quarta-feira, 4 de novembro de 2009

De cabeça contra a parede da realidade. Porque não foi só um sonho.

As coisas não estão bem. Não, no fundo, ainda não está “tudo bem”. Isso faz de mim uma mentirosa todos os dias, não?

Cheguei a um momento em que preciso de parar e pensar na vida. Aqui, esta noite. Seriamente. Percebi-o quando me dei conta de que estava a ser tudo o que condeno quando me vi chateada por futilidades, porque quis ir às compras e não encontrei o que pretendia. E porque acabei satisfeita quando sempre cheguei a casa com sacos. Mas não, isso não me fez realmente mais feliz. Não resolveu nada.
Ainda há cabides vazios no armário…

Estava a sonhar quando acordei esta manhã. Na verdade, aconteceu algo incrivelmente estranho. Sendo o meu despertador a minha mãe, eu somente me lembro de me levantar e ir-me vestir, sem olhar ao relógio, com a simples noção de que está na hora. Como se ela tivesse ido lá acordar-me. E bem, foi. Mas eu não o recordo de todo. De qualquer forma, o importante aqui foi o sonho. Não me lembro de nada senão do fim. Nada absolutamente, a não ser que eu havia discutido com a Ana. E não foi nada bonito. No que ficou…

Estava à saída da escola. Ela deu-me costas e foi-se embora em direcção à mata; o seu caminho é pelo outro lado. Ela não vai para a rodoviária, ela vai a pé para casa. E não estava sozinha. Entre a nebulosidade da memória, eu penso que era outra amiga que deixei partir. Do nada, sem razão, sem sentido; ali estava como uma sombra do que voltava a acontecer. E, inexplicavelmente, eu sabia que o ano lectivo estava já no fim, e eu ia para fora do Algarve…
Então eu gritei algo como: “Não te esqueças de mudar o número de telemóvel, para depois eu não conseguir entrar em contacto contigo”.

Hoje não a vi. Não sei há quanto tempo não falamos para além do “Bom dia”. Bem, na verdade até sei. A última vez foi quando ela me puxou pelo braço e quis saber a minha versão da história sobre o trabalho de português e a confusão que eu arranjei intencionalmente quando o decidi fazer sozinha sem avisar. Custa, dói realmente, porque a “lesada”, chamemos-lhe, ainda que não esteja de graças comigo, fala-me bem, e há aquele caminhar para a normalidade nas viagens de autocarro. Mas a Ana não anda de autocarro. Eu falava-lhe nos intervalos. Agora não passo os intervalos com elas, e faço-o porque me sinto melhor assim. Mas essa estranheza, esse olhar como se fosse alguém indiferente, esse quase desprezo de cada vez que vou ter com elas… Como um estalo na cara com o recado “estás fora”. E não podem dizer que não tentei. Mas vê-los com o novo vício das cartas, olhar somente em silêncio, como se não estivesse ali; pior, como se não pertencesse ali, agora e nunca. Eu queria poder dizer isto a elas. Mas para quem me conhece bem, sabe que é engolir, calar e seguir em frente. E desta vez para longe.
Mas realmente que custa. E não é a primeira vez que sonho com ela. Há uns dias sonhei que vinha falar comigo. Nem sei porque, mas o simples facto de se lembrar que ainda existo… Eu nunca me esqueci dela. É aquela amiga de infância, do infantário, a que sempre ficou… Mas ainda amiga? Posso chamar isso?
………………………………………….
Sim, agora estou a chorar……………….
……………………………………………
Eu não acho que possa acabar isto. Ainda havia muita coisa de que eu queria falar, mas simplesmente ela… Eu supunha que era boa com as separações. Não me custou daquela outra vez, a outra que surgiu no sonho (que, por coincidência ou não, fez anos ontem e eu nem lhe dei os parabéns)… Não acredito que fosse custar tanto com o “trio do bus”. Mas ela… Desde criança…
Não sei se a culpa é minha. Mas, bolas, eu vou lá cumprimentá-la e mal me olha nos olhos certas vezes! Não tinha que me puxar pelo braço para falarmos, eu já me fui sentar à sua “mesa da batota”. E era como se lá não estivesse. Realmente não penso que faça falta. E no entanto, custa. Custa porque ela sabia. Ela era a única que sabia e que não devia recriminar-me por me afastar, porque eu lhe falara este Verão. Conversámos mais do que uma vez sobre quem nos amarrava, como devíamos abrir o círculo das amizades, de mudar. Ela parecia mais confiante em fazê-lo que eu. Mas resultou no contrário. Ela continua lá. Eu não. E ela não parece gostar disso. O que é tão, mas tão injusto!
……………
Secaram as lágrimas. Mas ainda dói. E dói mais por não conseguir ver mais do que uma queda progressiva para esta amizade. Ou que o resta dela, se é que é alguma coisa. Parecia que sim no Verão. Ela escutou-me quando eu precisei, ainda passamos umas boas tardes juntas, como era dantes…
Sinto frio, muito frio. E as lágrimas estão a vir. Já devia ter parado, isto está tão longo… Mas é como pôr um ponto final e deixar para lá. Fingir que acabou. Não. Apenas secarei as lágrimas, mas a mágoa continuará lá.
Esperando outro sonho para vir ao de cima…

P.S. Está é só uma razão porque não está tudo bem. Mas eu não quero mais pensar no resto hoje. Sinto a detonação perto. Não quero atiçar mais a chama. Amanhã vai haver um sorriso, haja o que houver. Apenas não outro sonho com ela, por favor.

3 comentários:

Cláudia Oliveira (The Vegan Cashier) disse...

Infelizmente, eu sei como é perder uma amizade de anos, e de um dia para outro passar a nos olharmos como se nunca nos tivéssemos conhecido... :/

Acho que nunca passa mas... Se não é assim tão importante para elas, é porque devemos seguir em frente... apesar de custar ;)

catharà disse...

podia ser um grande comentario sobre o assunto.e apetece-me, mas a minha opiniao e um ombro amigo no muro branco ou nas escadinhas, ao sol.

e agra, ou qnd poderes fala cmg no msn para falarmos sobre psicologia

catharà disse...

podia ser um grande comentario sobre o assunto.e apetece-me, mas a minha opiniao e um ombro amigo no muro branco ou nas escadinhas, ao sol.

e agra, ou qnd poderes fala cmg no msn para falarmos sobre psicologia