sexta-feira, 1 de maio de 2009

Albufeira


O mar faz-me bem. A Natureza faz-me bem. Acho o que o problema da humanidade é precisamente esse: demasiada humanidade e pouca Natureza. Muitos homens, muitas ruas, muitos prédios a perder de vista, ocultando o céu, carros sem fim, vozes sobre o vento, alcatrão sobre a terra, cimento sobre a vida. Há falta de verde, de azul, de uma brisa fresca com cheiro a mar. Do som das gaivotas - que lamentavelmente não consigo descrever. Das suas sombras ocultando-nos o Sol por efémeros momentos. Vida, liberdade. Elas têm o céu. Nós nem sequer temos a terra. As máquinas, o cimento conquistou-a em nosso lugar. Muito poderosos, senhores de si, no topo da cadeia alimentar, matando tudo abaixo deles porque, com a sua infalível tecnologia, podes criar tudo eles próprios... Vulneráveis, apesar de tudo, pequenos - minúsculos - no mundo. Frágeis como folhas ao vento. Destrutíveis como folha na água. Muito dizem e pouco fazem. E o que fazem não vale nada. Não tem o brilho, a beleza da Natureza. Não acalma, tranquiliza, relaxa. Não nos lava a alma, pelo contrário, intoxica-a. E então há aqueles casos raros em que a humanidade e a Natureza se conjugam, num equilíbrio precário e, ainda assim, naquele momento que o Sol resplandeciam no céu e as gaivotas cortavam o ar em direcção a terra, em que o barcos rasgava a água e os olhares silenciosos se prendiam no horizonte, num harmonia perfeita.


Esta tarde, o palco do meu sonho foi a Marina de Albufeira. As cores contrastantes dos edifícios gritando vida, como construções de Legos de uma criança; os barcos, alinhados, com os seus mastros ousando tocar o céu; a água, um espelho ora azul, ora negro, acolhendo diversos peixes, que sob a transparência miravam o mundo com um olhar completamente diferente; a brisa, suave, fresca, com cheiro, sabor a mar, tão agradável; o céu, azul, azul, sem nuvens, e as gaivotas, soberanas, cruzando-o de brancas asas abertas, também elas com um visão completamente diferente da nossa. Num palavra: pacífico. Homem e Natureza unidos como peças de um puzzle que encaixam uma na outra, complementando-se. E não é preciso dizer mais nada.

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