segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Afogada

Se houvesse um adjectivo seria afogada.
Afogada na tua ausência. Afogada nas memórias reflectidas num qualquer rosto velho que vejo na rua. Afogada na certeza de que aquele jamais serás tu.
Sim, se pudesse pô-lo em palavras, seria assim. Afogada nas lágrimas que já só caem quando a angústia é grande demais para o suportar. Quando algo rompe a cálida monotonia do dia e trás as lembranças de ti.
Afogada, sim, na certeza de que o amanhã será igual a hoje. A noite cairá fria e ela virá ao meu quarto dar-me as boas noites com um voz fraca e frágil. Para ela, o Inverno começou em Junho, e não mais acabará.
Afogada, porque é a única palavra que pude encontrar. Talvez pelo frio; parece mentira que agora me sinta quente. O que não é nada. Sinto-me tão substancial como um fantasma, e certamente estou tão ausente do mundo como um.
Afogada pelo sufoco, pelo nó na garganta que não me deixa falar. Por olhar através do vidro e encontrar pontos luminosos brilhando na escuridão. Pela dor de cabeça, pelo enjoo. Pela sensação de rumar para o nada, nem para cima, nem para baixo, entre a colisão das correntes, à deriva...
Afogada entre as barulhentas ondas que falam entre si. Sentindo-me mal de todas as formas. Eu só quero chegar a casa. Eu só queria fechar os olhos e não os sentir molhados por lágrimas que sei que não irão cair.
Afogada porque estou sozinha. Afogada somente porque não há ninguém para me dar a mão e me salvar.
E afogada porque não estás aqui para, com um sorriso ou umas palavras brincalhonas, fazer o Sol brilhar por um momento.
















P.S. – 1 hora depois – Estava enganada.


P.S. – 2 horas depois – Sim, conseguiste, Du!

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