segunda-feira, 20 de julho de 2009

Primeiro Sonho

Esqueci-me do resto, esqueci-me de tudo o resto. Eu recordava-o com perfeição quando acordara. Agora, foi-se. Eu sabia como aquele pedaço de sonho era despropositado, não encaixava, mas agora não sei dizer no que é que não encaixava. Esqueci-me. Do que sonhei antes, do que sonhei depois. Varreu-se da minha memória e eu sei que ainda lá estava quando eu acordei. Eu lembrava tudo. Agora só me recordo do que jamais poderia esquecer. E não obstante a curiosidade mórbida pelo resto, prefiro não perder muito tempo a pensar nisso. Foi um sonho que, como tantos outros, se perdeu. E no entanto, teve um quê de diferente. Porque houve aquele momento, o que ficou e ficará, por muito tempo - e muito podem ser anos, porque comigo, quando a memória de um sonho superar a barreiras das vinte e quatro horas de um dia, ela permanece semanas, e meses, e anos.
Eu sonhei com o meu avô. Pela primeira vez desde que ele morreu, há um mês e meio atrás, eu sonhei como ele. Não posso dizer se foi a primeira vez na minha vida, pois não recordo outras, mas arriscar-me-ia a dizer que não - mas isso também não importa. Eu tinha entrado na cozinha da minha avó, e desde logo eu sabia que não era bem ali que eu devia estar. Contudo, havia algo mais errado que eu. Sentado à mesa no seu eterno lugar, estava o meu avô. Eu soube que não podia ser, tinha a consciência de que ele não podia estar ali. Julgo que falei primeiro com a minha avó, não tenho bem a certeza. Depois falei com ele - e ele falou comigo. Eu quis acreditar, eu aceitei que era real porque não podia fazer outra coisa. Era o que eu desejava. Não recordo ao certo a conversa, mas lembro-me que, antes do cenário mudar, ele disse uma última coisa que me ficou na cabeça. Algo como uma indirecta acerca de ser eu quem estava a falar sozinha.
Quando acordei, eu não conseguia pensar noutra coisa. Fora como uma alucinação dizer-te que estás a alucinar. A minha consciência falando através da sua voz para me dizer que não era real. De qualquer forma, não foi isso que me marcou, mas a perfeição e exactidão com que eu pude recordar os traços do seu rosto. A certeza de que aquele lugar na mesa da cozinha será sempre dele. O bom que é saber que eu não esqueci nada
Não estou a chorar. Apraz-me dizer que escrevi isto sem chorar. Mas sinto as lágrimas a ameaçar. No fundo, eu só queria deixar um marco no primeiro dia em que eu sonhei com ele.
Continuarás sempre aqui <3>

3 comentários:

Anónimo disse...

eapero ke fiques melhor rapidamente fico a espera de noticias com saudades bjx

miguel disse...

e pena estres assim nem podemos falar nem eu tou bem tou bue preocupado cntg ass miguel bjx

Rafaela Neves disse...

esse sonho e o principio do fim da tua barreira. kem me dera k o k viesse a seguir fosse menos doloroso mas nao e!