quarta-feira, 30 de junho de 2010

Insatisfação

O ar está quente e imóvel. A janela aberta, mas a brisa não se sente.
Uma irritação incómoda fervilha por debaixo da minha pele. Alguma coisa não está bem. Alguma coisa incompleta que me atormenta o espírito.
Não há nada a funcionar de acordo com a minha vontade. Pergunto-me se tenho vontades erradas.
A espera alonga-se e adensa-se, e sinto que foi assim toda a tarde. Mas o que quer que esperava, não chegou com o sabor certo. Está tudo imensamente mal, mesmo parecendo bem. Ilusões convergindo do mundo para mim.
Falta aquelas palavras. Aquele telefonema. Aquela arrepio quente-frio, no pico do Verão, que nos faz sentir bem.
Falta uma música diferente. Ouvir outra coisa que não "Need You Now". Sentir outra coisa.
Falta sair deste quarto.

Hoje ofereço uma música


segunda-feira, 28 de junho de 2010

Talvez a parte do meu cérebro que trata dos sonhos tenha simplesmente avariado

Eu sei que acordei há menos de vinte minutos, mas eu preciso mesmo de contar isto. Foi um sonho. Um sonho muito estranho, e mais do que um bocadinho perturbador, que tive esta manhã. Ah, ênfase no estranho. Outra vez. Pergunto-me porque é que os meus sonhos são sempre assim: estranhos, surreais, intensos, sim, perturbadores; a minha vida está em risco em mais de 60% dos casos. Porque é que não posso ter sonhos como as pessoas normais? Não posso sonhar com um sítio onde quero ir, não posso sonhar com alguma coisa que queira fazer, nãaaao, Raquel, em vez disso tu sonhas que estás no hospital, finalmente recuperada de uma cirurgia que juntou os teus pedaços como um puzzle depois de um acidente que não faço ideia qual ter-te esquartejado os membros em sei lá eu quantas partes.
God bless my imagination!
Mas esperem que não acabou. E não, eu não me voltei a desfazer em pedaços (isso seria muito, muito mais do que um bocadinho perturbador); na verdade, eu sentia-me muito bem, inteira. As únicas cicatrizes visíveis eram umas marcas em redor de quase todos os meus dedos, claramente como se tivessem sido "colados" de volta. As articulações da mão direita doíam, mas somente essas. Não andei à procura de mais marcas no corpo, mas sabia que estavam lá. Também não estava sozinha no quarto. Havia enfermeiras a ir e vir, e sempre foram muito atenciosas. Havia também um rapaz. Tinha a impressão de que ele era quem eu queria que fosse (os mais informados acerca de mim já devem estar a ver quem era), contudo, fisicamente, era diferente. Não me recordo agora do rosto.
Então eu saí do hospital com ele e — guess what? imaginação a trabalhar, selecção da ideia mais descabida em curso — vamos ver aquela demonstração de um novo videojogo e a apresentação do videoclip da banda sonora do... Eclipse?!... feito por pessoas que eu conheço?!... num auditório sei lá onde?! Vamos! E fomos. (Oh, acho que saltei a parte em que tinha um teste de História para fazer via SMS. Sim, certo. Muito prático. Tinha feito duas perguntas já, creio; não sei se antes ou depois do incidente com os dedos.)
Mas de volta à coisa ridícula do auditório: estava cheio de gente conhecida, gente da escola, amigos, etc. Fui recebida com particular entusiasmo por uma velha amiga mas — esperem — ninguém sabia coisa nenhuma de acidente e operação; ninguém perguntou porque estivera ausente tanto tempo; ninguém reparou nas marcas nos dedos para as quais eu estava sempre a olhar. Gente atenta e preocupada, não é assim? Eu esperava realmente que notassem. Fiquei desiludida. E muito desagradada quando alguém mandou o comentário de que a minha BF estava no videoclip e não me tinha contado. Como se também tivessem muita moral para falar.
E foi isto. Não sei se teria sido mais se a minha irmã não me tivesse acordado, mas não importa. Das primeiras coisas que fiz ao levantar-me foi buscar o dicionários dos sonhos. Ora vejam:

Hospital: é sempre um lugar de advertência. Anuncia que sentimos receio em apanhar uma doença ou renitência em pôr em marcha um projecto. Está sempre ligado a graves preocupações, tanto no campo afectivo como no profissional. Se saímos dele, anuncia tempos felizes e de grande fecundidade, assim como a abertura de diferentes perspectivas para novos projectos que terão êxito.
E, contudo,
Cicatrizes: simbolizam sofrimentos passados ocultos e dissimulados. Também podem denunciar rancor e maldade. Problemas financeiros.
E por fim,
Dedos: são a imagem dos nossos entes queridos, a quem estamos ligados por fortes laços sentimentais. Devemos interpretar o sonho em função de como os vemos. Também representam a capacidade de nos relacionarmos com os outros. Se um ou mais dedos aparecem doentes ou doridos, podemos esperar que se avizinha uma doença familiar ou problemas com uma pessoa chegada. Quando estão cortados ou feridos, indicam que se avizinham conflitos familiares, e, se estão amputados, auguram perdas económicas de certa importância. (Muito tranquilizador, não haja dúvida, mas e se forem recolocados no sítio?)

P.S. INTERPRETAÇÃO PROCURA-SE.

sábado, 26 de junho de 2010

Mesmo, tu

Espero que saibas que te quero aqui.
Mesmo que eu não o diga. Mesmo quando não falamos.

Ah, sinto-me em dívida.

Outro dia na vida de Raquel Neves

Ando com muito pouco para dizer. Escrever é mais do que uma rotina, e sinto falta da falta de escrever. De precisar de o fazer. De sentir as palavras a borbulharem para saltar cá para fora.
Suponho que seja efeitos do Verão. Efeitos de ficar em casa todo um dia, entre literatura e cinema, música e conversas. Não que jamais pense em reclamar. Mas verdade seja dita que dias fora de casa deixam muito mais para contar.
Não vou envolver-me em descrições de rotinas. Tenho uma nova com sabor a Verão que começa às 11 e acaba lá depois das 3 da manhã, mas provavelmente nem é assim tão diferente das vossas. Talvez mais aborrecida. Talvez menos. Vocês não têm uma irmã mais nova — e mais louca — como eu tenho =P
É minha e não dou a ninguém! :)
Enfim, e a primeira semana de férias vai passando. Um bocadinho de televisão a mais do que o costume — muito futebol a mais do que é costume. Ok, eu geralmente não gosto de futebol, mas abro uma excepção para o mundial. Uma excepção para Portugal. E eu sei que em termos de genética e afins sou metade espanhola, mas não duvidem que o meu coração é completamente português. E esse não é um sentimento exclusivo dos meses dos campeonatos de futebol.
E é tudo por hoje. Ah, não me despedi da turca. Sei que ela não vai ler, mas eu gostei muito de a conhecer. Dá-me que pensar nos preconceitos nacionalistas que há por aí...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

BF

Eu sei que às vezes sou uma chata e tal, mas tenho a melhor amiga do mundo.
E não é só porque ela é uma fotógrafa excelente.

Adoro-te :)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Literatura


Book Addicted Confirmed

terça-feira, 22 de junho de 2010

Tranquilidade

Esta tranquilidade que me abraça e aconchega, suspiro quente ao ouvido, promessa de horas sem tempo e sorriso sereno que se cola aos lábios como um beijo, mas sem precisar da tua boca.
Esta tranquilidade de um final que é um início, de um caminho que vimos, mas jamais percorremos de forma igual, estrada com os seus mansos perigos, e não importa sabê-lo, porque a noite é densa e dissipa as emoções, faz recuar o medo, deixa o silêncio das palavras que não dizes quando olhas para mim.
É esta tranquilidade, esta mesmíssima tranquilidade que me roubas sem saber, que destróis sem querer, e não é malícia ou maldade, é pura ingenuidade, e se não souberes nunca o que me vai na alma, apenas saberás que não minto ao dizer que me dás tanto quanto me tiras.
Porque esta tranquilidade, tão doce bailar de dedos movidos pelas artérias do coração, é o rescaldo de um momento pleno de sensação, nervosos em guerra, desejos escondidos, olhares atrevidos, um diz-que-não-diz tão simultaneamente perverso e inocente.
Esta tranquilidade é o intervalo em que se para, se olhar e se sorri, o instante que fugiu ao instante agora vívido na memória, cada pormenor que a ansiedade devorou, o apreciar da recordação que a consciência não minou, porque ao virar da página, as letras não me surgem ao contrário, antes a história parece correctamente escrita.
Esta tranquilidade é o fruto da certeza gloriosa do hoje, com a esperança calorosa do amanhã, e a sabedoria de que o tempo se encarregará de nos dar aquilo que o destino marcou como nosso.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

The End

Exames feitos. Estou finalmente de férias.
Não há surpresa nem novidade nisso.
Acabei oficialmente o ensino secundário.
Há surpresa e novidade nisso.
Parece que não estava realmente mentalizada disso.
Mesmo quando alguém a meio do exame comentou que esta poderia ser a última vez que estávamos numa sala de aula daquela escola.
Não, eu só me apercebi quando ia a caminho do portão.
Foram três anos que passaram depressa, e no entanto, olho para trás, e o 10º foi há tanto tempo...
Sinto-me orgulhosa.
E com um feeling que este Verão vai ser diferente. E desta vez diferente pela positiva.
Boas férias!

Flying High

You can't know, oh no
you can't know
how much I think about you, no
It's making my head spin
Looking at you
and you are looking at me
and we both know what we want
hmmm, so close to giving in


Feel so nice
oh yeah you feel so nice
wish I could spend the night
but I can't pay the price
oh no, no


But I'm flying so high
high off the ground
when you're around
And I can feel your high
rocking me inside
it's too much to hide


I know, oh yes
I know that we can't
be together
but, I just like to dream
It's so strange
the way our paths have crossed
how we were brought together
hmmm, it's written in the stars it seems
Feel so nice
oh yeah you feel so nice
I'd love to spend the night
but I can't pay the price
oh no, no


Jem — Flying High


P.S. Perfeita para ti

sábado, 19 de junho de 2010

Um novo tipo de esperança: em mim

Estou feliz.
É um engano mas estou feliz. Não estou a falar de ninguém, atenção.
Sinto-me com esperança.
Ainda não estou a falar de ninguém.
Quero ter esperança. Mas tenho medo de me desiludir.
Sim, eu poderia estar a falar de alguém. Não estou.
Um "sim" era um sonho.
E sinto que nunca estive tão perto. Nunca me indicaram que pudesse ter essa esperança.
Isto parece realmente que estou a falar de alguém. Mas não.
Esperar é uma tortura.
É válido para alguém, sim. Porém, continua sem ser esse o assunto.
Estou num campo diferente.
Estou a falar do MEU sonho. Estou a falar da esperança de o concretizar.
Estou a falar disto.
Desculpem mas não o ia contar duas vezes. Ainda assim, queria escrever isto.
Isto não se faz a uma pessoa. Criar esperanças...
Vou-me dar tão mal.
Agora talvez esteja a falar também de alguém. Ou não.
Quero acreditar.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Wish Upon a Night

Triste de ti que não sabes o que queres. Pobre de mim que sei.
Andamos nesta dança de palavras noite adentro.
Promessas cheias de coisa nenhuma senão vontades.
Desejo ignóbil de viver e partir. Ler a carta, amar e rasgá-la.
Confusão de corações e corpos que não se entendem.
Anos que não avançam e não retrocedem. É assim. É agora.
Podíamos continuar a desejar que fosse de outra maneira.
Se há algo que esta nossa vontade não muda é o tempo.
Sei que querias ler estas palavras. Não o farás.
Digo-te tudo de alma, mas não lerás a minha alma.
Ela só é um livro aberto para quem não a pode tocar.
Ou para quem lhe tocou e a tem nas mãos. Tu não, não ainda.
Talvez nunca, não sei. Digo e repito que não sei o amanhã.
Queres que prometa que não me vou apaixonar.
Esse medo, esse teu medo de me magoar... Enternece-me.
Nada será como gostarias que fosse. Eu não sei como gostaria.
Consigo gostar do aqui e agora. Gosta do aqui e agora comigo.
Deixemos o futuro para o futuro, os planos ao acaso.
Vamos viver as horas que a vida nos deu. Com a alma.
Fale ela com o corpo ou com o coração. Não importa.
Queria-te aqui...


quinta-feira, 17 de junho de 2010

Filosofia do Dia: não há ideais, a importância está no querer

Acredito que sobrevalorizamos a importância de certos momentos da nossa vida. Há coisas importantes, sim, mas não devem não-ser feitas só porque se está à espera dessa perfeição que deveriam ter por serem precisamente importantes.
Simplificando, fá-lo porque queres. Fá-lo porque o queres naquele momento. Porque é importante naquele momento. Não porque um dia sonhaste que seria assim, assim e assim, e que deveria ter aquela importância e não esta.
Não há importâncias. O que é importante é-o e pronto.
Talvez morra amanhã ser ter feito o que queria hoje porque acreditava que num futuro próximo poderia ser melhor. Podia ser ideal.
Não há coisas ideais. Nem pessoas ideais. Porque, venham bem, o que significa ideal?
ideal
adj.
1. Que só existe na ideia.
2. Que reúne toda a perfeição imaginável.
3. Quimérico, fantástico, imaginário.
Não sei quanto a vocês, mas eu estou bastante convencida de que o ideal não existe.
E portanto, antes felizes com o que temos hoje, se o hoje for importante o suficiente. Se o queres, porque não hoje? Porque aspirar perfeições e ideais, mais, mais e mais, se, metaforicamente falando, o tecido que temos é suficiente para fazer o vestido?
Não estou para arrependimentos.
Há que querer e viver. E viver com o que temos, ser feliz com isso, e não perder a vida infinitamente à espera do que poderá nem sequer chegar.
É esta a minha filosofia de vida.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Exame de Português

Alguém vai pensar em matar-me quando ler isto, mas, a mim, o exame de Português correu bem. Demasiado bem, se é que tal coisa existe. Vamos ver quanto tempo levo até descobrir que, afinal, não correu assim tão bem.
Mas, por agora, não tenho o que reclamar, o que é um grande alívio e tal visto que este exame é O exame, aquele que vai ser metade da minha nota de candidatura para a faculdade e tudo mais.
Sim, Raquel, tu já sabes que entras. Mas tenciono manter o meu nível, obrigado.
Tradução, vais estudar para História.
Ah, e tenho boas expectativas quanto à nota de Português. Espero não acabar desiludida.
E foi isto.
Saiu "Os Lusíadas" para quem não teve o prazer. Assustei-me. Muito. Afinal não foi nada de extraordinário. (Há de haver alguém a pensar: Com a tua nota a Português....)
Pois. Não comento.
Estou contente. Satisfeita. Crucifiquem-me.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O Testemunho do Navegador

Chama-me com alma de navegador abandonado. Meditaremos sobre o mundo.
# Quantas sereias vistes?
# Tantas e tantas que não as pude contar. Vozes de fada, rostos de anjo, mas asas? Como as dos demónios. Cores e brilho sobre o que era negro de alma. Ambição nas mãos douradas. Cobiça no sorriso de rubi. Inveja nos olhos esmeralda. Vaidade nos olhos azuis. Promessas de riqueza e prazer, um engano. Desejo de mais valer, mundano. Não são sonho e ilusão, nem alegoria de paixão, mas guerra, ódio e desilusão. Hoje, donas da terra sobre o mar, abre os olhos que as vais encontrar.
# E mostrengos de arrepiar?
# O medo, o medo, não está nos cabos e nas costas, no vazio do alto mar. Está nas almas bem postas, que não se irão aventurar. Tempestades e tormentas, não são o que temem os homens. Mas o obscuro incerto do mar fundo, que os carregará para o outro mundo. É o desconhecido o monstro, é o não saber que sabe, e decide não saber. É a incerteza que basta, só para nos fazer tremer. E na hora gasta, caímos aqui. Não lutámos, não vencemos. Sobrevivemos e tememos. Morremos, e não sabemos.
# E que mar a desbravar?
# O da consciência humana. Em barcos de luz sobre canais de águas cinzentas. Avancemos, avancemos... Iça a vela! Reflictamos.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Enjoy


Às vezes, temos apenas de aceitar o que a vida nos dá sem fazer perguntas.
Mesmo que nos deixe ansiosos, nervosos, confusos, perdidos.
Às vezes, basta aceitar e seguir em frente, rumo ao futuro.
Sem planos, nem medos, nem esperanças. Com coragem somente.
Às vezes, é só preciso apreciar... e sorrir.

Jogo de Mãos

O espaço no meio da minha mão e da tua é um vazio de incertezas e um poço do possibilidades.
Se eu esticar um pouco mais os dedos, roçar suavemente nos teus, então a medo afastar-me, a tua mão vem atrás da minha?
Talvez aí a agarre como um gato a um rato e crave os dentes na palma terna e inocente. Ou simplesmente deposite um ávido beijo.
Contaram-te alguma vez que a violência é atributo tanto do ódio como do amor. O que há de mais violento e cruel, voraz e consumidor, que o desejo?
Mas talvez espere a tua mão, placidamente quieta no meu lugar. Virás de mansinho, ou arrebatador? Cobrir-me-ás o dorso frio da mão, ou o pulso quente?
Há pulsões de vida e pulsões de morte. Quedar-me-ei sob o teu toque, ou voltarei as garras para ti, sentir a tua pele ardente ser marcada sob brancas linhas de contestação à cobiça?
Podemos ainda não nos tocarmos. Ou fazê-lo com o olhar. Chamando-te a mim entre sinais de dedos, tamborilar ansioso, indicador atrevido. Virás ou não? Irei ou não?
Ou fecharemos simplesmente o espaço vazio, entrelaçando os dedos, unidos como os Homens deveriam ser.

sábado, 12 de junho de 2010

Furacões nos pensamentos

Aqui estou eu de novo, suspirado porque um dia, não sei como, fiz alguém olhar demasiado atentamente. Ok, não é nada disto que eu quero dizer.
Ele deixa-me sem palavras. Há muito pouco que eu possa dizer sobre quem me deixa sem palavras. É aquele desconforto simultaneamente delicioso e atrofiante. O "não sei se hei-de rir ou chorar". Esconder o rosto nas mãos quando, ah, afinal ele nem me está a ver.
Pronto, afecta-me o raciocínio. Devia falar de coisas mais objectivas. E passar o coração para onde ele pertence, que é aqui.
Oh, e agora ele perguntou-me se eu acredito no destino. Se eu acredito no destino? É só o tema de 90% de tudo o que escrevo, mas resposta fácil e objectiva? Isso é muito caro.
Já está, dispercei-me novamente. Era para falar exactamente das coisas objectivas.
A minha avó vai amanhã para Espanha, passar uns dois meses com o resto da família. A minha avó do andar de baixo, para quem não sabe. Pois. Nunca esteve tanto tempo longe. Os meus pais vão levá-la amanhã a Sevilha onde vai apanhar o comboio, mas eu descartei-me da viagem com base a argumentos de "não faço falta" e "tenho de estudar". Para não dizer que não quero acordar cedo.
Portanto, a casa ainda vai estar mais vazia este Verão. Suponho que lidarei bem com isso, mas ainda é um pensamento difícil.
Não estudei nada hoje. Livros... que coisinhas tão viciantes!
Não posso começar outro até depois do exame de Português. Outro tão interessante pelo menos. A ver se por outro lado escrevo. E faço a revisão ortográfica... Como se andasse fácil concentrar-me no que quer que seja.
Quando queremos um pouco de paz e tranquilidade... A vida é mesmo irónica.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Divagando sobre surpresas da vida

Estou contente. Esta sensação de novo. Isto é tão impossível...
Foi preciso menos de dois dias — senão menos que um — para que ele arranjasse um 91. E esta?
O meu calendário está um pouco do avesso. Não tenho bem a noção do tempo. Mas tenho dias marcados na agenda; neste momento, importa reger-me pelo tempo que falta e não pelo tempo que passou.
Acho que à segunda vez devia abster-me de comentar a rapidez com que certas relações avançam. (Ok, eu não dei a entender o que vocês acham que eu dei a entender.)
Ai, Raquel, pára de sorrir, rapariga! Pelo menos dessa forma estúpida.
Sim, certo, um dia também deixo de me insultar.
Mas não que faça muito mal. Pelo menos agora, meu ego suporta muita coisa.
A sério desta vez, há uns dias comentava como o meu Verão tinha começado — e continuado — mal no ano passado... É bom ver que a tendência inverteu-se este ano.
Não que nenhuma destas coisas facilite o estudo para o bicho-papão-exames-nacionais. (Just kiding)
Enfim vamos lá se desta vez corre melhor...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Bate Coração em Portugal

São sete da manhã e eu estou de pé. Bem, na prática, sentada, mas acordada.
Toda a casa dorme.
Não, não é por amor à pátria, 10 de Junho, etc, etc.
Também não importa que as comemorações sejam a um passo de casa.
A questão é mesmo que eu ainda não dormi. E duvido que consiga nas próximas horas. O que não vai ser muito rentável para o estudo de História.
Mas é que tarde/noite passada...
Não estava com muitas expectativas para este planos de "festa" dos amigos dos amigos. Gente universitária. Gente que eu não conhecia. Não sou miss socialização, para quem não sabe. Mas vão-se dando uns passinhos.
Voltei tipo... Uau. Ainda acho que o queixo pesa demais, mas, ah, cálculo que isso tenha sido por causa do telefonema. Consequência da noite, anyway.
Foi muito, MUITO divertido.
Não ria assim há algum tempo.
Não tinha uma conversa assim, agradável assim, há algum tempo.
Okay, muita emoções, devia pesar em, pelo menos, descansar um bocadinho. Já sei por onde vai andar esta cabeça. É que ele foi muito... Como é que eu digo que forma simpática e rendida que não escondeu propriamente o... posso usar "fascínio"? Ah, não sabia que tão poucas horas poderiam ter este efeito numa pessoa... Ou serei só eu?
Não estava à espera desta. Assim, não. Mas foi uma boa surpresa.
Ainda escreverei mais qualquer coisa quando conseguir reflectir de forma clara no "assunto"...
É que, caramba, parecia uma miúda toda sorridente a rir para o telefone =S
Os homens não deviam ter esta influência em nós, mulheres!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Um dia (ah, era o último dia de aulas)

Manhã de silêncio no autocarro.
Uma professora de História que não ajuda os alunos. Injustiças da vida.
Uma doação avultada a uma instituição de solidariedade social.
Uma velha amiga que veio de férias da África do Sul, bem agora que rebenta o Mundial. Mas quem se importa com a selecção?
Planos... Roupa, sapatos, cores.
Um útil resumo de toda a matéria esquecida de Português.
Uma boa peça de teatro. Muitos risos. Outros sorrisos.
Gente nova. Entre-ajuda.
Duas raparigas de saia na rotunda de Faro. Militares a passar.
Ideias para amanhã.
Computador. Boa noite.
às 0:22

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Exames

Honestamente, quem é que se vai esquecer de estudar para os exames?
Quero dizer, podemos não ver o tempo a passar, e faltar menos do que calculávamos, mas vá, ninguém se vai esquecer.
Devia dizer isto à minha mãe.
Hoje comecei. História. 12 páginas. Sim, exacto, tenho de acelerar o ritmo. São mais de 500.
Amanhã vou às aulas. Vamos ver se ajuda ouvir tudo de novo. De qualquer forma, quero o meu trabalho.
Tenho de apostar em Português também, mas não sei o que estudar. Talvez comece a fazer exames. Bem vistas as coisas, só faltam nove dias.
Pensar em como já se passou um ano desde que estava nesta situação...

domingo, 6 de junho de 2010

Quando somos lipstick e pó-de-arroz

Às vezes não somos mais do que flores bonitas ao Sol.
Tentação para mãos agarrarem.
Perfume que é engano d'alma.
Na verdade, não passamos de um par de sapatos à beira da estrada.
Memória de fracasso e abandono.

Às vezes os espelhos são miragem.
Fotografias de brilho e gloss e ilusão.
Mentira descarada na cara de quem não tem olhos para ver.
E todos somos cegos de vez em quando.
Depende de quanto dói a realidade.

Às vezes queremos ser adultos por uma vez.
Quando agimos como crianças outra vez.
Abraçamos aparências que caem bem no ego.
Dizemos disparates achando-nos a pessoa mais inteligente.
Trocamos as voltas ao que é importante e erramos.

Às vezes suspiramos por outra pele.
Estando sempre de olhos no protótipo impossível de perfeição.
Porém odiamos com força os que dele se aproximam.
Cometemos as asneiras que criticamos.
E ainda assim nos achamos reis e rainhas do mundo.

Às vezes, tudo o que somos é lipstick e pó-de-arroz.
E no final descobrimos que 90% da beleza das pessoas sai com água.

sábado, 5 de junho de 2010

Toque da noite em pele maculada

A sala está escura e esta luz lança sombras profundas. O cenário é fotográfico. Meio na luz, meio na escuridão. Como tudo na vida.
As imperfeições ocultam-se para lá do que o olhar percebe. Talvez por isso seja a noite tão bela. É o momento em que a porcaria que nós fazemos está oculta. Ninguém sabe o que não vê. E ninguém vê na escuridão.
Um dia, vamos fechar as cortinas do mundo e seremos todos felizes. Seremos todos iguais. Teremos todos a mesma cor. Vestiremos todos o mesmo: um manto negro sem preconceitos.
Um dia. Já o disse e repito. Devia deixar de dizer "um dia".
O meu problema é ter uma coisa que se chama consciência, e que, por sinal, é muito atenta e exigente e incómoda. Em poucas palavras, uma consciência que trabalha demasiado.
E que às vezes me chama cabra e não me deixa dormir.
Talvez tenha demasiado coração também. E algum altruísmo envenenado.
No entanto, sinto-me preparada para deixar estas pessoas.

P.S. Aquele sonho do domingo passado... Lembrou-te tudo o que deveria ter dito num telefonema ontem à noite. Quando te sentes culpada, e na verdade a culpa, os erros, são dos outros... Mas então palavras que a amarga consciência não deixa dizer. Di-la por sua vez em sonhos. Talvez acrescente demasiado boa à lista de defeitos. Ou simplesmente a capacidade de engolir muito sapos.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Fins

Estou contente.
Independentemente dos dois exames nacionais, estou de férias.
E o livro que ando a rever há quase dez meses está acabado.
Está tudo bem.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O dia cai e arrefece. Sabe bem.
As horas longas declinam. Vencemos outro dia.
O espelho devolve-me esse mesmo olhar fixo.
Sei o que esperar de amanhã. Em parte. Só em parte.
A vida sabe muito melhor quando acontece de improviso.
Mas para toda a regra há a excepção. Não esqueçamos.
Esta história é diferente de todas as outras.
Na verdade, só existem histórias iguais no papel.
Um dia vamos aprender que tudo conta uma história.
E que nenhuma história tem um final. Nem as de papel.
O mar vem e limpa as pegadas dos nossos pés na areia,
Mas eles seguem sempre adiante, de olhos do futuro.
Por onde andámos não nos diz para onde vamos.
E depois do dia que cai, um novo se levanta.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

E de repente foi há um ano atrás, Avô

Amanhã faz um ano.
Vinha no autocarro, a olhar pela janela, quando os meus olhos se cruzaram com o placar publicitário. Era sobre o regresso do programa Salve-se Quem Puder. De tudo o que podia relacionar foram aquelas memórias que vieram como uma enxurrada que me deixou sem fôlego.
Verão passado. Junho. Todas as noites, eu e a minha irmã íamos para a sala ver o programa. Por vezes, era somente uma boa desculpa para fugir à cozinha cheia de gente. Era também uma boa desculpa para não vir fechar-me sozinha no meu quarto e chorar noite adentro. Não sabem como era a salvações dessas noite, em que tudo estava mal. Era uma distracção. Era uma hora em que nós não pensávamos do que tinha acontecido, faz amanhã um ano. (Miriam não chores.)
Recordando isto, tudo o resto veio como uma bola de neve crescente, até àquele dia.
Pensei que em breve faria um ano, e em como passara depressa. Depois apercebi-me.
Fora numa quarta-feira de Junho, no mesmo dia em que ele nascera. No dia em que realmente nascera, não no que consta do BI.
3 de Junho de 2009
Senti o coração apertado e as lágrimas nos olhos. Afinal, faz um ano amanhã. Amanhã.
A-ma-nhã.
Quando a minha mãe me foi buscar à paragem e me trouxe até casa disse: "Amanhã quero que todos se levantem cedo. Vai fazer um ano que o avô faleceu e nós vamos ao cemitério deixar lá umas flores."
Só pude dizer "Eu sei".
Sabia-o desde há dez minutos atrás. Sabia-o desde que vira o placar publicitário e me lembrara de tudo. E me apercebera de como o tempo passara, tão rápido, de como tudo mudara, tão depressa, de como a vida põe o turbo, mesmo quando acreditamos que aqueles dias longos e dolorosos jamais vão passar.
Queria poder não chorar agora. (Miriam não chores.) Queria dizer que está tudo bem. Na verdade, está tão bem como poderia estar. As partilhas correram pelo melhor, a vontade de minha avó prevaleceu, ela não perdeu nada do que era seu, embora tivesse de pagar por isso. E no entanto, para estar tudo bem eu não teria de ir amanhã ao cemitério.
Mas a vida é assim, não é? E nós vivêmo-la da melhor forma que sabemos. Embora custe.
Às vezes, quando vou na rua e algum homem mais velho passa por mim, eu viro-me para o olhar novamente, porque naquele breve relance, muitos são os rosto que se parecem contigo. É como se estivesse por todo o lado.
Tenho saudades tuas, avô.
Custa crer que já se passou um ano. UM ano.
Lembro-me do teu rosto como se fosse ontem. Tranquiliza-me a certeza de que nunca o vou esquecer. Admiro-te muito e sei que reclamarias comigo se me visses chorar assim, mas isso é porque eu gosto muito de ti.
Tu sabias que eu gosto muito de ti.
Até amanhã, Avô.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Life looks better in Spring

Olho a porta fechada do quarto. A música ainda vibra do outro lado das paredes.
Está tudo bem quando ela toca mais alto que a dor de cabeça.
Mas há quem reclame. A porta já está fechada.
A janela, porém, aberta. Não gosto do calor, de me sentir derreter sem ser por ti.
Os livros reunem-se nas prateleiras. As páginas jamais lidas novamente. Como todos os dias passados.
O Sol da manhã é a droga que me traz aqui.
Quando forem abertas as portas e fechadas as janelas. Quando a Primavera durar mais do que duas semanas. Life looks better in Spring.
Inspiração que desliza nas arestas do pensar e dizer. Ando a sonhar muito também. A fazer filmes, tão completamente, mas não importa. Tenho metas suficientes para o Verão.
A primeira é ler Preparação para o Exame Nacional 2010 História A 12.º.
Mas hei-de encontrar alguma literatura ficcional para me distrair pelo meio.
Quero outra música. Quero esta música.
Ora prestem atenção à letra...


Oh, sweet people
What have we done?
Tell me what is happening?
For all that we’ve built
Tumbles and is gone

Oh, sweet people
Have you no love for mankind?
Must you go on killing
Just to pass the time.

The message is so true
The end is really near
All these feelings take me down
It steals the things so dear
Yes, the message is so real.
Don’t turn all the earth to stone
Because, because, because
This is your home

Oh, sweet people
what about our children?
In theaters and video games
They watch what we send to ruin

Oh, sweet people
What senseless game
Have we all been playing?
No one but you to blame?

The message is so true
The end is really near
All these feelings take me down
It steals the things so dear
Yes, the message is so real.
Don’t turn all the earth to stone
Because, because, because
This is your home

This is our home

Alyosha - Sweet People

(Eurovision 2010 - Ukraine)