terça-feira, 7 de julho de 2009

Xadrez de Vida

Não podes ser mais do que peões num jogo. Nós, adolescentes, não podemos aspirar a Rei ou Rainha, nem sequer a cavalo. Nós só andamos em frente, e se houver algo no nosso caminho, esperamos para avançar, ou somos derrubados. Para vencermos sobre algo, somos obrigamos a fugir do nosso caminho recto e seguro, somos obrigados a crescer. E quase nunca chegamos ao fim, ao outro lado do tabuleiro de jogo. Quase nunca somos promovidos a algo mais e melhor, com mais poder de escolha, com mais hipóteses de vencer.
Como peões, nós somos pequenos, nós somos vulneráveis, fáceis de derrubar, porque não pudemos fugir. Estamos limitados às regras que nos impõem, estamos limitados ao que nos rodeia, seja bom ou seja mau. Não somos livres. Não somos independentes. Se a nossa cor ganha, nós ganhamos com ela, mas nós nunca somos os que fazemos a nossa cor ganhar. Não enquanto não passarmos de meros peões.
Nós, peões, somos o que o jogo da vida fizer de nós. A nossa importância é reduzida. Estamos lá como enfeites, escudos, para que caímos primeiro que os outros, protegendo, porventura, os outros. Funcionamos como um aviso: se todos os peões forem derrubados, antes dos do adversário, então é provável que o jogo esteja perdido. Ter um peão, principalmente um peão com um caminho desimpedido, fácil de cumprir a sua rudimentar missão: seguir sempre em frente, é ter uma esperança. Nós, adolescentes, somos a esperança. Nós somos os únicos que podemos subir, que podemos ser e fazer mais e melhor. Mas somos também os mais frágeis, e então a esperança morre antes de tempo.
Como peões, nós vemos os outros caírem à nossa volta, perguntando-nos quando chegará a nossa vez. E se cai um cavalo ou uma torre, nós questionamo-nos por que razão nós – mais pequenos, mais fáceis – ainda continuamos de pé. Como peões, nós limitamo-nos a seguir em frente, mesmo quando todos os outros caem, porque não há nada mais que possamos fazer.
Como peões no jogo de xadrez da vida.

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