Eu tenho de escrever algo. Tenho de deixar algo aqui todos os dias. Uma parte de mim de entre as milhares que posso doar, que posso emprestar, que continuará todavia a ser minha.
Estava a pensar no Sol e na Lua. Na luz de ambos, a verdadeira e a falsa, mas, de qualquer forma, igualmente reais para nós. Neste ciclo interminável que também somos nós. Como ondas de um mar que vai e vem, do romper do dia, ao cair da noite e em todas essas horas de vazia escuridão. Uma vida ele é. A nossa vida. Crescendo nos seus braços orlados de espuma com o brilho da inocência. Aspirando a mais e então cruzando os oceanos em busca de um horizonte que nunca se alcança. E adormecendo por fim, nos negros confins das suas águas profundas. O Sol que se põe e a luz que dá lugar à escuridão.
Esta perfeição sem palavras, o ciclo contínuo que ninguém quebra, que existiu e existirá. Terá sempre existido? Há quando tempo o Sol e a Lua cruzam os céus numa perseguição que nunca termina, mesmo quando, aos nossos olhos, eles se sobrepõem? Não é uma questão religiosa, é uma questão nossa, plenamente humana, que nada tem de divino. E os astros ascendem na abobada celeste há tanto tempo quanto nós, cá em baixo, fazemos perguntas para as quais não temos – e provavelmente jamais teremos – resposta.
Não importa realmente. Não importa se sempre foi assim ou se sempre o será. Não importa porque temos a ingrata certeza de que amanhã não mudará. E mais: enquanto formos vivos, é cedo demais para mudar. Um dia, alguém discordará disso, se essa eternidade astral não for assim tão eterna, apenas com a duração da vida de um mundo. O nosso mundo. É certo que não viveríamos sem Sol, chama que nos aquece e beija de paixão o nosso caminho íngreme por uma estrada desconhecida. Mas o nosso mundo, a nossa Terra, seria a mesma Terra sem a Lua? Acredito que não. E não me refiro à magia que se perde como caldeirão de poção irremediavelmente entornado. Não. O vai e vem do mar em que navegamos como conchas perdidas à deriva, o vai vem das ondas que nos embalam e nos arrastam, que nos afagam e nos sufocam, que dão vida e dão morte, é ela, é a Lua que comanda. Sem ela, nada seria igual. O mar pararia. E as nossas vidas sucumbiriam à plácida monotonia de um espelho de reflexo parado, ora ofuscante demais para o fitarmos, ora tão negro como um buraco que ameaça nos engolir.
E nós, pérolas sem brilho, afundadas e enterradas nas areias do fundo do mar.
Estava a pensar no Sol e na Lua. Na luz de ambos, a verdadeira e a falsa, mas, de qualquer forma, igualmente reais para nós. Neste ciclo interminável que também somos nós. Como ondas de um mar que vai e vem, do romper do dia, ao cair da noite e em todas essas horas de vazia escuridão. Uma vida ele é. A nossa vida. Crescendo nos seus braços orlados de espuma com o brilho da inocência. Aspirando a mais e então cruzando os oceanos em busca de um horizonte que nunca se alcança. E adormecendo por fim, nos negros confins das suas águas profundas. O Sol que se põe e a luz que dá lugar à escuridão.
Esta perfeição sem palavras, o ciclo contínuo que ninguém quebra, que existiu e existirá. Terá sempre existido? Há quando tempo o Sol e a Lua cruzam os céus numa perseguição que nunca termina, mesmo quando, aos nossos olhos, eles se sobrepõem? Não é uma questão religiosa, é uma questão nossa, plenamente humana, que nada tem de divino. E os astros ascendem na abobada celeste há tanto tempo quanto nós, cá em baixo, fazemos perguntas para as quais não temos – e provavelmente jamais teremos – resposta.
Não importa realmente. Não importa se sempre foi assim ou se sempre o será. Não importa porque temos a ingrata certeza de que amanhã não mudará. E mais: enquanto formos vivos, é cedo demais para mudar. Um dia, alguém discordará disso, se essa eternidade astral não for assim tão eterna, apenas com a duração da vida de um mundo. O nosso mundo. É certo que não viveríamos sem Sol, chama que nos aquece e beija de paixão o nosso caminho íngreme por uma estrada desconhecida. Mas o nosso mundo, a nossa Terra, seria a mesma Terra sem a Lua? Acredito que não. E não me refiro à magia que se perde como caldeirão de poção irremediavelmente entornado. Não. O vai e vem do mar em que navegamos como conchas perdidas à deriva, o vai vem das ondas que nos embalam e nos arrastam, que nos afagam e nos sufocam, que dão vida e dão morte, é ela, é a Lua que comanda. Sem ela, nada seria igual. O mar pararia. E as nossas vidas sucumbiriam à plácida monotonia de um espelho de reflexo parado, ora ofuscante demais para o fitarmos, ora tão negro como um buraco que ameaça nos engolir.
E nós, pérolas sem brilho, afundadas e enterradas nas areias do fundo do mar.
Sem comentários:
Enviar um comentário