Faço a mim mesma esta promessa inconsequente de que hoje vamos escrever alguma coisa a sério, e enfrento a realidade de que ou estou muito inspirada hoje — dado o número de páginas satisfatório que acumulei hoje — e isto vai sair bem, ou já esgotei o stock de ideias brilhantes e... seja o que Deus quiser.
Verdade seja dita que após isto bato contra uma valente parede de "e agora?".
Suponho que não esteja consciencializada. Com a história da Universidade e tal, e Aveiro e afins. A minha mãe perguntou-se se eu estava ansiosa — ou nervosa, nem sei — e eu muito honestamente respondi que não. Acho que não penso muito nisso. Acho que deveria pensar mais. Deveria?
Não, talvez não. Afinal de contas, quem precisa de nervosos e ansiedade? As coisas chegam quando têm de chegar. Devo ter demorado muito anos a aceitar isto — e ainda custa às vezes — mas parece-me que vou num bom caminho. Se bem que por vezes encaro a aceitação de tudo como um defeito. Ah, mas enganem-se se acham que aceito tu-do. Ou talvez me engane eu. De qualquer forma, estou positivamente segura de que já falei sobre isto.
Engraçado... este positivamente que pode nem ter nada a ver com optimismo. Fazia-me confusão antes vê-lo como sinónimo de certamente e seguramente. Mas até faz sentido. Boa ou má, ter uma certeza é sempre algo positivo.
Ok, estou a divagar. É frequente também. E não faz mal à saúde. (Não perguntem porque escrevi isto.) O que importa — se é que realmente importa — é que eu nem sequer sei como é que esta frase supostamente deveria acabar. Eu não faço a menor ideia do que estou a fazer. Não sei para onde é que isto — e neste caso, embora esta seja uma grande (ênfase no grande) metáfora, o "isto" é meramente este texto — caminha. Não sei o final. E a magia de escrever assim tem sido uma das cordas que puxam os meus dedos através do teclado. Mesmo quando falamos de mais do que um texto com meia dúzia de parágrafos.
É curioso como tenho escrito histórias e — tento — livros assim, impensadamente, ao sabor da corrente, sem fazer a menor ideia de para onde é que isto vai. Tem a sua piada. O ponto é, contudo, que eu não costumava trabalhar assim. Eu planeava as coisas — e planeava com mais do que vinte páginas de antecedência. Pergunto-me se isso diz algo acerca de mim, que me estou a tornar mais inconsequente, mais espontânea, mais vive-ao-sabor-da-corrente-sem-planear-as-coisas. Não faço ideia. E, ah, esta coisa do hífens é outra mania que peguei e que estou a tentar controlar, mas que se está a manifestar cada vez mais frequentemente — para referência futura. A culpa é da escritora que estou a ler.
Suponho que falhei redondamente o meu propósito de escrever a sério desta vez. Mas vá, escrevi. E soube bem. Sabe sempre bem.
Mas eu vou tentar mantê-lo em small doses :)