sábado, 3 de abril de 2010

Depois da Viagem de Finalistas

Há muito para contar, tanto, tanto, que não vou dizer nada. Nem metade. Nem um bocadinho. Agora, nada.
Bem dizem eles, o que aconteceu em Ibiza, fica em Ibiza. Muito comprometedor para ser tão claramente exposto. Quem viu, viu. Quem tem de saber, saberá.
De qualquer forma, viagem de finalista, festas, álcool... não é muito difícil adivinhar como tudo acabou.
Ibiza: evite a ressaca, mantenha-se bêbedo.
Não, não levem a sério.

Eu calculo que não esteja a ser muito coerente. Apetece-me escrever, escrever por escrever, matar saudades do toque do teclado nos dedos, do som das teclas ao serem premidas. Saudade do gesto, de mover os dedos automaticamente sem olhar para as letras. Saudades disto. Não importa hoje o que diga, não escreverei nada do que passa ou passou pela minha cabeça nos últimos dias. Foi muito, muito. Em todos os sentidos.
Eu estava no barco ontem à tarde, à espera que chegássemos, e todos a meu redor dormiam já, deitados no sofá. Eu peguei no caderno, aquele que pensava que iria usar mas que lá ficou fechado todos os dias, e tentei escrever. Comecei três vezes, e três vezes risquei aquilo que tinha escrito. Acabei por desenhar... Isto para dizer que os pensamentos desta viagem não são redigíveis.
Talvez o problema não tenham sido os pensamentos, antes os sentimentos. Sensações. De todos os tipos, de amor ao ódio, e não vou explicar. Não sei explicar. Olho para trás e sei que toquei o céu e o inferno quase ao mesmo tempo. A segunda parte é uma metáfora, uma hipérbole até. A primeira também, claro, mas não tanto. Foram mais, muito mais os bons momentos. Mas não foi perfeito.
Comigo nada é perfeito.

Agora sobra uma semana de férias para curar todos os estragos. Sinto-me um caco, e não só pelas noites mal dormidas, isto para não referir as não dormidas. Dói-me de tudo um pouco, e a vantagem está exactamente em ser somente um pouco. Mas, honestamente, não só fisicamente. Este coração... ai este coração. Foram os que não lembrei e deveria ter lembrado — ou que lembrei e inclusive falei, quando estava menos sóbria. Foram aqueles a quem o meu olhar teimava em seguir. Foram esperanças e desgostos de alguém exageradamente consciente mesmo quando alcoolizada, ou que levou demasiado a sério as atitudes dos outros, menos alcoolizados. Não eram aquelas as pessoas com quem eu escolheria ir. Faltaram os amigos do peito. Travaram-se novos conhecimentos, pessoas com quem me cruzava nos corredores da escola sem ao menos saber o nome, e diverti-me imenso, sim, mas não era igual.
Para o ano vou de viagem contigo ;)
Anyway, valeu a pena. Talvez não devesse ter abusado tanto, mas está feito.
Agora são outras memória distorcidas no espelho da vida.
Agora é um passado ainda presente, mas ao contrário do presente, segue sendo inalterável passado.

P.S. Toda a gente diz que é quando estamos bêbados que dizemos a verdade. Eu testemunhei na pele. Sem constrangimentos, desinibida, eu disse várias verdades, algumas que não era suposto, muitas que toda a gente sabia. Mas, mesmo do conhecimento público que os bêbados dizem a verdade, porque ninguém acreditava em mim?

P.S. Para os que não sabem, eu contextualizo: é que eu andei a apregoar pelo corredor que era escritora, que tinha escrito cinco livros, mas que as editoras não queria nada comigo. E pelos vistos, durante mais tempo do que aquele que eu me lembrava. Não me levaram a sério...

1 comentário:

Anónimo disse...

O texto está lindo :)
Faz qualquer finalista pensar ...