terça-feira, 30 de novembro de 2010

Desejo Paradoxal

Esta noite fria é minha e tua, para recordar os desejos perdidos de ser o que nunca fomos. No abraço incerto deste meu corpo, não há memórias, apenas lembranças, e na solidão dos cobertores, o calor nunca é quente. Ao som da música que bate com força entre os pensamentos dispersos desta mente, já caíram demasiadas lágrimas, mais do que chora hoje o céu.
A poesia é algo que já não me inspira confiança. Quebrem-se ou não as palavras, amontoem-se ou alinhem-se as palavras, o caminho sem fim que um cérebro poeticamente programado traça leva sempre à mesma crua realidade.
Os olhos comem mas não alimentam a alma.
A necessidade corrói um ser por dentro, e as mão andam cegas a apalpar o mundo, mas só virando a pele do avesso poderíamos absorver alguma coisa. Estamos cirurgicamente fechados ao prazer. Tudo é tão efémero que se torna inútil, tudo está tão visto que somos cegos. E água já não basta para matar a sede.
O tempo é a eterna constante do nada, e para nada há sempre tempo. Esperamos e desesperamos, estranhamos mas entranhamos; as palavras dos outros são a nossa voz no futuro. Amamos e prendemos, mas odiamos que nos prendam.
Somos um paradoxo caminhante e está tudo dito.
Uma vez mais, como tudo na vida, o começo é sempre o mesmo. Mas os finais variam a cada momento.

1 comentário:

Rafaela Neves disse...

tens razao priminha. somos um grande paradoxo mas nao concordo contg kuando dizes k estamos fechados ao prazer. simplesmente temos que encontrar os prazeres certos