segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Continua...


Continua cá quando ele já não está...

Porque umas coisas vão e outras permanecem. Aqui, ele vive. No que deixou para nós ele vive. E viverá para sempre, sofrendo com tempo, mas todavia permanecendo.

À Procura de Anjos

Going through this life looking for angels
People passing by looking for angels

Walk this world alone try to stay on my feet

Sometimes crawl, fall, but I stand up cause I'm afraid to sleep
And open my eyes to a new day, with all new problems 4. and all new pain
All the faces are filled with so much anger
Losing our dignity and hope from fear of danger
After all the wars, after settling the scores, at the break of dawn we will be deaf to the answers


There's so much bigotry, misunderstanding and fear
With eyes squinted and fists clinched we reach out for what is dear
We want it we want
We want a reason to live
We're on a pilgrimage
A crusade for hope
Cause in our hearts and minds and souls we know
We need it we need
We need more than this

Going through this life looking for angels
People passing by looking for angels

Walking down the streets looking for angels
Everyone I meet looking for angels

So many nations with so many hungry people
So many homeless scrounging around for dirty needles
On the rise, teen suicide, when we will realize
we've been desensitized by the lies of the world
We're oppressed and impressed by the greedy
Whose hands squeeze the life out of the needy
When will we learn that wars, threats, and regrets are the Cause and effect of living in fear

Who can help protect the innocence of our children
Stolen on the internet with images they can't forget
We want it we want
We want a reason to live
We represent a generation that wants to turn back a nation
To let love be our light and salvation
We need it we need
We need more than this

Going through this life looking for angels
People passing by looking for angels

Walking down the streets looking for angels
Everyone I meet looking for angels

I became a savior to some kids I'll never meet
Sent a check in the mail to buy them something to eat
What will you do to make a difference, to make a change?

What will you do to help someone along the way?
Just a touch, a smile as you turn the other cheek
Pray for your enemies, humble yourself, love's staring back at me
In the midst of the most painful faces
Angels show up in the strangest of places


Looking For Angels - Skillet

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Tudo o que me mantém viva

Respirar mantém-nos vivos. O bater ritmado do nosso coração mantém-nos vivos. Beber e comer mantém-nos vivos. Mas chega?
Não.
Pensar mantém-nos vivos. Falar e ouvir. Música! A música mantém-me viva, como sangue novo a correr pelas minhas veias; sangue quente e vibrante, que contagia o meu ser, que hipnotiza a minha mente. Uma mente que se cansa e desmaia sem sangue novo, sem uma melodia nova, uma letra nova. Um corpo que morre sem esse sangue, sem essa música. No fundo, palavras cantadas.
Palavras. Elas são o ar que respiro. Inspirando livros, filmes, histórias, contos, tudo o que se possa ler ou ver e que retrate vidas, reais ou não. E então expirando mais livros, mais histórias, estas nascendo de dentro de mim, longas linhas de pura imaginação, vidas fantasiadas neste sonho acordado. No fundo, sempre palavras. Lidas, inspiradas; escritas, expiradas. Esse contínuo movimento de respiração, tão familiar, mas um ar peculiar, com partículas de letras no lugar do oxigénio.
Temos coração e temos pulmões. Estou viva. E mais? O que equivale à comida e à bebida?
A vida. Eu alimento-me do mundo real, dos sonhos, dos afectos, do amor e do ódio, da esperança e do desespero. De cada gesto, de cada olhar, de cada som. Porque palavras não fazem descrições se jamais tivermos olhado o mundo, se jamais tivermos escutado o que ele nos diz. E de pessoas, no fundo, acabo alimentando-me de pessoas, tão iguais e tão diferentes de mim.
Então, além de sangue de música e ar de palavras, o que me mantém viva é simplesmente viver. Ouvindo cantar histórias. E escrevendo a minha própria história.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Beleza Mata

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Furiosa

Não, outra vez não. Odeio o pensamento forte, frio e quente, mortífero. Odeio a vontade, a vontade cruel de me voltar contra mim. Deixar a fúria sair no sentido errado. Porquê? Como? As mãos fecham-se em punhos, garras que se cravam na pele. Como é difícil mantê-las abertas. O pensamento vem veloz, mais que rápido que as minhas mãos podem acompanhar. As palavras ficam com letras trocadas, não faz sentido, não faz sentido. Então paro, mas não acabou. Continua cá. Tremo. A música ecoa bem alto na minha cabeça. Não parece alto o suficiente. Ainda não dói. Devia. Tem de. Idiota! Idiota! Deixem-me praguejar! Eu vou publicar isto, o meu pedido desculpa para quem o ler. Preciso de o escrever. Tenho de fazer algo, rápido, ocupada, despejar os pensamentos, descoordenados, azar! Por uma vez que não faça sentido… Disparate! Eu nunca fiz sentido. E isto sou eu. Chateada. Irritada. Furiosa. Cruel, para comigo, sempre para comigo. A tentar remediar-me. Eu sei o que faria antes, eu sei o que desejava fazer agora. Deixar marca. Marcar-ME! Não, não, não! Bem, já fui crucificada! Não há lágrimas, não vai haver. Demasiado furiosa para isso. “Sai, sai!” Porque não percebe ela? Não estava aqui! Eu disse, eu disse! Mas tinha de vir outra vez! A primeira bastava, a primeira bastava! Que duvide de mim?! Eu tinha razão! Não estava aqui… Cega! Será que não vê o que me faz? Custava muito sair quando lhe pedi?
Suspiro… suspiro… Acho que me vai doer a cabeça. Baixo o som. Os meus dedos estão lentos, tão lentos clicando no teclado… Suaves. Acabou a chama? Acabou a fúria? Inspiro fundo… deixo ir… já passou? Está a passar. Contive-me. Não há alegria nisso. Ao menos não magoei ninguém. Como se fosse magoar alguém! Fisicamente pelo menos… só eu. Escrever realmente ajuda. Fez-se um milagre! Mas continuo a não querer falar com ninguém, a não querer ver ninguém. Se alguém entrar por aquela porta, o fogo reacende. Esperemos que não. Por hoje, chega para mim.

Beleza Cansada

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Dor

You're sick of feeling down
You're not the only one
I'll take you by the hand
And I'll show you a world that you can understand
This life is filled with hurt
When happiness doesn't work
Trust me and take my hand
When the lights go out you will understand

Pain, without love
Pain, I can't get enough
Pain, I like rough
'CAUSE I'D RATHER FEEL PAIN
THAN NOTHING AT ALL

Pain - Three Days Grece


Ontem, enquanto conversava com uma amiga (uma discussão muito interessante por sinal) cheguei a uma conclusão um tanto quanto perturbadora e aliviante em simultâneo.
Há dois tipos de pessoas no mundo: as que preferem a dor ao vazio da não-sensação (e não-existência) e as que preferem esse mesmo vazio do que a dor.
A sorte dos que, como eu, pertencem ao primeiro grupo é que há um limite de dor suportável a partir do qual passamos a desejar o vazio.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Obrigada

Engraçado como as únicas três pessoas a quem eu posso contar tudo são as únicas três a quem provavelmente não teria de dizer nada, porque lêem directamente os meus pensamentos aqui escritos, dia após dia, todos os dias. Talvez não sejam a únicas que sabem, para além de estranhos que cá vêm parar por acaso, mas são as únicas que eu sei – e que eu sei que lêem.
A diferença entre um diário é um blog é muito simples: os diários são hipócritas. Trancados a sete chaves, quem os escreve está sempre à espera que alguém os leia. Pode irritar-se se isso acontece, pode gritar e protestar, mas no fundo não escrevia todas aquelas palavras para si próprio. Um verdadeiro segredo, algo que não queremos que ninguém saiba, nunca nos vamos arriscar a deixar escrito, mesmo que fechado a cadeado. Um blog é sincero: escrevemos pensando que algum vai ler, é certo, mas nunca sabemos realmente quem é essa pessoa. É uma partilha anónima. E se pensarmos bem, se não dermos o site a ninguém, qual é a probabilidade de alguém que nos conheça vá lá parar? Estranhos do outro lado do mundo bem que podem ler, talvez aprendam algo, talvez se riam, talvez se sintam identificados. Para nós, acaba por ser indiferente.
Já escrevi em diários. Eram segredo, mas não tinham chave.
Depois descobri isto. Quem eu quero lê. Quem eu não quero… Há realmente alguém que eu não quero? Decidi que não há nada a esconder. E quem importa realmente, lê. Cada palavra. Torna-as maiores, porque já não são apenas minhas.
Para esses três corações, obrigada! Adoro-vos.

sábado, 22 de agosto de 2009

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Ser Humana

Hoje, sinto-me humana. Em todos os sentidos, humana: simples e prática, emocional e material. Feliz. Estranho, ham? Sentir-me cheia, completa, realizada: feliz. Por todos os motivos e por nenhum em especial. Humana e mulher. Claro! Não sejamos hipócritas, que melhor para elevar o humor de uma mulher que uma tarde de compras? Nem foi por esvaziar por completo a carteira, na verdade só trouxe dois sacos para casa (eram grandes, ok). O que importa é que, de vez em quanto (e é mesmo de vez em quanto) todas, e todos, precisamos de um mimo. Mas não me interpretem mal, não é esse o único motivo da minha felicidade.
Hoje, está tudo bem. Ninguém chorou, ninguém gritou. A voz mais alta era a da aparelhagem, cantando bem alto Linkin Park, enquanto eu preparava o jantar. (Descobri que a minha mãe sabia reconhecer a banda que estava a ouvir e trautear a música de algumas canções! Deve ser ouvir tantas vezes a minha própria aparelhagem aos berros.) Foi um bom momento. Gratificante fazer algo de bom, de útil. Como esta manhã. Eu não esperava os 10 euros que apareceram na minha secretária quando desci esta manhã à loja, pela segunda vez em dois dias, resolver, ao telefone com um técnico, mais um problema informático. O antivírus desactivara o programa de facturação e o meu pai estava um pilha de nervos. Na verdade, eu não fiz praticamente nada. (Monitorização à distância, genial!) Mas soube-me particularmente bem ver como no final ele ficara aliviado. Foi humano. Adoravelmente humano. E eu senti-me melhor por ele do que por mim própria.
Hoje, por nada sorrio. É incrível. Há muito tempo que não me sentia assim. Bem, serena, em paz. Humana. Pelas conversas que tive, pelos momentos vulgares mas deliciosos, por cada minuto de hoje. Humana. Dando um imenso valor à família que tenho. Eles são como um tesouro: umas vezes o cofre tem a tampa aberta, outras tem-na fechada. Mas, escondidas ou não, as jóias estão sempre lá.
Hoje, lembrei o que era estar feliz. Humanamente feliz: sem razão concreta, mas feliz. Simplesmente por viver, humana. Unicamente por estar aqui, humana.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Para onde é que ela está a olhar?


Para longe... para muito longe...

Para onde os sonhos se tornam realidade
Para onde os sorrisos puros não são lenda
Para onde as lágrimas são só de alegria
Para onde há cores e há risos e há vida
Para onde o som mais alto é apenas música
Para onde vale a pena adormecer todas as noites
E acordar todas as manhãs

Para onde o céu ainda é azul

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Falar

É engraçado como as pessoas têm necessidade de se expressar verbalmente por palavras. Não se trata da questão “como o dizer sem ser falando?” Obviamente não vamos escrever tudo o que queremos dizer. Não faz sentido. Para além de que por algum motivo nascemos com este belo dom chamado voz, que não é nada mais que a capacidade de nos expressarmos verbalmente. Há naturalidade nisso, é fácil, simples. Pensar o que queremos dizer, abrir a boca e cá está o milagre. Directo, instantâneo. É a forma que nós, humanos, escolhemos para comunicar. Talvez nem tivéssemos tido essa escolha; talvez alguém tenha decidido por nós. Não importa. É belo: os contornos das palavras viajando invisíveis pelo ar; os graves e agudos; a expressão tão antagónica que podemos dar a palavras iguais, tornando o seu significado tão diferente que este deixa de residir na própria palavra e passa a viver na voz.
Como tudo em nós, é simplesmente perfeito. Mas essencial? Falar é essencial? É importante, mas tão importante ao ponto de não podermos viver sem isso; ao ponto de não mais podermos aguentar o silêncio? Talvez não o tenha sido antes, mas está a sê-lo cada vez mais. No mundo em que vivemos, onde tudo o mais substitui a fala, há uma crescente necessidade de combater o silêncio. Duas pessoas e nenhumas palavras é constrangedor. Talvez o sexto sentido humano nada tenha de sobrenatural, de paranormal. Para mim, o sexto sentido humano é somente a fala.
Estranhamente, eu não me vejo muito dependente dele.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pouco a Pouco

Now, you're far away
And I'm alone to cry about it
It's not a better place,
When you die and leave me here to say

Hold on, I was never that strong

There's a little piece of heaven
Right here where you are
The fact that you keep trying
Is what sets you apart.
Help me find the reason
And I'll help you find the way
To get rid of all your pain
Little by little, day by day


Heaven (Little By Little) - Theory of a Deadman

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

domingo, 16 de agosto de 2009

Não Sei

Realmente não sei. Não sei o porquê de muitas coisas. Não sei o porquê de olhar para esta página em branco e não encontrar mais palavras do que porquês. A vida é um gigantesco porquê e todos nós vivemos nas linha curva e escorregadia do enorme ponto de interrogação, tendo desesperadamente encontrar estabilidade no vazio da ignorância. Talvez a solução seja não nos importarmos: o que não sei deixo para os que sabem. Mas o que não sabemos também nos afecta, porque não nos podemos prevenir contra o desconhecido. Todavia, enquanto a bola de neve não nos derruba, vivemos flutuando centímetros acima da superfície curva. Porventura não é solução alguma, porventura todos vivemos assim, centímetros acima da superfície, e quando por algum motivo tocamos o chão, tocamos a realidade como ela é, escorregamos e caímos.
(Isto é o que acontece quando não me ocorre nada sobre o qual escrever.)

Caos da Meia-Noite

Recear de morte a morte
Mas encontrar consolo na solidão
Diz que sim
Diz que não

O maior poder é não temer
Antes batendo só coração
Diz que sim
Diz que não

Nada mais importa do que importa
Se não mantiver a razão
Por caminhos desertos, que importa!
No abandono não há abominação

E na mente que se esgota
Importância de plácida sensação
Não dói continuar sozinho
Não custa dizer que não.

sábado, 15 de agosto de 2009

Uma Pausa no Tempo


Gand, Bélgica, 9 de Outubro de 2008


quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Egoísta

Gosto de manter a minha individualidade. Não gosto de ter alguém seguindo os meus passos. Não gosto que digam as minhas palavras, não gosto que as escrevam. Não gosto que se apaixonem pelas minhas paixões. Não gosto que exibam como seu aquilo que é meu. Não gosto que me copiem, não pretendo ser um exemplo. Gosto de ser original, gosto de ser diferente, nem que negue o resto do mundo para manter essa diferença. Não gosto que amem o que amo, porque, de alguma forma, sinto esse amor ser cortado às fatias e distribuído por um bando de seguidores que eu não pedi. Mas continuo esperando que gostem do que eu gosto, só não com a mesma fervorosa intensidade. Gosto de ser única: no que faço, no que digo, no que escrevo, no que oiço e no que visto. Não gosto de imitações, não gosto que me imitem. Não há por que me imitarem. Não há por que fazerem de mim um exemplo, quer no bom e quer no mau. Odeio-o.
E depois de tudo isto, estão no vosso direito de me chamarem egoísta.

(Também sonhei hoje. Lembro-me de pouco, mas sei que fugia de algo, não faço ideia do quê. Estava assustada, com medo. Havia uma familiaridade alterada em tudo. Ninguém para me proteger, pelo contrário, forçando-me a voltar para trás, onde eu sabia que ainda havia perigo. Na minha fuga desesperada, cometendo loucuras como nunca fiz, como pegar no carro e fugir, quando não sei conduzir, para me ver andando em círculos. Espero sinceramente que esta noite seja melhor.)

Pesadelos?

Tenho tido sonhos estranhos nas últimas duas noites. Sonhos maus, mas não creio que os apelide de pesadelos – esta definição somente encaixa para mim quando alguém acorda sobressaltado e à beira das lágrimas. Eu acordei com uma sensação estranha de ambas as vezes. Sabia que aquilo não era bom, um mau pressentimento, um aviso… Talvez somente um reflexo distorcido de tudo o que me tem vindo a acontecer: morte e despedidas, laços que se corrompem para sempre.
Não estou muito certa de querer contar isto, mas guardá-lo não servirá de nada. Culpo totalmente o meu subconsciente. Foi ele que matou uma criança inocente. Uma criança de cinco anos que é minha prima e de quem eu gosto. Não sei como, não sei porquê. Estava no primeiro dias de aulas quando soubemos a notícia. Eu estava muito abalada, mas mesmo querendo mostrar a todos a minha dor, eu não conseguia chorar. Não fui directamente para escola, estava com a minha mãe e passaria por lá mais tarde, mas às tantas esqueci-me e quando lá cheguei finalmente ainda tive de ouvir um sermão. Não sei ao certo o que aconteceu depois ou mesmo se houve depois, mas havia aquela consciência real do antes, da perda do meu avô, e de como esse fado voltara a assombrar a nossa família passado tão pouco tempo. Eu sentia-me mesmo mal. E queria mesmo que os outros vissem isso. Mas não conseguia chorar. Da mesma forma que os meus olhos estavam completamente secos quando acordei.
Hoje a história foi diferente. Mais real porventura. Muito real mesmo. Algo que aconteceu e que vai voltar a acontecer – a não ser que eu afaste os pedaços do laço desfeito. Estava algures no meio de um arvoredo, acampando quem sabe, como essas amigas que já não sinto dignas do nome. Perguntavam-se como iriam para casa, talvez até combinassem quem ia buscar quem, mas eu não estava realmente interessada em juntar-me a elas, mesmo não fazendo a mínima ideia de como voltaria para casa. Disse que ligava à minha mãe e ela iria buscar-me, todavia, não foi preciso, porque eu dei por mim em casa, que a afinal era a dois passos do local onde estávamos. Mas eu não regressara somente quando elas haviam partido. Elas ainda estavam lá. Só que eu sentira-me mal, eu sentira-me a mais e estava farta dessa sensação de exclusão, por isso dissera para mim mesma basta e vim para casa. Sem explicação voltara-lhes costas e fora. Depois elas apareceram em minha casa para devolver as tendas – ao que parece eu organizara o “acampamento” e fornecera o material. E desistira da ideia quando vira que continuava invisível. Foi um romper completo, uma ousadia da minha parte partir, uma mensagem bem clara que elas haviam captado. Uma verdade, um desejo camuflado de sonho.
E assim têm sido as minhas noites. Talvez por culpa do cansaço excessivo, o que não deixa de ser contraditório visto que isso impele o subconsciente a atormentar-me com sonhos perturbadores. Apesar de tudo, para mim sonhos. Mas serão mesmo?

pesadelo (ê)
s. m.
1. Opressão angustiosa da respiração durante o sono.
2. Sono mau, opressivo.
3. Fig. Pessoa ou coisa importuna; importunação.

Fica ao vosso critério decidir. Para mim, o verdadeiro pesadelo vivemo-lo acordados.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Entre o Sol e a Lua

Eu tenho de escrever algo. Tenho de deixar algo aqui todos os dias. Uma parte de mim de entre as milhares que posso doar, que posso emprestar, que continuará todavia a ser minha.
Estava a pensar no Sol e na Lua. Na luz de ambos, a verdadeira e a falsa, mas, de qualquer forma, igualmente reais para nós. Neste ciclo interminável que também somos nós. Como ondas de um mar que vai e vem, do romper do dia, ao cair da noite e em todas essas horas de vazia escuridão. Uma vida ele é. A nossa vida. Crescendo nos seus braços orlados de espuma com o brilho da inocência. Aspirando a mais e então cruzando os oceanos em busca de um horizonte que nunca se alcança. E adormecendo por fim, nos negros confins das suas águas profundas. O Sol que se põe e a luz que dá lugar à escuridão.
Esta perfeição sem palavras, o ciclo contínuo que ninguém quebra, que existiu e existirá. Terá sempre existido? Há quando tempo o Sol e a Lua cruzam os céus numa perseguição que nunca termina, mesmo quando, aos nossos olhos, eles se sobrepõem? Não é uma questão religiosa, é uma questão nossa, plenamente humana, que nada tem de divino. E os astros ascendem na abobada celeste há tanto tempo quanto nós, cá em baixo, fazemos perguntas para as quais não temos – e provavelmente jamais teremos – resposta.
Não importa realmente. Não importa se sempre foi assim ou se sempre o será. Não importa porque temos a ingrata certeza de que amanhã não mudará. E mais: enquanto formos vivos, é cedo demais para mudar. Um dia, alguém discordará disso, se essa eternidade astral não for assim tão eterna, apenas com a duração da vida de um mundo. O nosso mundo. É certo que não viveríamos sem Sol, chama que nos aquece e beija de paixão o nosso caminho íngreme por uma estrada desconhecida. Mas o nosso mundo, a nossa Terra, seria a mesma Terra sem a Lua? Acredito que não. E não me refiro à magia que se perde como caldeirão de poção irremediavelmente entornado. Não. O vai e vem do mar em que navegamos como conchas perdidas à deriva, o vai vem das ondas que nos embalam e nos arrastam, que nos afagam e nos sufocam, que dão vida e dão morte, é ela, é a Lua que comanda. Sem ela, nada seria igual. O mar pararia. E as nossas vidas sucumbiriam à plácida monotonia de um espelho de reflexo parado, ora ofuscante demais para o fitarmos, ora tão negro como um buraco que ameaça nos engolir.
E nós, pérolas sem brilho, afundadas e enterradas nas areias do fundo do mar.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Prisão

Eu estava apenas a pensar e cheguei a esta conclusão:
Quando estamos presos, não podemos mudar de cela sem mudar de prisão.

Eu não sei se entrarei noutra cela ou se vaguearei sem rumo pelos corredores, mas mudarei de prisão.

domingo, 9 de agosto de 2009

O Olhar


Abril 2009

sábado, 8 de agosto de 2009

Não Dói

O sofrimento, a dor são, para mim, um mistério tão grande como a morte. Por vezes físico, por vezes mais do que isso. Às vezes localizado ao centímetro, outras de origem tão incerta que chegamos a duvidar se está dentro de nós, ou se estamos nós dentro dele. Há todo esse enigma: porque dói, como dói… É verdade que médicos, cientistas e afins avançaram respostas para quase todas as dores, mas a que mais nos afecta continua por explicar. Dor de coração – um coração que não bombeia sangue, mas vida e emoções –: dor de alma, essa entidade que se diz existir dentro de nós, que comanda a consciência, que é vítima da rebeldia dos sentimentos, do amor e do ódio, e que sente, que sofre e que está ligada ao corpo, porque a dor é física. Provas e teorias à parte, é assim que penso. Religiosidade de fora, porque a lógica basta para lhe dar sentido.
Mas porquê isto? Porquê o mistério do sofrimento, e do seu reflexo: a dor – cada qual pertencendo à sua esfera, à dualidade que existe em nós: alma e corpo? Por razão nenhuma em especial. Apenas porque, às vezes, nada disto faz sentido. A dor não faz sentido. Ela tem sempre um motivo – sempre –; pode ser razoável ou não, não importa. Mas e se o motivo está lá e a dor não? Se não houver sofrimento algum quando, sim, devia haver? Se em troca existe o vazio da indiferença, do não querer saber, do deixar levar pela vida e ela que decida. Quando já nem há lágrimas para derramar, porque já não nos importa. Foi o sofrimento grande demais que, para a dor física o acompanhar, nos conduziu à morte – à morte do sentimento na origem de tudo? Então deixamos de nos importar e simplesmente já não dói.
Não dói partir. Não dói deixar para trás anos e anos de amizades. Não dói esquecer, porque já foi esquecido. Não dói perdoar, porque já foi perdoado. Não dói perder, porque nunca realmente o tive. E na não dor, a indiferença vem como um abraço frio que aconchega a alma até ao dia em que tudo ficar definitivamente para trás e a indiferença se perder também com aqueles que já foram importantes, que já foram especiais, que já foram meus.
Porque, felizmente, não dói.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A Última Carta Que Ela Escreveu - II


(vejam tamanho real s.f.f.)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Nada

Nada
Não sei nada
E por nada saber,
Nada me ocorre dizer.

Os dias vão voando céleres
Nas asas de uma borboleta
Deixando um rasto de saudade
Onde para além de lágrimas,
Não existe nada senão memórias,
E após as memórias,
Nada senão nada.

E desse vazio
Fugimos todos os dias
Mas se o é nada que nos faz viver
Então eu diria que vivemos por nada.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O Mundo Numa Frase

No ar que ela respira, um milhão de partículas de cor, infinitos pedaços de vida, como fragmentos invisíveis de um espelho quebrado, soprados pelo vento, levando consigo essa parte ínfima e singular que pertencia ao grande retrato do mundo, trazendo até ela uma palavra da história contada nas milhares de páginas do inacabado livro da vida, um pouco do verde da esperança que vibra na natureza como um beijo sobre cada folha; um pouco do azul da tranquilidade que nos cerca, que reveste essa abóbada de infinito sobre as nossas cabeças e que com um sopro de cor brilha na superfície translúcida do mar, da beira orlada de espuma aos nossos pés até ao horizonte longínquo; um pouco também do vermelho quente, essa chama acesa revestia por um desejo sublime, paixão carnal líquida que lhe corre nas veias como fogo que não queima mas aquece; mais o amarelo da luz, o brilho da alegria de um sorriso, que se converte em notas musicais com o timbre de gargalhadas cintilantes, como raios de sol que são a essência da vida; e mais todas as variações dessas cores: o rosa do seu amor, o laranja da sua alma, o roxo da sua energia; e os pólos do mundo, a dualidade mágica que rege a vida, o equilibro entre a paz alva do seu ser e os seus mistérios obscuros, o sonho e o pesadelo, o amor e o ódio, um sussurro e um grito, a vida e a morte, o branco e o preto – e tudo isso se conjuga nessa partícula, que como a luz que reúne o arco-íris, guarda toda a essência do mundo apenas num fragmento do seu retrato, abençoado pelos elementos: nascido na terra, aquecido pelo fogo, arrefecido pela água, transportado pelo ar, até que ela o respira, e passa a fazer parte dele.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Apenas algo que me passou pela cabeça e me fez agradecer por pensar com lucidez

Eu tinha uma ideia diferente sobre o que iria escrever hoje, mas depois de ter construído meio post na minha cabeça, decidi que não me apetece escrevê-lo. Além disso, todas as frases perfeitas foram-se. (Continuo questionando-me porque raio não temos um chip de memória que grave todos os nossos pensamentos!) Passando à frente… Estou doente. Dói-me a garganta como tudo, engolir é um sacrifício e falar uma tortura. Mas hoje sinto-me mentalmente bem. Sem febre. Isso significa que posso escrever. (Iupi!)
Há muitas vantagens em ter a escrita como hobbie. Enquanto tivermos faculdade de pensar, podemos escrever – ou alguém escreverá por nós. Enquanto tivermos forma de falar, ou de algum jeito nos pudermos mover, haverá forma de podermos escrever. O problema está quanto o problema é na cabeça – e aqui vem a grande desvantagem. Eu apercebi-me que, enquanto a minha cabeça latejava, o meu corpo fervia e estranhamente eu tinha frio, que se aquilo durasse muito tempo, eu perderia tudo o que me dá gosto fazer. Não sou intelectual nenhuma, até para ver televisão precisamos de ter a cabeça sã, mas obviamente que para ler e escrever ela precisa de estar melhor que sã. Que se dane a dor de garganta, porque a minha cabeça está óptima hoje. Ainda não preciso de voz para escrever – e qualquer dia não precisaremos dela nem sequer para comunicar. Mas preocupa-me. Todos somos dependentes do nosso cérebro – que novidade! – mas afecta-me, desespera-me que, quando aqui a mente está cansada, não sobra nada para o corpo fazer. (Eu gosto de desporto, mas não iremos a extremos.) Prezo a minha cabeça e ainda mais os meus olhos – sejamos francos, não é impossível, mas tornar-se um desafio bem difícil superar problemas de falta de visão para voltar a ler e escrever. Suponho que tenha tido sorte. Nascer são é normal, mas há que saber dar valor e agradecer por essa normalidade, porque há sempre aquela pequena percentagem da qual nos esquecemos mas que mudaria tudo se entrasse na nossa vida.
É vulgar sentir, é vulgar pensar, mas eu agradeço por isso.

domingo, 2 de agosto de 2009

Delírio