terça-feira, 1 de setembro de 2009

Qualquer coisa como uma despedida

Vou de viagem. Parto amanhã, bem cedo, cedo demais para quem com certeza se vai deitar tarde. Destino: fim do mundo. Não literalmente, claro, mas faz justiça ao nome. Suponho que até hajam sítios piores, mas aquele é o pior que conheço. A pouquíssimos quilómetros de uma cidade, na aldeiazinha da minha avó paterna, eu sinto-me a léguas da civilização. Que bom que a vou levar comigo! Tecnologia na mala e biblioteca na bagageira. Ainda assim, o meu querido iPod que faz milagres (bem dito seja que me salva sempre que não tenho computador) não apanha internet em lado algum naquele desterro, por isso vou estar uma semana sem publicar nada. Felizmente que posso escrever (que faria da minha vida se não pudesse?), por isso eu venho cá deixar tudo quando regressar, para os interessados em saber o que pensa uma pessoa do século XXI numa terrinha parada no tempo há pelo menos cem anos.
Suponho que não estou tão pessimista em relação a esta viagem como pareço. Já agora, o motivo é o casamento da minha tia e rezo para que não seja outra valente seca! (Salva-me prima que vais lá estar para me entreter!) Não é nada contra a minha avó, mas eu espero sinceramente que seja a última vez que lá vou (embora duvide). É que para gastar o meu tempo a ler, em casa é mais confortável. E escrever no iPod não é prático (melhor que à mão, garanto, afinal, evita longas horas passando textos, mas não igual ao meu adorável teclado!). De qualquer forma, não pode ser assim tão mau. Bem-haja que as coisas que eu adoro fazer – ler, escrever e ouvir música – se podem fazer em qualquer lugar. Até no fim do mundo. De facto, foi lá que tudo começou, esta grande paixão pela escrita. (Até onde conduz o aborrecimento! Bem, desta vez agradeço-lhe por isto). Há três anos – parece tanto e tão pouco! – naquele parque vazio da escola primária, ao final da tarde, eu sentei-me com um caderno e comecei a escrever. Não lá voltei deste então. Mas escrevi quatro livros, reescrevi os dois primeiros e vou a meio do quinto. Agora volto lá. Bonito, não é? Algo romântico até. Torna-se um pouco impossível odiar aquele lugar. Na verdade, o parque daquela escola sempre foi o refúgio, o jardim das brincadeiras, o lugar para todos os bons momentos. Lembro-o na perfeição, como se fosse ontem. Mas foi na verdade há tanto tempo… Quero lá voltar. Apenas lá, onde tudo começou. Quero fotografar o banco em que me sentei a escrever. Quero mostrar-vos onde o sonho teve início. E se for realmente a última vez, quero ter a oportunidade de trazer uma recordação e de me despedir.
A vocês, até para a semana! Eu prometo que sobrevivo ao fim do mundo e regresso para mais histórias.

1 comentário:

Rafaela Neves disse...

eu salvo.te como semprexD mas compreendo o k keres dizer e sim concordo contigo no meio dakele desterro o sitio de k mais gosto k sempre sera o nosso refugiu e esse parkezinho.