quinta-feira, 29 de abril de 2010

Como criança subindo e descendo nas escadas rolantes

Já não sei escrever aqui. Já não sei o que faço aqui. Não me sinto bem. Hoje é verdade, não me sinto bem.

Gosto do vento na cara. Nada mais.

Quero voltar. Ao tempo em que gostava desta música. Ao tempo em que gostava desta companhia. Ao tempo em que gostava do Verão.

Não gosto do Verão. Também não gosto do Inverno. Não gosto de nada. Não gosto de não gostar.

Quero voltar. Ao tempo das fotografias. Ao tempo em que escrevia à mão. Ao tempo em que me sentava na pilha madeira corta para o Inverno, escondida pela copa da árvore.

A árvore foi corta. Não há madeira. Não há Invernos quentes.

Quero parar. Quero ser. Quero encontrar: a verdade nas palavras que escrevo. Quero não ter a necessidade de as escrever como tenho de respirar. Gosto dos dias que se fecham sobre si tranquilos, e nada preciso de dizer. Quando está tudo bem. Não quero estas lágrimas detrás dos meus olhos. Não suporto as lágrimas atrás dos olhos. Antes chorar, dualidade da minha vida, amor e ódio condensado num único acto.

Quero não ser. Tão negra. Havia Lua Cheia quando nasci, mas é como se a minha alma não tivesse luz. Quero acreditar cegamente. Ser menos racional. Não posso. Não consigo.

Quero... Quero um abraço. Agora. Não vou tê-lo. Queria não saber tanto. São mais felizes os ignorantes...

Ouve-me com atenção. Não me ponho de joelhos. Fala comigo. Gosto quando falam comigo. Gosto de ouvir. Sentir atenção nas palavras. Dá-ma só um pouco, não sou exigente.

Queria voltar ao tempo em que ma davam, um pouco suficiente para ser completa.

Já não sei o que digo. Não consigo ficar contente porque o céu branco desta manhã, o céu branco que eu não gostava, já é azul.

Não consigo sorrir. Não consigo já chorar. Sinto-me cheia de nada. Indiferente, como me vêm os outros. Apática.

Não foi das memórias, dos objectos, do quem sou eu de psicologia. Foi antes disso. Antes da primeira palavra já os meus olhos estavam húmidos. Sensibilidade extrema, hoje. Não, progressiva. Sei o que foi. Foram pessoas e mais não digo.

Quero voltar ao tempo em que não havia pessoas. Na verdade, sempre as houve. E eu nunca as amei na medida certa. Há medidas para amar. Uma só. Chama-se equilíbrio.

Não sou equilibrada. Sou de extremos. Ou simplesmente não sou. Apátrida. Às voltas no mundo, à espera que ele mude. À espera de crescer. Sonhando acordada. Imaginando, parada no mesmo lugar.

Como criança subindo e descendo nas escadas rolantes.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

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Estou cansada. Ponto final.

terça-feira, 27 de abril de 2010

26 de Abril, ontem portanto

O estado das tecnologias cá em casa continua igual, agora que estou a escrever isto. Dei-me conta que não é um problema assim tão grande, tirando os trabalhos que vou precisar de fazer e as séries que quero... ainda não inventaram um verbo para “fazer o download” sem ser o reles “sacar”? Anyway, aqui vou escrevendo, para ninguém, para alguém que, um dia haverá de ler.

Hoje, na expressão muito peculiar do jornalista, que me ficou no ouvido, a “Primavera perdeu a vergonha”. Sim, e eu com ela ;) Não sei há quantos anos não ia de saia para a escola, e acreditem, foram mesmo anos. Suponho que ainda não tenha referido essas pequenas alterações que ando a fazer no meu armário, agora que posso, pois ainda é a mãezinha que paga — a ver vamos quando for para a Universidade. Mas o que importa foi que esteve um dia bonito, um bocadinho de calor a mais, mas tanto que o pedimos que agora não nos devemos queixar.

Enfim, estou satisfeita, tranquila. Por nenhuma razão em particular. Não sei do meu livro de Psicologia. Uma amiga minha doente está melhor. Não tenho internet. Ontem escrevi um “fim” num dos contos. A vida é assim, equilíbrios.

Na aula de Psicologia, andamos a vasculhar em revistas imagens e palavras que se identificavam connosco. Houve uma pequena frase que me atraiu. Ao início não percebi ao certo qual o seu significado. Agora, julgo ter agarrado a mensagem.

“Todos andamos à procura do tempo perdido.”


Admito, também eu o procuro. Mas sei e repito para mim própria que há que viver o presente. Aceitar o passado. Aceitar a ignorância quanto ao futuro. Encarar com olhar decidido e mão construtoras o único segundo da nossa vida sobre o qual temos controlo. Esse segundo é o presente.

Uma minha personagem ainda em desenvolvimento diria “nada permanece no presente mais do que o segundo em que acontece”. Tudo o resto é passado e futuro. Tudo o resto está fora do nosso alcance. Tudo o resto é tempo perdido.

Frustrações de 25 de Abril

Alguém ouviu o meu pedido. Cheguei a casa e cá estavam os bons dos rapazitos da PT. Muitíssimo obrigado.
Assim...

Não tenho internet. Quando alguém ler isto, certamente que já a tenho, assim que, espero que seja o mais rapidamente possível. Realmente é uma coisa bastante fundamental no meu entretenimento. (Isto soa um pouco mal, mas ok. Há futilidades e futilidades.) Sobrevivo, claro, mas, dado o pouco incentivo em vir escrever (o que se passa comigo?) e a biblioteca renovada e bastante aliciante (findo o Memorial, agora sou eu que escolho, e bem!), o facto de me faltar a internet não ajuda muito a vir ligar o portátil. Com ele ligado, é mais fácil ganhar coragem para escrever. Torna-se quase uma obrigação, mais que uma necessidade. Escrever o quê? Não, não falo somente do blog. Estou em crise no que a toca à vontade de escrever, escrever (livros, percebem). Quero passar à frente disso. Quero a próxima fase, o próximo capítulo, o próximo enredo. Quero escrever Fim, Fim, Fim. Mas, não, antes arrasto-me inerte, e o problema não é saírem mal as frases ou não ter ideias. O problema, que sempre é o meu problema quando estou com algum, é começar. Abrir a página. Começar a escrever.

Tenho lido muito. Tenho escrito pouco. Não consigo encontrar um equilíbrio. Não está certo. E a estúpida da internet que só me dá frustrações! Pisca, pisca, pisca, depois pára... Será que já funciona? Vou ver... e recomeça a piscar. Queria ver se tivesse algum trabalho importante para fazer... (Por falar nisso, tenho mesmo de começar com História — suspiro)

Tinha-me comprometido com mim mesma em escrever um dos fins hoje. Um dos conto para um tal — outro — concurso. No início achava a ideia da história muito boa. Agora acho que está banal. Mas vou acabar. Vou enviar. Ponho as esperanças na outra, que nem enredo completo ainda tem. Mas para 15 de Maio ainda falta um pouco. Há-de estar acabada.

Enfim, seria inteligente começar agora. Pelo sim, pelo não. Enquanto não dá nada na televisão e não sou puxada como um íman para o livro que estou a ler.

Vou abastecer-me de chocolate primeiro. Pode ser que ajude.


P.S. Hoje é 25 de Abril e eu não vou sair de casa. Bem, estive ontem em Espanha. Viva à liberdade!


Problema Técnico

Estou sem internet em casa. Isso explica muita coisa.
Quero escrever e escrevo. Quero publicar e não posso. Quanto tiver...
Ai se chegasse esta tarde a casa e já funcionasse!...
Vou desregular todo o calendário quando retroceder para pôr o que ficou de um fim-de-semana com um quê de ordinário, outro de aborrecido e outro ainda, maior, de tempo bem aproveitado. Mas quem se importa?
Sonhei com a continuidade de um sonho, ontem ou hoje, sonho esse que não me lembro, mas não era real, e eu sabia ter acontecido. Não faz sentido. Alguma coisa a ver com testes. Não interessa. Apenas olhei para o título do blog e pensei que há muito tempo que não falava dos meus sonhos - aqueles que se tem a dormir.
Acordada, a história é outra.
Ultimamente, tão igual de irreal. Um dia mudo de planeta.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Peaceful















I'm quite like this. Peaceful.

Pergunto-me: porque se chateiam as pessoas? Por que razão se irritam com causas perdidas, teimam e teimam quando, se pensarem um pouco, logo se apercebem de que é inútil. Por que motivo quase ninguém sabe, ou consegue, voltar costas a uma discussão. Eu admito não saber, muitas das vezes...
Vale ou não a pena arriscarmos tudo pelo orgulho de sairmos vencedores? Para não darmos o braço a torcer, torcemos mente e coração.
Algo a pensar...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Um quê de banalidade

Hoje não estou muito "para aqui virada". Mas hábitos são hábitos...
O dia fez-se de uma banalidade agradável, com uma coisinha ou outra menos comum.
Faltei à aula de Direito; não, não foi para ir vadiar. Almocei e fui para a biblioteca municipal, trabalhar em Psicologia. Adiantei o trabalho o suficiente para não me ter de preocupar com ele. Isso deixou-me contente.
Estou agora no quarto da minha irmã. Ela arrastou-me para aqui quando cheguei e não senti necessidade de ir. Está agarrada ao computador como eu. Deve ser vício de família.
Enfim, tenho de ir fotocopiar umas páginas e nem estou muito inspirada para isto.
Há dias assim, simplesmente simples.
Há momentos assim, tranquilos.

terça-feira, 20 de abril de 2010

1º Aniversário

Prometi.
Bolas, agora não sei o que dizer!
Foi um ano e tantas, tantas palavras, histórias, emoções. Sei bem como começou, com a promessa de escrever todos os dias.
Não cheguei às 365, mas quase.
Às vezes não há simplesmente a oportunidade.
Tem sido para mim diário, sim, e não mais um blog, onde lá vou uma vez por semana, ou cinco vezes em cinco dias, e então um mês de vazio... Não, este aqui eu mantive-o actual, diário, mesmo quando não sabia nem o que dizer. No final, sempre surgia alguma coisa.
Orgulho-me.
Orgulho-me de muitas coisas na vida.
E diverte-me imaginar que, daqui a muitos anos, vou dizer para mim: Em que pensava eu no dia 26 de Maio de 2008? Depois venho cá e descubro. Por essa razão eu nunca, nunca, jamais, apago os meus blogs.Se assim não fosse, não passearia eu pelos comentários feitos andava eu no 8º, 9º ano. Como sorri, perante a ingenuidade, perante a amizade, perante as memórias.
Um dia tudo o que teremos serão memórias.
Por isso, é para continuar. Um ano depois e esta necessidade de escrever diariamente é maior, já não posso encher dias somente com uma foto ou um poema, não nas últimas semanas. Escrever é reflexão, é alívio, é o assentar da poeira ao fim do dia, olhar para as horas passadas, ver o que ficou, o que valeu a pena, o que se aprendeu; olhar a nossa alma naquele momento, mesmo cansada, triste ou feliz, e aceitá-lo como parte do caminho.
Escrever, aqui, todos os dias, para mim, é esperança.
Não sou uma pessoa optimista por natureza.
E, por alguma razão, saber que alguém lê, obriga-me, de uma forma que não compreendo, a não ser tão pessimista, a acreditar no Sol da amanhã quando hoje chove, porque todos sabem que as pessoas se influenciam, e eu quero fazê-lo da forma correcta. Pensando positivo. Acreditando.
Realismo à parte, que o sou e muito, há que viver com alguma esperança, senão já não vivemos. Esperanças reais, sonhos reais.
Desde que sonhos.
Porque a realidade é toda ela um sonho. E como os sonhos, há os bons e os maus. Como os sonhos, podemos acordar. É somente um pouco mais complicado do que abrir os olhos.

Um ano depois, e eu ainda acredito que vida seja sinónimo de sonho.
Que viver é sonhar.












Photo by a14onymus

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Os prazeres da minha vida

Havia qualquer coisa que eu queria dizer. Qualquer coisa que eu me havia lembrado, e andava a par com a necessidade de encontrar o caminho até aqui.
Não sei o que foi.
Assim, por ideia e sugestão de uma grande amiga minha — grande num bom sentido, no melhor dos sentidos — vou deixar de lado o que quer que era suposto escrever, e fazer uma lista das coisas que mais me dão prazer fazer.
Tentarei fazê-lo por ordem, mas não prometo nada. (;
Ora espreitem:

— Escrever, claro está, romances, poemas, histórias de 5, 50 e 500 páginas, cartas, desabafos, letras... o que me vai na alma e o que vai na alma de quem não existe. Dar as palavras à páginas branca, enchê-la, preencher o vazio, criar. CRIAR.
— Ler. Nos eleitos, livros com uma colher de romance e outra de sobrenatural; a minha receita perfeita.
— Ouvir música, em qualquer momento, em qualquer lugar. Não qualquer música, mas enfim, há que ser um pouco esquisito. Para concentrar, para embalar os pensamentos, adormecer, para encher a mente, ocupar o tempo, chorar, rir. Amar.
— Sonhar acordada, horas e horas, imaginar, perder-me em diálogos com as minhas personagens, na pele delas, na minha. Falar sozinha, não importa o que digam. Sentir as palavras a verter na minha mente, como poema que nunca chegará ao papel, e reclamar, uma e outra vez, pela falta de um gravador de pensamentos.
— Sentar-me no chão do quarto, ou da sala, e montar um puzzle. Por falar nisso, tenho um mal começado, mas tempo... Quando acabar o livro em que estou a trabalhar, vou fazê-lo. É nesses momentos, música nos ouvidos, peças nas mãos frias, olhar atento, que a mente divaga e as ideias vêm. Momento de inspiração, de criação. Preciso!
— Ver filmes, séries, comendo pipocas doces com chocolate, a invenção mais recente da minha mãe. Ai, chocolate! E qualquer coisa boa na televisão, acção e suspense, romance e sobrenatural; já sabem os ingredientes.
— Desenhar, para aqueles momentos em que nada nem ninguém apetece, somente um pouco de tranquilidade, fugir à rotina, que tirando os rabiscos das aulas, é coisa excepcional. Mas quando o é, sabe bem, seja a lápis, a esferográfica. Ah, a caneta! O cheiro da caneta riscando o papel, seja ou não delírio do meu nariz, cheira-me a mim a amêndoa amarga, tão bom!, que me faz lembrar a galette de rois que a minha avó faz na altura dos Reis.
— Passear, à chuva, ao Sol, sozinha, ou não, mas apreciar a paisagem, saciar os olhos no mundo, se for ele novo melhor ainda, e tirar fotografias, captar cada detalhe para depois recordar, ou não, simplesmente gozar o momento em que objectiva capta o espaço e o engole, eternizando aquele grão de areia do tempo.
— Conversar com um amigo com quem não falava há muito tempo, perdoem-me aqueles com quem falo todos os dias, e recordar por que gostava de tal pessoa, descobrir como ela ainda me consegue fazer sorrir, como ainda me conhece, como o passado não é página de diário deitada ao lixo.
— Sorrir, então não, rir até me doer a barriga, chorar de felicidade, não conseguir tirar aquele estúpido sorriso orgulhoso do rosto, saltar-me os parafusos e comportar-me como um criança eufórica, são raras as vezes, testemunha-as mais a minha irmã e a minha prima, que a loucura delas às vezes é contagiante.
— Andar de bicicleta e sentir o vento da cara, a liberdade, pura e simples, de viver somente o instante. E viver, sim. Os bons e os maus momento, que é assim a vida. Acima de tudo, VIVER.
— E mais, mais, mais. Sentir a chuva no rosto. Chorar por ouvir aquela música especial. Recordar. Acabar um livro. Abraçar um amigo. Ouvir e sentir como somos importantes e como gostam de nós. Dizê-lo. Observar o mundo, os outros. Alcançar objectivos por mim marcados. Prometer e cumprir. Acreditar. Partilhar. AMAR.

Nunca escrevam a palavra fim. Há sempre algo mais a dizer.

domingo, 18 de abril de 2010

No dia do prémio, são premiados os lutadores

"Viver não é parar: é continuamente renascer. As cinzas não aquecem; as águas estagnadas cheiram mal. Bela! Bela!, não vale recordar o passado! O que tu foste, só tu o sabes: uma corajosa rapariga sempre sincera para consigo mesma."
in Diário, Florbela Espanca




















Hoje foi outro dia de chuva. Queria calçar sabrinas ou vestir saia, mas o Inverno não se rende, nem mesmo ao domingo. Contentei-me em vestir de saia a minha irmã, que caprichou para que lhe escolhesse a roupa; reclamou, reclamou, mas lá foi, e estava muito bem!
Isto tudo para ir a Loulé, e não importa que eu vá a Loulé todos os dias, receber o segundo prémio do tal concurso literário, pela segunda vez. A primeira, que foi em Lagos, faz amanhã um ano, foi a segunda postagem deste blog. Estamos quase de parabéns, dia 20. (O 2 pressegue-me =/)
Não foi nada de extraordinário, digo, mas foi importante. O reconhecimento é importante. Mas mais importante que ir alargando a minha colecção de poesia da Sophia, ou juntar outro diploma à parede, foi porventura aquela conversa, os conselhos que a minha professora de Português já me tinha dito, mas por outra boca, fazendo eco, fazendo sentido. Não podemos ficar à espera. Não posso parar e aguardar precisamente por esse reconhecimento. Há que fazer mais e melhor. Há que nunca parar. Tentar, tentar sempre, evoluir e mostrar vezes e vezes. Amanhã, talvez gostes mais do que escreverei amanhã do que do que escrevo hoje. Talvez amanhã me abras a porta. Talvez depois deixes passar tudo o que para trás ficou. "Encher o baú." Essa expressão da minha professora vai ficar, sempre. O meu lá vai enchendo, que cinco livros para dezassete anos é qualquer coisa. E eles lá vão dizendo, mais orgulhosos que eu, e as pessoas admiram-se, e aquelas que conhecem interessam-se, sugerem outros caminhos, que de certo sabem mais do que eu, e eu lá vou, enchendo-me de esperança, desbastando acompanhada o desconhecido, que há que ser humildes e admitir que não podemos fazer tudo sozinhos neste mundo. Não há que deixar os outros fazê-lo por nós, não, mas admita-se que ajuda é sempre precisa, conselhos são sempre necessários de ouvir, amigos são sempre essenciais para vencer, mesmo que nada mais façam que nos encorajar. E família! Um grande obrigada à minha, e a todos os outros, claro, não são precisos nomes para que eles o saibam.
Assim foi, um passo mais. Caminhando devagar, mas são assim as conquistas: primeiro a nossa casa, depois a nossa terra, a seguir o país e, por fim, o mundo. Só o tempo dirá onde cheguei, mas, sei eu, que agora já estou fora de casa.

sábado, 17 de abril de 2010

Nem sei

Nem sei, nem sei.
Outras histórias esperam por mim.
Ontem só escrevia cartas. De saudade e amor. Lágrimas.
Tenho de viver menos as minhas personagens. Algumas. Seria mais saudável.
Quero acabar este conto. Prometi que seria este fim-de-semana. Não vou ter tempo.
Nem sei, nem sei.
Vou.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Não se vai o Inverno

Choveu. Como se o céu não tivesse fim. E houvesse nuvens atrás de nuvens.
Caiu granizo, ia eu dentro do carro.
Fez vento. Pergunto-me quem inventou os guarda-chuvas.
Houve relâmpagos. Únicas luzes num dia que parecia noite. Cinzento.
E trovoada, que estes dois são inseparáveis amantes, embora corra o segundo sempre atrás.
É Abril. Águas mil? Um milhão.
Primavera, diz-se, mas ao Sol nem vê-lo. Às flores, na florista. E cores? Em sonhos.
Foi assim, hoje. Molhado.
O Algarve precisa de umas galochas.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A culpa é do Memorial

O hoje fui vulgar. Com tosse. Lenços. Rebuçados para a garganta. Coisas de gente doente.
Preciso de dormir mais. Mas chega a noite e vontade nem vê-la. Contudo, à tarde, é a ler, é a ver filmes, pesam as pálpebras e vem o sono.
Descobri a origem dos estranhos pensamentos, versos que não são versos, não há rima, mas frases sem fim quebradas em vírgulas. São páginas e páginas assim, trezentas e algo por agora, é normal que tal forma de escrita se venha entranhando, nos pensamentos e na minha própria escrita. Falo então do Memorial. Se leram Saramago deve perceber ao me refiro. Não acho que seja nenhuma retrocesso na aprendizagem. Digam o que disserem dele, eu gosto, detalhes históricos à parte, que verdade seja dita, é melhor que um manual de História.
Não me alargo hoje. Vou voltar ao Memorial. Quero acabá-lo depressa, que tenho outros livros em vista. Melhores histórias, não escrita, mas não se pode ter tudo.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Consciência estranha e outras coisas

Tive uma noite estranha. Acordei com uma consciência estranha. Uma voz que era a minha mas não pensava como eu. Era como se fizesse dos pensamentos um poema. Bem, era mesmo minha. E não se calava. De novo aquela história de gravadores de pensamentos...















Foi a noite. Ainda não caíra em sono profundo, ainda meio acordada, e já sonhava. Ridículo. Mas sonhava mesmo. Talvez delirasse. Acordada e a dormir ao mesmo tempo. Pois, impossível. Mas lembro-me de entreabrir e os olhos e nas sombras da cama ver a imagem do sonho desvanecer. Isso talvez explique a estranheza a mais na minha cabeça esta manhã.
Não me lembro de absolutamente nada, mas no desfazer do sono inconsciente, pela madruga, eu sei que andei a sonhar. Mais. Talvez a noite toda. Sentia-me ao acordar como se nem tivesse dormido. Mas os pensamentos disparavam, ilógicos, em versos sem rima, curtos e sem sentido. Como aquele poema que surgiu depois na aula de História. As aulas de História são sempre um problema. Lamento. Eu tento. Mas fico pela tentativa, porque muito pouco ouvi. Pudera. Ainda foram quatro páginas de divagações em verso. Se alguém quiser espreitar, está no meu blog dos poemas. Ando a escrever muitos nos últimos dias. Deve ser porque a minha mente está um tanto ou quanto ilógica e, bem, num poema, isso não se nota tanto. É mais facilmente disfarçável, se é que me entendem.
Talvez seja da doença, esta trindade nada santa de constipação, tosse e dor de garganta. Mas já fui à farmácia. É claro que a chuva, o vento e o debate de Direito (pobre voz) não ajudaram em nada. Isto é o que a escola faz a uma pessoa.
Há ainda a remota possibilidade de tudo isto, doença, claro, mas sonhos estranhos também, serem consequência do excesso de álcool do sangue. Será que matei alguma parte importante do meu cérebro? Não era assim, alucinada. Mas não estou preocupada.

Apercebi agora de uma coisa interessante. Dia 20 este blog faz um ano. O primeiro post, fora a apresentação, foi de 19 Abril, fora eu a Lagos, receber o mesmo 2º prémio do mesmo concurso que este domingo, 18 Abril, vou receber, agora em Loulé. Terei de escrever algo especial então. Não será problema. A literatura vai com as vontades, variáveis, mas ando com boa inspiração, necessidade, de vir aqui escrever.
Assim, até amanhã.

P.S. Notou-se que hoje estava de melhor humor. Acontece, lamento.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Humor ou falta dele

Posso ao menos estar impertinente quando estou doente?

Lamento se não consigo um humor tolerante a piadas e infantilidades. Lamento se acordei demasiado séria. Lamento que não me apeteça falar; que não me apeteça nada para dizer a verdade. Lamento que me doa a garganta e não pare de tossir.
Para o inferno com quem se sinta incomodado com respostas tortas! Agora estou irritada.
Nisto dá a insistência. Uma pessoa cansaça-se.

Até amanhã. Hoje não estou para ninguém. Para vosso bem.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Doente, digo

"Dói tudo de todas as maneiras, suavemente"














Sinto-me cansada, doente. Dói-me isto e aquilo, mas não é grave. Um incómodo. Um grande incómodo. Hei-de sobreviver. Não me chateia a voz rouca. Aborrece-me o gasto extraordinário em lenços de papel. Tenho medo da fraca dor de garganta que vai e volta. É que eu tenho um historial de amigdalites bastante extenso.
Hoje foi o primeiro dia de aulas e tudo parecia o mesmo. O toque da campainha sempre pontual, embora por vezes demasiado cedo, outras demoradamente tarde. A conversa dos professores foi mais do mesmo, e ainda agora regressamos e já vamos acumulando trabalhos. Pessoalmente, não me encantam as matérias. Ainda sobrevivi de bom grado, arrastada, é certo, porque queria faltar, a Educação Física. Apesar de tudo, o exercício nem sempre é bom para a saúde.
De qualquer forma, faltam menos de dois meses e pressinto que tudo de vai precipitar até olhar para trás e dizer: já acabou? Exames à porta e universidade a caminho. Por agora, quero apenas pôr-me boa. Sentir-me enérgica, mais não seja para não me atolar na inércia das aulas e poder gritar como deve ser.
Saúde é uma coisa que faz muita falta...

domingo, 11 de abril de 2010

Desde que haja Sol

Somos como plantas, precisamos de Sol.
Isto porque me vieram lembrar que os meteorologistas prevêem chuva para esta semana.
Não, eu não vou falar sobre o tempo.
Mas fica a nota: eu quero o Sol. Quero a Primavera.

Sinto-me capaz de ficar uma semana na cama. Dói-me um pouco de tudo, menos, felizmente, a cabeça. Com o resto aguenta-se bem, desde que se tenha a cabeça operacional. É sempre uma necessidade mais do que por bem estar. Diz isto quem dela precisa para tudo o que pode ser chamado de um bom e agradável uso do tempo — em linguagem do povo, passatempo.
Isto para dizer que amanhã recomeçam as aulas e eu não estou nas melhores condições físicas — um ponto de interrogação para as intelectuais, embora aparentemente não haja problema com elas, tirando os sonhos meio alucinados que tive esta noite. Não vou nem comentar isso, até porque pouco me lembro.
E ficamos por aqui.

Hei-de sobreviver ao amanhã. Desde que haja Sol.


sábado, 10 de abril de 2010

Felicidade são momentos

Hoje ia na estrada de bicicleta, com as três miúdas do meu coração, e pensei:
Sou uma pessoa feliz.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Na Sombra

Conhecemos a luz, mas na sombra vivemos.
Queremos a luz, mas na sombra nos acolhemos.
Na sombra sonhamos...
Ao Sol, à luz do dia, aos olhos de todos, é a realidade.
Por muito sombria, a realidade é sempre à luz, mesmo dos olhos cegos que não a querem ver. Sim, não se enganem, pouca da realidade se escreve à sombra.
À sombra estão os enganos da alma, os mistérios do ser, os enigmas do viver.
À sombra escrevem-se as linhas da história que ninguém conhece. À sombra são os bastidores.
À sombra jaz o que ninguém sabe e ninguém compreende, porque à sombra não se vê.
A noite é sombra, e à noite dormimos. Na sombra esquecemos. Na
sombra sonhamos, sim, na sombra sonhamos...







Na sombra fica a memória do que um dia foi luz.


quinta-feira, 8 de abril de 2010

Half-awake

Estava com muito sono e quase a deixar-me dormir.
Agora estou aqui e quero estar acordada.
Não sei o que fazer...
Estou farta de não ter fotos no portátil para publicar =/

One upon a time
I read you a bedtime story
And no, I can't remember
Who read once to me
Or if somebody ever did...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Pergunta

Pergunta-me.
Dá-me um beijo e diz-me adeus. Até um dia.
Até sempre, eu respondo.
Agarra-me com força. Não me deixes ser essa pessoa. Não me deixes partir com certezas.
Sem certezas é mais fácil voltar.
Sabes se sou uma pessoa segura? Eu não...
Confronta-me. Pergunta-me.
E amanhã?
Mesmo que não tenha a resposta, eu sei-a. Obriga-me a dizer a verdade.
Não aceites, nunca aceites, um não sei, um depois.
Eu sei sempre, mesmo quando não sei. Mesmo quando finjo que não sei.
Há sempre portas abertas na minha vida. Até quando volto costas, eu não as fecho. Tens apenas de correr um pouco mais.
Corre. Corre para mim. Não me deixes fugir. Eu fujo demasiado.
Tira os livros das minhas mãos. Faz-me olhar-te nos olhos.
Nos olhos da realidade.
Pergunta-me.
Quem sou eu? E quem és tu, sim, quem és tu?
Alguém, não importa quem.
Segura as minhas mãos e rasga o meu mundo de papel. Sê verdadeiro.
E de verdade não me deixes ir sem perguntares.
Lê tudo, tudo o que eu escrevi. Conhece-me neles, eu pura, nesses.
Depois diz-me o que é mentira, real e ficção.
Mais tarde ou mais cedo, deixa-me ir.
Não venhas atrás de mim, não, não venhas atrás de mim. Segue-me à distância.
À distância a que eu dia vai chegar o meu nome. Em sonhos, em último caso, em sonhos...
Pergunta-me. Mas pergunta-me mesmo.
Vai ser sempre assim?
Outra vez.
Vai ser sempre assim?
E eu, do fundo do coração, respondo:
Sim.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O Sonho

Whisper in the yard and turn the trees all into toys
Lay there on the ground, and turn the dirt into your joy
From what I see and what I know, it's all been boring lately
So I suggest we trade a question mark in for a maybe
Time your riddles right, and make a point that has no sense
Make sure that you're smiling, and the money's been well spent
Innocence and ignorance, it all goes hand in hand
I'm not sure that I'm right, but I hope you'll understand
I hope that you're still searching for the start that has no end
And all the plastic people have now become your friends
Before you start to drift and your soul begins to scream
I just wanted to tell you that you're listening to a dream

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O que mostram os espelhos

Quem somos nós, esses que mostram os espelhos?
Eles, talvez, não nós. Ou uma outra parte de nós. A crítica. A vaidosa. A exterior.
Ainda nós, esses nos espelhos, ou alguém mais?
Sempre me intrigou, e ao mundo, essa perfeição invés à realidade. Reflexo...
Ao contrário. Eles e não nós... Fieis. Não sei, nem sempre.
Um mimo ou um susto, carinho ou vingança.
Espelhos que me mostram vós, eu ou eles? Sonho ou pesadelo?
Verdade ou mentira?

Ainda não gosto do que me mostram os espelhos...

domingo, 4 de abril de 2010

Repercussões

Nem sei o que aconteceu hoje. Andei pela casa algo sonâmbula, sentindo-me - ainda - um caco.
Olhar aos espelhos? Não, nem por isso. É mais saudável. Ainda - ainda - não me mostram uma visão muito boa.
Vê-se mesmo que andei uma semana na "boa vida". É tosse, é constipação, é a garganta.
"Foste inteira e voltaste aos pedaços." Alguém cá em casa disse qualquer coisa parecida.
Hoje dormi até à hora do almoço, agora estou bem desperta e sei que o meu mal não é sono. Mas em compensação tenho muitos outros males.
Hoje também só liguei o telemóvel à tarde. Tocou e tocou e tocou. 10, 11 mensagens. Metade era dele. Hello!! Amizade, okay. Isto é um bocadinho de insistência a mais. Mas vão-lhe lá explicar isso.
Eu não respondi a ninguém... Será que percebeu a mensagem?
Não interessa.
Também andei a brincar com as fotos - paisagens, só paisagens - que tirei.
Ibiza...

sábado, 3 de abril de 2010

Depois da Viagem de Finalistas

Há muito para contar, tanto, tanto, que não vou dizer nada. Nem metade. Nem um bocadinho. Agora, nada.
Bem dizem eles, o que aconteceu em Ibiza, fica em Ibiza. Muito comprometedor para ser tão claramente exposto. Quem viu, viu. Quem tem de saber, saberá.
De qualquer forma, viagem de finalista, festas, álcool... não é muito difícil adivinhar como tudo acabou.
Ibiza: evite a ressaca, mantenha-se bêbedo.
Não, não levem a sério.

Eu calculo que não esteja a ser muito coerente. Apetece-me escrever, escrever por escrever, matar saudades do toque do teclado nos dedos, do som das teclas ao serem premidas. Saudade do gesto, de mover os dedos automaticamente sem olhar para as letras. Saudades disto. Não importa hoje o que diga, não escreverei nada do que passa ou passou pela minha cabeça nos últimos dias. Foi muito, muito. Em todos os sentidos.
Eu estava no barco ontem à tarde, à espera que chegássemos, e todos a meu redor dormiam já, deitados no sofá. Eu peguei no caderno, aquele que pensava que iria usar mas que lá ficou fechado todos os dias, e tentei escrever. Comecei três vezes, e três vezes risquei aquilo que tinha escrito. Acabei por desenhar... Isto para dizer que os pensamentos desta viagem não são redigíveis.
Talvez o problema não tenham sido os pensamentos, antes os sentimentos. Sensações. De todos os tipos, de amor ao ódio, e não vou explicar. Não sei explicar. Olho para trás e sei que toquei o céu e o inferno quase ao mesmo tempo. A segunda parte é uma metáfora, uma hipérbole até. A primeira também, claro, mas não tanto. Foram mais, muito mais os bons momentos. Mas não foi perfeito.
Comigo nada é perfeito.

Agora sobra uma semana de férias para curar todos os estragos. Sinto-me um caco, e não só pelas noites mal dormidas, isto para não referir as não dormidas. Dói-me de tudo um pouco, e a vantagem está exactamente em ser somente um pouco. Mas, honestamente, não só fisicamente. Este coração... ai este coração. Foram os que não lembrei e deveria ter lembrado — ou que lembrei e inclusive falei, quando estava menos sóbria. Foram aqueles a quem o meu olhar teimava em seguir. Foram esperanças e desgostos de alguém exageradamente consciente mesmo quando alcoolizada, ou que levou demasiado a sério as atitudes dos outros, menos alcoolizados. Não eram aquelas as pessoas com quem eu escolheria ir. Faltaram os amigos do peito. Travaram-se novos conhecimentos, pessoas com quem me cruzava nos corredores da escola sem ao menos saber o nome, e diverti-me imenso, sim, mas não era igual.
Para o ano vou de viagem contigo ;)
Anyway, valeu a pena. Talvez não devesse ter abusado tanto, mas está feito.
Agora são outras memória distorcidas no espelho da vida.
Agora é um passado ainda presente, mas ao contrário do presente, segue sendo inalterável passado.

P.S. Toda a gente diz que é quando estamos bêbados que dizemos a verdade. Eu testemunhei na pele. Sem constrangimentos, desinibida, eu disse várias verdades, algumas que não era suposto, muitas que toda a gente sabia. Mas, mesmo do conhecimento público que os bêbados dizem a verdade, porque ninguém acreditava em mim?

P.S. Para os que não sabem, eu contextualizo: é que eu andei a apregoar pelo corredor que era escritora, que tinha escrito cinco livros, mas que as editoras não queria nada comigo. E pelos vistos, durante mais tempo do que aquele que eu me lembrava. Não me levaram a sério...