quarta-feira, 7 de abril de 2010

Pergunta

Pergunta-me.
Dá-me um beijo e diz-me adeus. Até um dia.
Até sempre, eu respondo.
Agarra-me com força. Não me deixes ser essa pessoa. Não me deixes partir com certezas.
Sem certezas é mais fácil voltar.
Sabes se sou uma pessoa segura? Eu não...
Confronta-me. Pergunta-me.
E amanhã?
Mesmo que não tenha a resposta, eu sei-a. Obriga-me a dizer a verdade.
Não aceites, nunca aceites, um não sei, um depois.
Eu sei sempre, mesmo quando não sei. Mesmo quando finjo que não sei.
Há sempre portas abertas na minha vida. Até quando volto costas, eu não as fecho. Tens apenas de correr um pouco mais.
Corre. Corre para mim. Não me deixes fugir. Eu fujo demasiado.
Tira os livros das minhas mãos. Faz-me olhar-te nos olhos.
Nos olhos da realidade.
Pergunta-me.
Quem sou eu? E quem és tu, sim, quem és tu?
Alguém, não importa quem.
Segura as minhas mãos e rasga o meu mundo de papel. Sê verdadeiro.
E de verdade não me deixes ir sem perguntares.
Lê tudo, tudo o que eu escrevi. Conhece-me neles, eu pura, nesses.
Depois diz-me o que é mentira, real e ficção.
Mais tarde ou mais cedo, deixa-me ir.
Não venhas atrás de mim, não, não venhas atrás de mim. Segue-me à distância.
À distância a que eu dia vai chegar o meu nome. Em sonhos, em último caso, em sonhos...
Pergunta-me. Mas pergunta-me mesmo.
Vai ser sempre assim?
Outra vez.
Vai ser sempre assim?
E eu, do fundo do coração, respondo:
Sim.

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