domingo, 9 de maio de 2010

Encanto da meia-noite

Há qualquer coisa na noite. No silêncio da casa adormecida, no conhecimento de que todos estão presentes e ninguém saberá. Algo como a segurança de se estar em família e, simultaneamente, se estar sozinho.
Há qualquer coisa em caminhar descalça pelo corredor escuro, atenta a todos os ruídos, como se temêssemos ser surpreendidos. Algo de instintivo em manter as portas sempre encostadas, em olhar por cima do ombro. Adrenalina inconsciente. Medo infantil.
Há qualquer na música que toca sozinha no único quarto desperto, resistindo à ordem que emudece a casa. Qualquer coisa nas teclas rápidas que ninguém ouve, palavras que ninguém sabe que foram escritas àquela hora.
Há qualquer coisa em ser a mão que apaga a última luz. Em não haver voz alguma, ruído algum a perturbar a lenta descida para a inconsciência. Em ter a promessa de segredo das paredes, pacto mudo de confidencialidade.
Há qualquer coisa de tranquilo, de pacífico, de belo, de mágico. Há qualquer coisa de eterno e imutável. Há qualquer coisa de meu.
Qualquer coisa na noite...

1 comentário:

Dark Soul disse...

eu adoro esses momentos... adoro o silencio, a paz e a calma da noite...