sexta-feira, 31 de julho de 2009

Mudar o Imutável

Quando as pessoas nos desiludem, há muito pouco que possamos fazer por elas. Mas quando já esperamos essa desilusão e, ainda assim, ela consegue ultrapassar os limites, ser mais forte e mais cruel do que esperávamos, então pouco há a fazer por nós próprios.
É humilhação engolir as palavras, vergonhoso forçar sorrisos. Um insulto a memória de amizade, essa ilusão, que talvez um dia, há muito tempo, tenha sido verdadeira. Mas não mais. Nunca mais. O mundo pode continuar a girar comigo exactamente no mesmo lugar, mas nada é como era, como devia ser, e por mais um ano sei que me verei ajoelhada, submetida, acorrentada, até poder libertar-me, deixar tudo para trás. Elas talvez julguem que não sou capaz, mas são elas próprias que me tornam capaz. Eu não quero mais isto, eu quero deixar tudo isto para trás, quero criar uma vida nova, longe de todos esses que nada significam. Eu sei que não me custará nada deixá-las. Posso ser má a integrar-me, mas sou óptima com as partidas. E há tantas pessoas de quem me despediria agora mesmo. Aquela letra de há dois dias é perfeita para elas. Eu não quero mais pensar no que poderíamos ter sido, no que elas são, entre elas. Envenenaram-se juntas! Eu estou fora disso, estupidamente fingindo que ainda faço parte. Em raros momentos, talvez seja verdade. Nesses eu olho para trás e penso: como poderá a mesma pessoa agir de forma tão antagónica? Não acho que gostem de mim. Pela minha sanidade acredito que gostaram, mas nunca de forma plena. Agora isso mudou. Elas mudaram. A amizade mudou. E desceu mais fundo que nunca quando eu soube o que andavam a dizer acerca de mim nas minhas gostas. Brincadeiras à parte, foi de muito mau tom. Elas não me conhecem realmente. Na minha loucura, sou mais sã que elas e tenho fé que irei mais longe que elas. Sou uma pessoa de extremos. Tudo ou nada: será assim o meu futuro. Quero as coisas preto no branco. Sei de quem gosto, sei quem odeio e sei quem me é indiferente. E sufoca-me sentir que continuo a viver no cinzento. No entanto, essa consciência tão clara de quem sou eu, do que posso, do que consigo e do que não está ao meu alcance dita-me o que permanecerá imutável na minha vida, mesmo quando desejo essa mudança. Conheço-me bem o suficiente para perceber que para me libertar terei de ser radical. Preciso de sair daqui, deixar isto tudo para trás. Assusta-me, mas quero-o cada vez mais. Por isso sei que, daqui a um ano, não hesitarei um segundo. Liberdade! Adeus, amizades reles! Sejam felizes porque longe de vocês eu serei certamente. Pelo menos, mais do que convosco.
Uma amiga minha, uma verdadeira, revelou-me esta frase: “Na vida há 3 tipos de pessoas, os móveis, os imóveis e os que se movem.” – Benjamin Franklin. Eu estive muito tempo imóvel. Tenho um ano para preparar a grande mudança!

quinta-feira, 30 de julho de 2009

quarta-feira, 29 de julho de 2009

De Fora Para Dentro

I don’t wanna dream about
All the things that never were
Maybe I can live without
When I’m out from under
I don’t wanna feel the pain
What good would it do me now
I’ll get it all figured out
When I’m out from under

Out From Under - Joanna Pacitti

Porque às vezes a nossa alma funciona simplesmente ao contrário. Não dá, e por vezes nem recebe. Tranca-se. Não nos abrimos para o mundo, por medo talvez. Porque dói demasiado. Porque vemos coisas que não queriamos ver. Porque sentimos mais do que desejamos. Porque é mais fácil assim.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O Tempo

O Tempo voa. Sei que não é originalidade nenhuma dizer isto, mas exactamente por ter sido afirmado tantas vezes, se pode garantir que é verdade.
O Tempo é algo extremamente relativo. Aprendemo-lo com a vida, com as nossas próprias experiências. Relembro-me ainda claramente quando numa aula de Educação Visual, no quinto ou sexto ano, não sei ao certo, o professor se virou com uma conversa deste género. Ele falou algo acerca de como dois minutos - creio que eram dois - poderiam parecer duas horas ou dois segundos, dependendo das situações. Exemplificou e eu posso ainda recordá-lo. Ele homem, com certeza, daí que se possa tirar as conclusões que quiserem do primeiro exemplo. Ele fez-nos ver a diferença entre dois minutos com uma mulher "quente" e dois minutos ardendo numa fogueira, ou numa panela, ou algo que implicasse ficarmos queimados (muito radical, eu sei). Enfim, creio que todos perceberam a ideia. Eu não posso afirmar se já tinha esta consciência da relatividade do tempo antes desta conversa - aposto que sim -, o certo é que ficou muito mais concreta depois disto.
E porquê falar dito agora. Esta memória veio absolutamente ao acaso. Eu só estava a pensar na minha irmã, que faz dez anos amanhã, e em como rápido o tempo pareceu passar. Enfim, é este o brilho da escrita: sabemos como começa, mas nunca sabemos como acaba, até acabarmos.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

sábado, 25 de julho de 2009

Era uma vez...

Era uma vez uma família...
Era uma vez um avô...
Era uma vez uma morte.

Como tanto é desfeito por tão pouco. Como rápido os sorrisos são substituídos pelas lágrimas. Como a felicidade se desmorona com a mesma rapidez que um castelo de cartas. E ainda assim, penso que já devia estar habituada. Mas como? Nunca nos habituamos a perder, nunca nos habituamos a chorar...

E em todos os dias de Sol há nuvens no céu...
E cada raio beija-nos com o calor gelado...
E a chuva cai, nos meus olhos, dia e noite...
Era uma vez o Sol, era uma vez um Verão que virou Inverno.
Era uma vez uma alma, marcada por ferros em forma de lágrimas.

Esta é uma história sem final. O que será destes olhos quando o Sol no céu virar chuva? O que acontecerá se eles já a vêm cair como lágrimas, no pico do Verão? Haverá então calor no Inverno? Coração que funciona ao contrário... só o tempo te dirá.
O certo é que nem tudo o que começa por
Era uma vez
acaba em
Viveram felizes para sempre.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Encurralada


29 Junho 2009

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A Chave é Aceitar

Nós podemos mudar a nossa vida. Podemos mudar a forma como falamos, as roupas que vestimos, aquilo em que acreditamos; podemos até mudar a vida dos outros, amar quem odiávamos e conhecer quem nos era estranho. Nós podemos fazer tudo isso. Temos esse poder tão vasto, somos reversíveis, adaptáveis. Podemos mais do que julgamos. Mas não podemos tudo. Nunca ninguém pode tudo. Há muito do mundo fora do nosso alcance, como se vivêssemos numa bolha transparente, onde entra tudo o que podemos manipular e que é maior ou menor consonante a nossa influência. Mas é uma bolha limitada. E cada bolha cruza-se com a de outros, como arcos entrelaçados, porque nós influenciamos também as vidas em nosso redor.
Mas e para lá da nossa bolha? Não podemos nada… não podemos alterar nada. Não depende de nós. A nossa opinião é irrelevante para algo que se passa do outro lado do mundo. As nossas escolhas são pó na fogueira, se pensarmos que todos teremos o mesmo destino, façamos o que fizermos. E o amor que sentirmos pelos outros por vezes é insuficiente para mudar algo, porque a bolha deles não está completamente dentro da nossa. Não podemos mandar as nuvens tapar o sol para a terra não secar. Não podemos impedir que as pessoas, mesmo as de quem gostamos, façam as suas próprias escolhas, mesmo que estas as levem para longe de nós, mesmo que achemos errado. Não podemos parar o ciclo da vida e congelar o tempo. Para lá da nossa bolha, somos impotentes. E nada podemos fazer a não ser aceitar.
O que não somos capazes de mudar, somos obrigados a aceitar, porque sempre será assim, mesmo contra tudo o que desejamos. Não podemos. Mas temos de viver com isso. E não será uma vida serena se estivermos sempre em luta com tudo o que está para lá do nosso alcance. É uma batalha perdida.
Então a chave é aceitar.
Eu aceito. Aceito que o passado jamais se repetirá. Aceito que o presente tem mais de lágrimas que de sorrisos. Aceito que se vai, porque tenho quem fique. Aceito largar o amor quando ele me largou primeiro a mim. Aceito cada dia, porque antes este dia, que dia nenhum. E aceito o futuro como esse mistério que é.
Aceito-me, porque sei aceitar.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Nunca Desistir


Porque quando a alternativa é parar e morrer, o que mais poderemos fazer a não ser nunca desistir?
Um dia de cada vez, choramos hoje para podermos sorrir amanhã.
Acreditar, porque para lutarmos, para não desistirmos, temos de ter algo em que acreditemos.
Eu acredito que esta família sorrirá amanhã.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Primeiro Sonho

Esqueci-me do resto, esqueci-me de tudo o resto. Eu recordava-o com perfeição quando acordara. Agora, foi-se. Eu sabia como aquele pedaço de sonho era despropositado, não encaixava, mas agora não sei dizer no que é que não encaixava. Esqueci-me. Do que sonhei antes, do que sonhei depois. Varreu-se da minha memória e eu sei que ainda lá estava quando eu acordei. Eu lembrava tudo. Agora só me recordo do que jamais poderia esquecer. E não obstante a curiosidade mórbida pelo resto, prefiro não perder muito tempo a pensar nisso. Foi um sonho que, como tantos outros, se perdeu. E no entanto, teve um quê de diferente. Porque houve aquele momento, o que ficou e ficará, por muito tempo - e muito podem ser anos, porque comigo, quando a memória de um sonho superar a barreiras das vinte e quatro horas de um dia, ela permanece semanas, e meses, e anos.
Eu sonhei com o meu avô. Pela primeira vez desde que ele morreu, há um mês e meio atrás, eu sonhei como ele. Não posso dizer se foi a primeira vez na minha vida, pois não recordo outras, mas arriscar-me-ia a dizer que não - mas isso também não importa. Eu tinha entrado na cozinha da minha avó, e desde logo eu sabia que não era bem ali que eu devia estar. Contudo, havia algo mais errado que eu. Sentado à mesa no seu eterno lugar, estava o meu avô. Eu soube que não podia ser, tinha a consciência de que ele não podia estar ali. Julgo que falei primeiro com a minha avó, não tenho bem a certeza. Depois falei com ele - e ele falou comigo. Eu quis acreditar, eu aceitei que era real porque não podia fazer outra coisa. Era o que eu desejava. Não recordo ao certo a conversa, mas lembro-me que, antes do cenário mudar, ele disse uma última coisa que me ficou na cabeça. Algo como uma indirecta acerca de ser eu quem estava a falar sozinha.
Quando acordei, eu não conseguia pensar noutra coisa. Fora como uma alucinação dizer-te que estás a alucinar. A minha consciência falando através da sua voz para me dizer que não era real. De qualquer forma, não foi isso que me marcou, mas a perfeição e exactidão com que eu pude recordar os traços do seu rosto. A certeza de que aquele lugar na mesa da cozinha será sempre dele. O bom que é saber que eu não esqueci nada
Não estou a chorar. Apraz-me dizer que escrevi isto sem chorar. Mas sinto as lágrimas a ameaçar. No fundo, eu só queria deixar um marco no primeiro dia em que eu sonhei com ele.
Continuarás sempre aqui <3>

Não dói no corpo, dói na alma

domingo, 19 de julho de 2009

Provérbios

Já na cultura popular se diz:
«Quem tem telhados de vidro, não atira pedras ao do vizinho»
Bem, eu hoje sinto-me inspirada. E que tal se fosse:
«Quem é cego, não atira pedras»
Pensem nisso ;)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Humano, com certeza, Estúpido, de certeza

Hoje tive um sonho daqueles. Daqueles em que acordamos e pensamos de onde raio é que fui buscar isto. Para dizer a verdade, pouco tinha de sonho, perturbou-me, mas esteve longe de ser um pesadelo - eu não me deixo impressionar tão facilmente. Mas foi estranho. Foi humano, completamente humano: violento e estúpido, realmente estúpido.
Deixando de partes pormenores - quem era quem, quem era eu, o que fazia -, vou tentar dizê-lo da forma mais simples - e lá se vai a consideração que têm por mim, inconsciente pelo menos. Eu sonhei com pessoas. Pessoas sentadas num largo, em cadeiras; pessoas. E pessoas que se divertiam atirando pedras umas às outras. (Já o disse, internem-me!) Sei que houve mais para trás disto, mas não me lembro. Sei também que não era apenas uma brincadeira infantil. Haviam os brancos, com roupa arranjadas e sentados, e os pretos. Racismo? Não da minha parte pelo menos. Lembro-me inclusive de uma mesa cheia de cascas de ovos, apesar de não ter visto nenhum vooar. Eu sei que é realmente estúpido. Eu não sou violenta. Eu não sou racista. (Sou branca, e daí? Não lhes fiz nada!) Parecia mesmo que eles, os de cor, se estavam a divertir com a brincadeira. Eu achei desumano e muito, muito idiota!
Porque é que não tenho um sonho normal, uma vez na vida? Oh, pois, eu sei porquê. Porque a minha consciência não funciona de forma normal.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Pedaços


Porque somos pedaços...
Pedaços de uma vida que todos os dias juntamos, num puzzle que nunca veremos completo

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Esperança

Não podemos ter tudo o que queremos…
(Eu já não havia escrito isto?)
Não podemos concretizar todos os nossos sonhos…
(E como são muitos!)
Mas podemos sentir-nos felizes por ainda sonharmos. Porque sonhar é ter esperança.
Eu tenho esperança de ser…
De ser o equilíbrio perfeito entre tudo o que de bom e de mau há em mim.
De ser mais do que apenas uma mera vida que um dia será esquecida.
De ser o que supostamente estou destinada a ser e cumprir esse papel da melhor forma possível.
De ser eu, sem máscaras, sem disfarces.
Tenho esperança de ser cada dia um pouco mais do que era ontem. Um pouco mais sábia, um pouco mais bondosa, um pouco mais compreensiva, um pouco melhor…
Não posso ter tudo o quero, posso somente sonhar com tudo o quero.
A única diferença está em que eu, humana sonhadora, posso tentar alcançar uma ínfima parte de tudo o que quero.
Se conseguir, então viver valeu a pena.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Silêncio

Invulgar. Este silêncio é invulgar. E seria quase perfeito não fossem as tecladas, quebrando-o de cada vez que pressiono uma letra. O som leve de fundo do computador a trabalhar também está aqui. E então a ventoinha, muito insignificante.
Mas não há vozes. Silenciaram-se subitamente, como respondendo ao meu apelo. E eu silenciei a música. (A minha cabeça exigia-o depois de ler e ouvir música ao mesmo tempo.)
O espanta espíritos às vezes tilinta quanto a ventoinha sopra na sua direcção. São como sinos… Perturba mais a cadência da escrita, que se sobrepõe a eles, bem como ao resto.
Ainda assim, a casa está silenciosa. Não sei se completamente vazia para além de mim, mas silenciosa.
Eu gosto desse silêncio. Eu queria-a assim sempre. É inspirador… Excepto que hoje não me sinto minimamente inspirada (cabeça?). De qualquer forma, eu queria escrever sobre algo. E a única coisa que me chamou a atenção foi precisamente aquilo a que ninguém dá atenção.
O silêncio.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Perdida no Tempo


Porque somos tão novos e às vezes nos achamos velhos demais para o mundo em que vivemos...

sábado, 11 de julho de 2009

Amizades

Eu pergunto-me se foi um aviso. O inconsciente gritando: tu precisas disto, faz alguma coisa! Ou se foi uma memória, um pedaço de passando pintado com outras cores. Para todos os efeitos, foi somente um sonho. Banal, vulgar, que me fez sentir extraordinariamente bem, mas um sonho. Esse pedaço de vida normal que já não vivo.
Foi tão simples como isto: shopping com amigas. Nada de estranho, nada de surreal. Foi como um reencontro. Primeiro eu ia sozinha, depois cruzei-me com dois. Segui com uma delas. Não me lembro bem o que aconteceu depois, mas dei por mim perdida. Até o centro comercial parecia diferente daquele em que eu deveria estar. Mas depois elas encontraram-me. Todas elas… E eu senti-me bem. Não havia nada de estranho, nada de invulgar, nenhuma falta de à vontade ou sentimento de estar a mais. Eu estava realmente bem com elas. Como antes…
Talvez devesse telefonar-lhes, marcar qualquer coisa. Mas continuo esperando que aconteça o contrário, talvez para ver até onde isto vai. Para olhar de frente a verdade – não sou assim tão importante – e novamente a ignorar como faço sempre, dando desculpas – trabalho, com certeza (ou não) – e então juntar mais um pedaço de carvão ao motim que um dia explodirá no meu coração. É tão irónico que, para além da amizade de sempre, uma outra tão improvável surja para substituir essas com que há anos vivo, e que talvez por isso estejam morrendo. De longe o que de mais improvável aconteceu na minha vida desde que me lembro: tu, prima.
Obrigada do fundo do coração. Contigo posso deitar fora a máscara, dizer os maiores disparates e rir à gargalhada até às cinco da manhã. És uma louca incurável, mas eu gosto de ti assim! =)


quarta-feira, 8 de julho de 2009

A Par e Passo


Os Opostos Caminham Lado a Lado

terça-feira, 7 de julho de 2009

Xadrez de Vida

Não podes ser mais do que peões num jogo. Nós, adolescentes, não podemos aspirar a Rei ou Rainha, nem sequer a cavalo. Nós só andamos em frente, e se houver algo no nosso caminho, esperamos para avançar, ou somos derrubados. Para vencermos sobre algo, somos obrigamos a fugir do nosso caminho recto e seguro, somos obrigados a crescer. E quase nunca chegamos ao fim, ao outro lado do tabuleiro de jogo. Quase nunca somos promovidos a algo mais e melhor, com mais poder de escolha, com mais hipóteses de vencer.
Como peões, nós somos pequenos, nós somos vulneráveis, fáceis de derrubar, porque não pudemos fugir. Estamos limitados às regras que nos impõem, estamos limitados ao que nos rodeia, seja bom ou seja mau. Não somos livres. Não somos independentes. Se a nossa cor ganha, nós ganhamos com ela, mas nós nunca somos os que fazemos a nossa cor ganhar. Não enquanto não passarmos de meros peões.
Nós, peões, somos o que o jogo da vida fizer de nós. A nossa importância é reduzida. Estamos lá como enfeites, escudos, para que caímos primeiro que os outros, protegendo, porventura, os outros. Funcionamos como um aviso: se todos os peões forem derrubados, antes dos do adversário, então é provável que o jogo esteja perdido. Ter um peão, principalmente um peão com um caminho desimpedido, fácil de cumprir a sua rudimentar missão: seguir sempre em frente, é ter uma esperança. Nós, adolescentes, somos a esperança. Nós somos os únicos que podemos subir, que podemos ser e fazer mais e melhor. Mas somos também os mais frágeis, e então a esperança morre antes de tempo.
Como peões, nós vemos os outros caírem à nossa volta, perguntando-nos quando chegará a nossa vez. E se cai um cavalo ou uma torre, nós questionamo-nos por que razão nós – mais pequenos, mais fáceis – ainda continuamos de pé. Como peões, nós limitamo-nos a seguir em frente, mesmo quando todos os outros caem, porque não há nada mais que possamos fazer.
Como peões no jogo de xadrez da vida.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Uma frase basta

Eu estou a derreter sob este Sol de Verão, mas eu NUNCA senti o Mundo tão FRIO.

domingo, 5 de julho de 2009

sábado, 4 de julho de 2009

Se...

If everyone cared and nobody cried
If everyone loved and nobody lied
If everyone shared and swallowed their pride
We'd see the day when nobody died

If Everyone Cared – Nickelback

O Mundo é perfeito. Não importa o que se diga, não importa o que se pense, o Mundo é simplesmente perfeito. O único problema são as pessoas…
Não podemos travar o ciclo da vida e da morte, é assim que as coisas são e é assim que vai continuar a ser. A imortalidade está nas memórias que deixamos quando partirmos.
Quando as coisas correm bem, não paramos sequer para as questionar. Todavia, quando o comboio descarrila, todos perguntam porquê. Se sorrimos, sorriem-nos simplesmente. Se choramos, perguntam-nos o porquê das nossas lágrimas. Como se a felicidade fosse natural, e a tristeza a coisa mais absurda desde mundo. Todos a questionam. Nós também. Se caímos, perguntamos: porque é que não tive cuidado? Se erramos num teste, perguntamos: porque é que eu não estudei mais? Se alguém nos deixa, perguntamos: porque é que isto tinha de acontecer?
Porquê, porquê, porquê…
O problema não está no porquê, mas no “se”. Não adianta perguntar porquê. Depois das coisas estarem feitas, nada jamais nos permitirá faze-las de outro modo. Mas ajuda pensar “se…” Imagino muitas vozes erguerem-se a protestar. O português é muito relativo. Vamos a uma lição de gramática inglesa? Muito genericamente, os ingleses dividem as frases “se…” em três tipos: possível, improvável e impossível. Nós só temos de pensar deixando o último de lado. “Se tivéssemos feito isto” é um pensamento que não vale nada. A tal história de depois das coisas estarem feitas… Deixando o passado no passado, foquemo-nos no futuro. “Se eu fizer isto, então…” é um pensamento que poucos tomam em conta. As pessoas só pensam depois das asneiras estarem feitas. E assim estragam o Mundo perfeito em que vivemos.
A Vida é um “se”, nunca um porquê. Porque se questionarmos os “ses”, sabemos o que acontece se… e mais tarde não teremos de perguntar porquê.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Assim como me sinto hoje


Os fracos são os que sofrem
Os frágeis são os que se quebram
Os inocentes são os que sempre pagam
Jullho 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Saudade

Deixa correr a tua alma pelos cantos da sala. Por cada partícula de pó, por cada sopro quente, por cada superfície espelhada e fria, como gelo sob os teus pés. Deixa o teu coração bater com a cadência da vida, a essência rubra fluir pelo teu corpo, alimentando-o com amor e esperança. Deixa as lágrimas perderem-se no caminho até aos teus olhos.

Saudade é a descrição para o indescritível. Tão certa como se dizer que beijos é tradução de amor. Como se o Sol no céu significasse que não vai chover. Saudade são as letras que encaixam em memórias, mas somente naquelas pelas quais venderíamos um dia do futuro, para viver novamente esse dia do passado. Saudade é o peso da felicidade. Como um imposto por cada sorriso, a pagar quando estes chegam ao fim. Saudade é o que fica quando nada mais pode ficar.

Essa história de um dia de Verão. A memória que se conserva vívida quando a queríamos esquecer, em despeito de tantas outras que queria guardar, mas que se dissolvem no tempo, arrastadas de nós pelas mãos implacáveis do calendário e do relógio, que nunca param. Pintada com o vermelho da ambulância, o vermelho do sangue, e diluída no ardor das lágrimas. Para sempre, esse adeus. Uns olhos de cor imprecisa, eternamente cerrados. Flores tão belas mas que até o Sol murchou. Vida. E Morte.

Deixa que a tua alma voe por esses recantos da consciência. Não a prenda, à culpa, à revolta. Não incrimines a saudade. Ela tem o peso e a medida do teu amor. O que tem de ser, será. Destinos… Traçados a amor, a lágrimas e a sangue.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Todas as Palavras que cabem num Olhar


"O que os Olhos não vêm, o Coração não Sente"
Outubro 2008