, na Universidade de Aveiro. Tal como decidi há meses atrás.
Não, não mudei de ideias. Não, não vou mudar. Sei quando uma decisão minha é definitiva. Soube desde o momento que o disse que o era.
E amanhã é isso que vou colocar na minha candidatura.

P.S. AH, afinal a minha média do secundário vinha no dito papel, eu é que não a vi xD. 18,6. Tudo certo.

Day Off

Foi bom sair de casa, passear, conversar.
Tenho dito.

PS: devia começar a escrever antes da meia-noite

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Esperar por esperar

Tenho dito... qualquer coisa que ninguém entende. Que mais será hoje?
Ah, gente, se soubessem como é facil o difícil. Mas nós tínhamos de arranjar uma palavra para definir o que é menos fácil, embora ainda fácil.
Deixemo-nos de rodeios. O futuro abriu-se hoje. E eu também deveria ter recebido um e-mail hoje. Mas já disse como as pessoas não sabem cumprir prazos. Da última vez valeu a pena. Esperemos. Rezemos se sois crentes.
Queria dizer que não importa para nada. Mas importa para tudo. Há pessoas e pessoas no mundo. As primeiras não são ninguém, não nos dizem nada, não nos influenciam em nada. As segundas até podem ser completos estranhos, sem rosto, sem nome, mas mexem na nossa vida das formas mais variadas e que, por vezes, nem sempre são do nosso agrado.
Se eles mexerem agora na minha, será pelo bem. Que assim seja. Por favor.
Mas esta espera... Outra espera para juntar ao rol, se bem que, esperas sobrepostas são como uma só, que embora custe mais a passar, é, numa visão racional, um gasto mais sensato do tempo. E no entanto, acaba uma, começa outra, e eu sempre com aquela sensação de que vivo à espera de algo.
Devíamos destruir os relógios. Queimar os calendários. Parar de contar o tempo.
Ah, mas talvez isso só tornasse as coisas mais difíceis.
Apesar de tudo, nós gostamos de esperar. Se pudermos saber quanto tempo teremos de o fazer. Se pudermos contar cada segundo dessa espera. Para que no final possamos sorrir, e começar tudo outra vez.

Dia n-ã-o

Quero.
Não quero.
Quero-te.
Não sei. Não sei. N-ã-o sei.
O dia não correu bem. Ponto final. Eu escrevo coisas que ninguém percebe. Nem eu às vezes percebo. As palavras vêm e eu atiro-as para aqui. Ficam como caem. Não lhes toco. Não as explico.
Os sonhos não têm explicação. A vida é um sonho. Cada um que interprete como queira. Cada um que interprete isto como queira. Se achas que percebes, eu digo-te: não percebes. Então não queiras que to diga. Não queiras que to explique. Sentir-te-ás melhor sem saber. Ou achando que sabes.
Pensei que só ia escrever três linhas. Pensei que seria breve. Mas preciso disto. Preciso de escrever como preciso de respirar. Faz-me sentir leve. Faz-me sentir que deixei partir o que não era suposto que cá ficasse.
Não sei o que é suposto que cá fique. Gostava que ficasses.
Não sei. Não sei. N-ã-o sei.
Não, o dia não correu bem. Estava impertinente. Talvez ainda esteja. Talvez o seja. Talvez, talvez, talvez! Para onde foram as certezas deste mundo? Para onde foras as minhas certezas? Talvez nunca tenhamos a certeza de nada. Talvez... outra vez.
Já chega.

sábado, 10 de julho de 2010

Momento suspenso no tempo

O relógio parou. Não sei quando o relógio parou.
As estrelas não se movem no céu. Não houve nuvens o dia todo. Não houve sequer um dia todo.
Houve um momento, um longo e imutável momento, que assim que acaba, começa de novo.
Houve uma noite má. Houve lágrimas de fúria e frustração.
Alguma vez ouviram aquele ditado: "se achas que és pequeno demais para fazer a diferença, tenta dormir num quarto com um mosquito"? Eu sei-o. Literalmente. E não tem piada.
Não houve manhã. Já não há brisa fresca ao entardecer. As disposições declinam, esmorecem, compadecem-se.
Três cadeiras. Três livros. Três histórias.
Tenho ainda marcas no corpo. Eu nunca ficava com marcas no corpo. Mas é o ódio e o desprezo que vejo. É a rejeição.
É a falta do teu tempo. Das tuas palavras.
É esta espera interminável de dias fluídos com noites num único momento de desespero por algo para fazer, por algo que ocupe um pensamento gritante angustiado por não poder saltar cá fora. Falar, simplesmente falar com significado.
Estas conversas de dentro de casa são palavras atiradas ao ar para calar perguntas que não precisavam de ser feitas. Eu não sei o que há de errado aqui. Enganem-se se acham que há algo de errado aqui.
Sê-lo-ia em qualquer canto solitário do mundo. O erro vem nas costas das minhas mãos, na comichão fantasma que me corrói a pele. O erro vem na espera que se arrasta comigo. Ou que me arrasta com ela.
Nada. Não sobra nada. Mas não falta tudo. Apenas uma voz que rompa o hipnotismo em que caiu o meu tempo. O meu momento suspenso.
E esta injustiça que é queixar-me...
Por muito que tentasse, nunca senti que conseguisse ser uma pessoa realmente justa, de qualquer das formas. Mas tu nem sabes.
Não, ninguém sabe o peso que tem uma consciência senão aquele que a carrega.
Não sinto a cabeça leve. Sinto antes uma pressão dolorosa nas têmporas, que grita que os meus olhos precisam urgentemente que acabe com isto. Ou vão ceder novamente.
Ainda me apetece arrancar-me a pele.
Ainda me apetece arrancá-la toda.
Se for psicológico, talvez me convença que um beijo teu curá-lo-ia.
Ah, mas tu não existes neste momento suspenso no tempo. E eu acabaria por ficar sem pele enquanto espero por ti.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Olhar-me de frente

O ar frio da ventoinha vai e vem, vai e vem. A janela está aberta. A janela está sempre aberta.
O telemóvel só tocou uma vez hoje. Não chegou o e-mail que devia chegar. As pessoas não sabem cumprir prazos.
Levanto o olhar e o espelho olha-me de frente. Não me sinto observada. Nem todos conseguem olhar-se de frente. A espera é longa e os subterfúgios tentadores. As desculpas revestem o chão que pisamos. As mentiras voam à nossa frente como correntes abafadas que já sufocaram uma ou duas vidas. E as palavras, ah, as palavras, são o único presente eterno que o homem deu ao mundo. Mesmo quando tudo tiver destruído, mesmo quando todas as existências cessem, a palavra permanece e ela é "nada".
Estes desvarios são momentos doces de lágrimas nos olhos e sorriso nos lábios. São tranquilidade satisfeita a comprazer-se dos segundos ainda não devorados da insatisfação que já anunciou a sua chegada desde o instante em que nascemos.
Hoje estou aqui para não dizer nada do que queiram ouvir. Estou aqui somente para assinalar presença. Foi um grande dia, com as mesmas vinte e quatro horas de todos os outros. Porque os grandes dias são como as noites escuras, iguais a todos os outros, excepto na subjectiva percepção de quem os olha.
Então por estar aqui, que maior atenção merecem as minhas palavras, também iguais a todas as outras, mas jogadas para cima do tabuleiro de jogo por umas mãos diferentes de todas as outras; sim, que maior atenção mereço? Tu decides. És tu quem continua a ler. E não vais parar agora porque estou quase no fim.
Não sei. Não sei. Diz-me tu porque lês isto. Eu encaro o reflexo de frente e ele concorda comigo. Isto não é para ti, é para mim. Mas podemos sempre partilhar, não é assim?

quinta-feira, 8 de julho de 2010

E é assim digam o que disserem

Eu devia estar seriamente preocupada com o rumo que os meus pensamentos andam a ter durante certos momentos, quer acordada ou a dormir. Para variar tive outro daqueles sonhos. Vocês sabem, qualquer coisa que viole a minha integridade física. Devia começar a ficar assustada? É que por este andar começo a pensar que alguma catástrofe se está a avizinhar. Pensamentos sobre morte já não faltam e não, não era nada disto que eu queria vir para aqui escrever, mas agora saiu. Anyway, não é como se estivesse realmente preocupada e a entrar em paranóia. Foram pensamentos... ausentes? Como é que eu hei de explicar isto? Sem sentimentos. Onde me sentia indiferente em relação a esta suposições "e se eu...?". Foi estranho.
Sim, já foi cientificamente comprovado que eu não sou normal. Vocês todos assinaram como testemunhas. Mais não seja, viram, ontem, que é genético. O meu caso é somente mais... subtil.

Ok, vamos falar de coisas mais normais. Hoje fui ver as notas dos exames nacionais. Tive 17 a Português (hum, estava com esperança de um bocadinho mais, visto que será a prova de ingresso e tal, mas fez realmente diferença? com a minha média não) e, surpresa das surpresa, 19 a História — isto sim deixou-me orgulhosa.
Portanto, secundário completo, e bem completo, agora é pensar nos papéis para a Universidade. Agrada-me estar convicta. Estar decidida. Ainda penso se devo preencher mais uma ou duas opções, mas nem sei o que poria. A minha média é à volta de 18. E depois acontece que me dizem coisas deste género:
"Vais desperdiçar a tua média num curso de 12?"
Bem, sim, parece que sim. E não acho que seja desperdício nenhum se for — e é — o que eu gosto. E assim ao menos sei que entro. Portanto, lamento muito, mas eu vou deixar mesmo o Algarve.
E é tudo por hoje.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Hoje vou dar a palavra à minha irmã

Para quem não conhece, ela chama-se Miriam, tem dez anos (e onze meses) e hoje vai escrever no meu lugar. Porquê? Não faço ideia. Decidiu que hoje era uma boa noite para ficar acordada até mais tarde no meu quarto e estava já a reclamar por me ver a passear nos blogs dos outros.
Assim, pronto, hoje falas tu, mana.
(E cuidado com o que vais dizer. Eu sei que já não há censura em Portugal, mas aqui entre nós não há ninguém a ver.)

Vamos fazer assim, classificar tudo por pontos. (E cá entre nós, se o Salazar censurasse isto, eu pregava-lhe um murro na fronha e ficava a ver vaquinhas a dizer: "Cuidado Salazar não sabes com quem te meteste!")
1º — Na noite de ontem ribombaram trovões, relâmpagos e choveu a potes, que é uma coisa extraordinariamente parva no Verão, mas, macacos me mordam, a minha irmã não ouviu nem um único trovãozinho!
2º — Esta tarde, eu, a minha irmã e a minha mão fomos ao Centro de Ciência Viva em Faro. Foi engraçado porque havia um simulador de sismos, e eu fui lá para cima experimentar. Já era a segunda vez que sentia um tremor de terra (o primeiro foi de verdade, e, surpresa das surpresas, a minha irmã, que estava a dormir que nem uma pedra, também não deu por nada).
3º — Já esta noite, houve um episódio um bocado cómico. Eu molhei a minha irmã com a água da rega e ela molhou-me também. Resultado da batalha aquática: duas gatas pingadas!
4º — Ah, é verdade a minha irmã tentou embebedar-me com Bongo de morango e Pisang Ambon, uma mistura bastante sugestiva (não havia sumo de laranja em casa). Apesar de dizerem que eu ainda devo parecer pior bêbada (visto que o meu estado natural já é um bocado alterado — a minha prima diria maluca da cabeça, mas pronto) acho que se enganaram.

P.S. O simulador de sismos causou dor de cabeça à minha mãe e ela deu esta justificação: "estou assim porque tenho cérebro e vocês não". Ou qualquer coisa do género. (Cá para mim foi por causa que o cérebro dela não funciona muito bem e por isso não aguenta grandes pressões xD)
P.S. Podem comentar que eu sou maluca. Já o sei.

Eu concordo!!!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Calor... NÃAAAO

Não gosto do Verão.
Na verdade, não gosto é do calor. Tenho a certeza que devo ter escrito algo do género no Verão passado, e mais do que uma vez.
Não gosto do ar abafado, do sufoco, do suor a escorrer pelo corpo. Não. Não. NÃO.
Tive uma hora agradável hoje e foi há dez minutos na rua a brincar com a água da rega.
Assim, não contem a ninguém que sou algarvia.
Quero um pouco de frio, por favor.

domingo, 4 de julho de 2010

Depois de uma noite sem dormir...

Apetece-me dizer que este Verão finalmente está a ter aquele gostinho de férias...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Planos para depois

Estava a pensar... não sei em que estava a pensar. Era uma e meia da manhã e eu simplesmente lembrei-me disto. Não tive nenhuma conversa relacionada. Não pensei na questão antes.
A ideia somente nasceu, como se a semente já lá tivesse sido plantada há muito tempo e tivesse simplesmente irrompido.
É certo que ando a pensar muito no futuro. Pergunta-me sobre como vai ser a minha vida depois de tirar o curso de Línguas e Estudos Editoriais. A minha mãe preocupa-se com a ausência de emprego.
Eu somente percebi que gostava de fazer mais do que trabalhar para os outros. Quero dizer, mais do que trabalhar para patrões, embora, sim, o tencione fazer, pelo menos inicialmente. Mas e se não o conseguir, eu tenho ideias.
E tenho já uma boa experiência para dizer que as editoras não são as melhores amigas dos escritores. Assim como tenho conhecimento de muito jovens que escrevem e que gostavam de mostrar aos outros o seu trabalho. Ok, as editoras não querem correr riscos. Mas talvez os escritores queiram. O único grande problema é a distribuição. As livrarias geralmente só trabalham como editoras.
Eu gostava de mudar isso. Dar um passo em frente e ser a intermediária. Fazer revisão de texto. Formatação. Contactar gráficas. E fazer as edições de autor chegar às livrarias.
Sim, eu gostava de fazer isso.
Honestamente, as editoras só fazem o escritor perder dinheiro. E nem sempre são a custo zero. Às vezes, se tivermos os meios certos para correr os riscos...
Sim, eu gostava realmente de fazer isto.
Quando acabar o curso, sim, quando acabar. Sabe bem ter uma ideia. Sabe bem ter um plano. Tomar as rédeas do nosso futuro. Sonhar.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Hobbie

Já sentia saudades de enterrar as mãos numa caixa cheia de peças de puzzle.