domingo, 18 de abril de 2010

No dia do prémio, são premiados os lutadores

"Viver não é parar: é continuamente renascer. As cinzas não aquecem; as águas estagnadas cheiram mal. Bela! Bela!, não vale recordar o passado! O que tu foste, só tu o sabes: uma corajosa rapariga sempre sincera para consigo mesma."
in Diário, Florbela Espanca




















Hoje foi outro dia de chuva. Queria calçar sabrinas ou vestir saia, mas o Inverno não se rende, nem mesmo ao domingo. Contentei-me em vestir de saia a minha irmã, que caprichou para que lhe escolhesse a roupa; reclamou, reclamou, mas lá foi, e estava muito bem!
Isto tudo para ir a Loulé, e não importa que eu vá a Loulé todos os dias, receber o segundo prémio do tal concurso literário, pela segunda vez. A primeira, que foi em Lagos, faz amanhã um ano, foi a segunda postagem deste blog. Estamos quase de parabéns, dia 20. (O 2 pressegue-me =/)
Não foi nada de extraordinário, digo, mas foi importante. O reconhecimento é importante. Mas mais importante que ir alargando a minha colecção de poesia da Sophia, ou juntar outro diploma à parede, foi porventura aquela conversa, os conselhos que a minha professora de Português já me tinha dito, mas por outra boca, fazendo eco, fazendo sentido. Não podemos ficar à espera. Não posso parar e aguardar precisamente por esse reconhecimento. Há que fazer mais e melhor. Há que nunca parar. Tentar, tentar sempre, evoluir e mostrar vezes e vezes. Amanhã, talvez gostes mais do que escreverei amanhã do que do que escrevo hoje. Talvez amanhã me abras a porta. Talvez depois deixes passar tudo o que para trás ficou. "Encher o baú." Essa expressão da minha professora vai ficar, sempre. O meu lá vai enchendo, que cinco livros para dezassete anos é qualquer coisa. E eles lá vão dizendo, mais orgulhosos que eu, e as pessoas admiram-se, e aquelas que conhecem interessam-se, sugerem outros caminhos, que de certo sabem mais do que eu, e eu lá vou, enchendo-me de esperança, desbastando acompanhada o desconhecido, que há que ser humildes e admitir que não podemos fazer tudo sozinhos neste mundo. Não há que deixar os outros fazê-lo por nós, não, mas admita-se que ajuda é sempre precisa, conselhos são sempre necessários de ouvir, amigos são sempre essenciais para vencer, mesmo que nada mais façam que nos encorajar. E família! Um grande obrigada à minha, e a todos os outros, claro, não são precisos nomes para que eles o saibam.
Assim foi, um passo mais. Caminhando devagar, mas são assim as conquistas: primeiro a nossa casa, depois a nossa terra, a seguir o país e, por fim, o mundo. Só o tempo dirá onde cheguei, mas, sei eu, que agora já estou fora de casa.

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