Falamos demais. Dizemos demais. E mais: mais do que sentimos, mais do que para nós é verdade. Transparecemos sempre mais: mais valores, mais sentimentos - mais amor e mais dignidade. No nosso âmago, podemos até pensar que estamos a ser absolutamente sinceros. O problema surge quando somos postos à prova. Quanto custa o nosso amor? Qual o preço da nossa dignidade?
O que pesa mais?
São muitas as alturas da vida em que enfrentamos tais desafios de consciência: agir de acordo com esses valores que defendemos, em despeito de algo mais, presumivelmente importante. Eu encaro com alguma revolta uma situação dessas, mas ao que parece não há conflito algum pois o amor já se rendeu completamente aos pés de um desejo de riqueza completamente material e que nada tem a ver com recuperar uma milésima parte do tesouro vivo que se perdeu.Muito sinceramente, eu não percebo qual a pressa. Estamos de luto, por amor de Deus! Será mesmo necessário enveredar por caminhos conflituosos? Onde está o significado de família? Afectos, acordem! Será que alguém se lembra que isso é mais importante que o sangue? Lá por não existir ligação sanguínea continuamos a ser família. Lá pelo elo que unia duas pessoas de sangues distintos se ter rompido não significa que deixemos de encarar o outro com respeito, com amor. Então porque é que eu não consigo ver isso, porque é que ninguém consegue ver isso? Eu digo-vos o que vejo: esquecimento. A vontade de uma pessoa não se torna irrelevante só porque ela morreu, bem pelo contrário. Um filho não devia fazer tudo para cumprir os últimos desejos do pai, mesmo que isso implique esperar mais uns anos para receber o que é seu por direito - ao invés de, muito convincentemente, se fazer de esquecido?
Afinal, o pesa mais? Dinheiro na carteira ou respeito no coração? Não me digam a resposta. Eu cá acho que meio mundo - senão mais - deveria ir afinar a sua balança porque está estragada.
Sem comentários:
Enviar um comentário