terça-feira, 30 de junho de 2009

Inútil

Muito tempo sem ter verdadeiramente o que fazer. Muitas horas de liberdade. Como muitas nuvens num céu de Verão.
Nem sempre o que queremos é o que devemos, mas e se nos sentirmos culpados por fazer o que queremos e nem tanto o que devemos? E se realmente quisermos cumprir esse dever, fazer mais, melhor; fazê-lo pelos outros, que nos amam e precisam. Simples: fá-lo. Bem, não é assim tão simples. A consciência batalha por fazê-lo de uma forma, ao passo que o corpo, relutante, nem sempre se deixa convencer. Levo um horário tão incompatível que dou por mim acordando para ver o trabalho dos outros, e enquanto eu bocejo, eles suspiram já de cansaço. O problema está em ser incapaz de mudar tal rotina. Eu preciso desesperadamente daquelas três horas a contar da meia-noite, em que o silêncio reina na casa adormecida e a inspiração flui. Talvez seja uma questão de fazer mais enquanto estou desperta para que não me sinta mal pelo que não faço quando durmo. Mas como? O quê?
Inútil. Inútil que vê a sua família enlutada e exausta e não sabe como ou o quê fazer para a ajudar. Queria, juro que queria, e por isto custa saber que não o faço. Não é má vontade. Se fosse, tenho a certeza que não me sentiria tão...
Inútil.
Desculpem.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Triste


Novembro 2008


domingo, 28 de junho de 2009

O que pesa mais?

Falamos demais. Dizemos demais. E mais: mais do que sentimos, mais do que para nós é verdade. Transparecemos sempre mais: mais valores, mais sentimentos - mais amor e mais dignidade. No nosso âmago, podemos até pensar que estamos a ser absolutamente sinceros. O problema surge quando somos postos à prova. Quanto custa o nosso amor? Qual o preço da nossa dignidade?
O que pesa mais?
São muitas as alturas da vida em que enfrentamos tais desafios de consciência: agir de acordo com esses valores que defendemos, em despeito de algo mais, presumivelmente importante. Eu encaro com alguma revolta uma situação dessas, mas ao que parece não há conflito algum pois o amor já se rendeu completamente aos pés de um desejo de riqueza completamente material e que nada tem a ver com recuperar uma milésima parte do tesouro vivo que se perdeu.
Muito sinceramente, eu não percebo qual a pressa. Estamos de luto, por amor de Deus! Será mesmo necessário enveredar por caminhos conflituosos? Onde está o significado de família? Afectos, acordem! Será que alguém se lembra que isso é mais importante que o sangue? Lá por não existir ligação sanguínea continuamos a ser família. Lá pelo elo que unia duas pessoas de sangues distintos se ter rompido não significa que deixemos de encarar o outro com respeito, com amor. Então porque é que eu não consigo ver isso, porque é que ninguém consegue ver isso? Eu digo-vos o que vejo: esquecimento. A vontade de uma pessoa não se torna irrelevante só porque ela morreu, bem pelo contrário. Um filho não devia fazer tudo para cumprir os últimos desejos do pai, mesmo que isso implique esperar mais uns anos para receber o que é seu por direito - ao invés de, muito convincentemente, se fazer de esquecido?
Afinal, o pesa mais? Dinheiro na carteira ou respeito no coração? Não me digam a resposta. Eu cá acho que meio mundo - senão mais - deveria ir afinar a sua balança porque está estragada.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Lado a lado


Bruges, Bélgica, 9 de Outubro de 2008

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Consciência de Sonho

Hoje tive um sonho estranho. Ao acordar lembrava-me de quase tudo, mas agora as imagens desfizeram-se na minha mente como cinzas ao vento. No entanto, a ideia ficou cá. A certeza e a dúvida; a desilusão que roçava as lágrimas; o nó na garganta por perceber aquilo que andava a tentar ignorar, não para enganar os outros, mas a mim própria. Uma verdade, ou melhor, uma realidade que, para não fugir à regra, não era tão brilhantemente colorida como a pintamos – como a pintava. E de afirmá-lo a pé fincado, eu dei comigo deambulando por sei lá onde, admitindo para comigo que era mentira, que era tudo mentira. E, se a memória não me trai, eu afirmei-o em voz alta, para quem quer que fosse que me estivesse a ouvir. Julgo que havia a consciência para lá do sonho que me fez arrepiar com a certeza daquelas palavras, cujas letras não me lembro, mas cuja essência guardo.
O sonho era sobre uma menina-mulher – eu – que abria os olhos para uma realidade mais cruel do que aquela que queria ver: ela não tinha o pai que desejava. Ele era bom, mas não tão presente, não tão atencioso, não tão compreensivo, como ela se iludia. E a consciência dessa imperfeição soterrou-a tão subitamente que ela se viu sob a ameaça de lágrimas.
Eu era essa menina-mulher, não apenas porque era eu fisicamente, mas porque sentia o mesmo que ela, fora dessa realidade fantasiosa que era o sonho. Apenas que aqui e agora tenho uma consciência diferente, que não chora mas que aceita, talvez porque já não seja tão menina e já não sinta – ou julga sentir – falta dessa parte de amor paternal, que existe, claro que existe, e sempre existiu, só que, por vezes, não é demonstrado da melhor forma – e às vezes, essas vezes que deixam o coração apertado mesmo que não nos demos conta, não é demonstrado de todo. Mas, claro, ninguém é perfeito. É só que, ao contrário do que muitas pessoas pensam, nos sonhos nem tudo é mais bonito e fantasioso. Por vezes, é até mais cruel e real.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Querer

Quanto mais querer o que queres que eu queira, maior a mentira que consome os desejos desta alma sem querer, que tudo o que quer é que todo o mundo queira o mesmo que ela, para que seus quereres deixem de ser desejos, e passem a ser reais.
Queríamos tudo assim, igual e perfeito, tal qual esse paraíso das histórias que começam por “era uma vez” e acabam em “viveram felizes para sempre”. Queríamos não querer, porque querer significa não ter o que se quer, e quando, pelo contrário, já o temos, não há que querer, há que conservar.
Nunca o tivemos. Mas sempre o quisemos, e queremos, e quereremos. Somos seres de quereres, de vontades ora fúteis, ora vitais, mas ainda desejos que queremos reais, a todo o custo. Lutamos, ou esperamos, e queremos que seja simples o que habitualmente não o é. A ideia era darmos valor quando não temos mais que querer, mas nós queremos sempre. Inconformistas foi a palavra que alguém inventou para definir este sempre querer, hoje algo, amanhã outra coisa, agora isto, depois aquilo.
Queremos mais do que podemos, queremos mais do que é nosso por direito. Queremos tudo: a terra, o céu, o mundo. Poucos são os que querem algo simples: um sorriso, uma flor, um beijo, silêncio… Nunca não queremos nada. Queremos sempre algo, porque nunca temos tudo: há sempre mais e mais. E se pensarmos o contrário, então iremos querer que dure, e iremos querer para os outros, se formos bons.
Se não quisermos, morremos na inércia de uma vida sem um rumo traçado pela linha dourada do desejo e da ambição. Só que muitos não entendem que o que mais querem é somente viver. Porque se não vivermos, não desfrutamos do que já temos e do que ainda queremos. Então, o nosso único querer universal é o desejo de viver.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

domingo, 21 de junho de 2009

Tudo o que não quero fazer

Entre o vai e vem da vida, a cadência de cada dia, o compasso de cada relógio, o ritmo de cada passo, nós avançamos. De costas ou de frente, nós continuamos a avançar. Quer tropecemos, quer paremos, quer recuemos – nós continuamos a avançar. E essa cadência, esse compasso, esse ritmo, é sempre o errado: muito rápido quando queremos avançar devagar, e muito lento quando queremos que avance depressa. Sem nos darmos conta, deixamos assim para trás muito do que deveríamos carregar connosco. A estrada é longa e assim estaremos mais leves. Não está certo. É como atravessar um deserto e deixar a água para trás só porque pesa muito.
E com a mesma consciência do passado, nós olhamos o futuro. Aprendemos com os erros, e então tentamos não perder mais água pelo árido caminho. Mas saber o que não podemos fazer, não significa que não o façamos. A questão não está no que podemos, mas no que queremos. Lamentavelmente não são as leis da sociedade, ética e moral e companhia limitada, que regula o mundo de hoje. Não. É a vontade do homem. Porque é a vontade do homem que constrói as leis, e é a vontade do homem que dita o seu não cumprimento. Ela não pode ser submetida a nada, excepto à morte. Talvez seja isso que nos torna tão fortes e, simultaneamente, tão fracos.
Eu sei tudo o que não quero fazer. E eu não quero desiludir, não quero enganar, não quero magoar, não quero dar menos do que posso e menos do que os outros merecem. Não quero ser assim, não para aqueles que amo, não para aqueles que são importantes, não para aqueles cujo coração encontrou semelhantes regras e as aplicam em mim. Não quero como todo o mundo é; não quero fazer o que todo o mundo faz, porque, cá para nós, todo o mundo está errado. Todos deixam a água para trás na travessia do deserto porque esta pesa demasiado. E o que é a água se não os valores, o amor, o respeito, a honestidade… E desde quando é que isso pesa?
Pesa desde que o mundo começou a fazer tudo o que eu não quero fazer.

sábado, 20 de junho de 2009

Livros


Tudo o que poderia precisar, eles têm.
Porque tudo o que eu preciso...
É Sonhar.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Férias... de verdade?

Há que dizer o que se deixa por dizer. Não ganhamos nada em esconder palavras, embora hoje pense somente numa: FÉRIAS
Soa a quem se vê feliz por deixar a escola por uns belos três meses. A mim soa-me a quem precisa – e merece – uma pausa ao fim de – quantos? – meses de estudo. Ah! e de duas semanas inteirinhas, das onze da manhã até às oitos da noite (com pausa para almoçar, claro, se não lá se vai o rendimento), a estudar para os exames nacionais. Custou, mas acredito que tenha valido a pena (estudar vale sempre a pena, não é? Devia ser). Sinto-me agora física e psicologicamente preparada para férias. Ou para trabalhar – em algo que me dê mais prazer, pelo menos. A questão é que não sei se será bem assim. Nunca podemos parar por completo, não é? Nunca podemos desligar-nos do mundo colocando simplesmente um sinal de ocupado na porta do quarto. Não dá. Há pessoas que depende de nós, que precisas de nós ali, fazendo isto ou aquilo. E nós fazemos, de boa vontade, claro, embora em certos dias custe um bocadinho mais. Não dizemos que não, não podemos. Mas falta aquele tempo. O silêncio, a paz, o descanso. O “agora vou parar e não faço nada durante uma semana”. Isso não vem com as férias. Com as férias, vem somente a distância à escola, aos livros, ao acordar cedo e às viagens de autocarro, todos os dias, duas vezes por dia. Suponho que isso faça parte da vida. E não apenas de minha vida.
Enfim, há que viver com o que temos, e sobretudo viver bem com o que temos, porque pode sempre ser pior…

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Aborrecida

Diz-me que és o que não és. Diz que queres ser o que não foste, e que não queres ser o que serás.
Diz-me… que não és. Que não és humano, que não és assim. Diz-me que és diferente. Diferente é bom. Diferente não é cruel, não é egoísta, não é desumano.
Diz algo. Algo que os outros não digam. Distrai-me. Faz-me esquecer o mundo.
Diz-me porque estou farta. Porque estou cansada.
Diz… que não nada a fazer, quando não há nada a dizer. Mas se não há nada a fazer, há muito a dizer.
Diz que sonho, que não é real. Diz-me que estou a dormir, que é um pesadelo. Diz que vou acordar. Di-lo!
Ou digo eu somente que estou aborrecida.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Ansiedade

domingo, 14 de junho de 2009

Dor de Cabeça

Há muita coisa inútil nesta vida. (Uma dor de cabeça é inútil) Muito do que fazemos não serve para absolutamente nada. Ou melhor, serve, porque tudo tem um propósito (embora às vezes tenhamos de esforçar-nos muito para compreender), no entanto, quando olhamos a longo prazo, esse propósito é em vão – como lavar o cabelo antes de ir para a piscina (perdoem o exemplo rasca): totalmente dispensável, e, muitas vezes, estúpido.
A questão está no facto de nós não olharmos a longo prazo, e então perdemos tempo fazendo coisas que não servem para nada. (Eu – e todos, creio – faço muita coisa que não serve para nada. Algumas dão-me prazer, e aí afinal já servem para alguma coisa; o problema são as restantes. E porque será que me parecem em maior número?) No entanto, não nos é dito para vivermos o presente em vez de estarmos sempre a pensar no futuro? (Talvez fosse no passado…) Não me parece correcto de qualquer forma. Mas ninguém estava à espera que fosse simples. Na verdade, a vida é como uma dor de cabeça (e é uma dor de cabeça): se for fraca, aprendemos a viver com ela, sorrindo, se for forte, apagamos as luzes, enterramos a cabeça na almofada e esperamos que passe. (Ora que inspiração! Deve ser da dor de cabeça… mas está a passar! Afinal o problema não é pensar)
Suponho que no final disto tudo não haja grandes conclusões a tirar. Apesar de todo o palavreado, e de, não obstante, conseguir ser uma dessas pessoas que olha para o futuro, eu continuo a fazer – e a dizer (escrever), também – coisas completamente inúteis. E no final das contas, torna-se ainda mais ridículo. Porque há que cometa disparates sem saber que o são. E, do lado oposto (uma margem estreita) há quem perca tempo com a perfeita consciência de que é uma perda de tempo…

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Saudade


Porque tudo o que o tempo desfaz
Deixa Saudade

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Bonecos de Porcelana

Como bonecos de porcelana, nós somos frágeis. E como bonecos de porcelana, em equilíbrio precário no alto de uma prateleira, são as nossas vidas. Um pequeno encontrão, um toque menos delicado, e ficamos feitos em cacos. Frágeis, somos tão frágeis… Nossos olhos de vidro não podem fitar directamente a luz, embaciam-se com facilidade e por vezes chegam a quebrar-se. Nossa pele de porcelana racha como o papel se rasga, e o seu bonito tom ebúrneo sofre com o tempo, perde o brilho, a uniformidade, a beleza. Como bonecos de porcelana, nós vivemos esperando cruzar-nos somente com mãos gentis, porque as rudes, quebram-nos com uma facilidade tal, que não chegamos sequer a sentir. Frágeis…
Como bonecos de porcelana, encantamos o mundo nos primeiros tempos. Vestidos lustrosos, cabelos sedosos, olhos brilhantes, pele de mármore. A perfeição de um novo brinquedo humano, que como tudo o resto, vai perdendo importância, lenta e longamente, até ficar coberto de pó, no alto da prateleira. Até os olhos ficaram baços e os vestidos gastos, sujos e descoloridos. Até talvez uma mão ou uma perna se partir. Sonhando viver até à eternidade, guardando seu esplendor numa caixa de vidro protegida, na exposição de um qualquer museu, como bonecos de porcelana, percebemos ser demasiado frágeis, demasiados efémeros, e as mãos que nos seguraram com carinho são aquelas que nos deixaram cair, e que nos fecharam depois os olhos para sempre, guardando somente uma memória que também o tempo apagará.
Como bonecos de porcelana, nós somos frágeis, nós somos quebráveis. E como bonecos de porcelana, vivemos o melhor das nossas vidas nas mãos das crianças descuidadas, e não na vitrina do museu. Como bonecos de porcelana, o pó cai sobre nós, no alto da prateleira, entre memórias de glória. E como bonecos de porcelana, sabemos que esse não é o nosso lugar.
Meu boneco de porcelana, tu és frágil. Mas, meu amor, nas minhas mãos nunca te quebrarás. Porque, boneco de porcelana, mesmo que o mundo te desfaça em cacos, eu guardarei na memória a beleza do teu sorriso e o brilho do teu olhar.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Para sempre


O tempo passa, e continuamos a dizer as mesmas palavras...
(Um ano tem esta foto)
que, por vezes, o seu significado muda.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Impotência

Não podemos. Não podemos salvar o mundo. Não podemos sequer salvar aqueles que amamos. A vida gira numa espiral infinita, a uma velocidade louca, no sentido descendente. Mais tarde ou mais cedo, todos acabamos no chão - ou debaixo dele.
Não podemos vender um sorriso. Ou mesmo dá-lo. "Amo-te, dou-te a minha felicidade, sê feliz com ela." Não, não podemos. Não há sacrifícios destes no nosso mundo, embora - sim, há - haja gente capaz de tal. Apesar de tudo, ainda há amor. Mas não podemos usá-lo para curar a dor de alguém, não da forma que desejaríamos.
Não podemos. Somos todos inúteis porque não podemos. Não podemos viver no lugar de ninguém. Não podemos morrer no lugar de ninguém. Simplesmente, não podemos. Sonhamos que sim, talvez pensemos que sim. É mentira. A grande espiral da vida é feita de muitas linhas paralelas, umas mais próximas das outras. Mas mesmo que se toquem, elas não se unem, porque duas, não são uma. E quando uma linha se quebra, a outra continua lá. Frágil porque perdeu o seu amparo, mas lá. E não podemos fazer nada a não ser esperar que também ela quebre.
Não podemos, digo. Não poderemos mesmo? Há certas coisas que não. Mas talvez não sejamos tão impotentes como presumimos. A nossa maneira de ajudar alguém é que pode não ser aquela que desejaríamos. Pode não ser tão rápida. Pode não ser tão eficiente. Mas com o tempo revela-se essencial, para que a corda não se quebre antes do tempo.
Com amor, nós ainda podemos.

A maior Queda: até ao Chão

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Um passo de cada vez

Os dias andam devagar. O ponteiro dos minutos dá duas voltas ao mostrador antes de o das horas decidir avançar para o número seguinte. Mas quando as pálpebras caem, ele ganha vida e roda muito depressa, tão depressa que acordamos horas depois sentido que se passaram meros minutos. Ele é tímido perante o nosso olhar desperto. Então o tempo passa a um ritmo desfasado, irregular. Não dormimos quando devíamos dormir. Não comemos quando devíamos comer. Tentamos por tudo manter as mãos ocupados, para com elas entreter a mente, silenciar os lábios que, pela centésima vez, se debatem com as palavras daquela mesma história, que todos sabem, mas que é repetida uma e outra vez, como se assim fosse mais fácil acreditar; como se por ouvi-lo muitas vezes, deixássemos de pensar que é apenas um sonho – um pesadelo – do qual iremos acordar em breve.
E assim acordamos todos os dias, com essa certeza de uma rotina mal estabelecida, que nos esgota o corpo para poupar a mente já exausta. Vivemos o hoje com medo do amanhã, mas ansiando simultaneamente pelo amanhã. Porque o hoje é mau e o amanhã poderá ser melhor. Mas poderá também ser pior. Ou igual – e isso é pior. É nos dito desde que nos lembramos que o tempo cura tudo. Mas o tempo não cura a saudade, não, ele aumenta-a cada vez mais, alimentando o nosso coração com um memória perdida que amamos e que jamais teremos de volta a não ser numa alucinação realista dos nossos sonhos, onde o tempo não só pára como, milagrosamente, volta atrás, para nos permitir viver novamente, por uns efémeros momentos, com aquela alma que partiu para sempre.
E um passo de cada vez, caminhamos em direcção ao futuro. Devagar, inseguros, nunca como antes, porque já nada será como antes. Forçamos sorrisos quando as lágrimas não vêm, mas de quando em vez elas assaltam-nos, imprevisíveis, dolorosas. Um passo de cada vez, juntamos os bocados que sobram de vida, num puzzle imperfeito onde falta uma peça no nosso coração. Um passo de cada vez, sobrevivemos com a ilusão de que o tempo poderá curar a ferida, quando na verdade, a cicatriz será tão eterna como o amor e a saudade.

domingo, 7 de junho de 2009

Avô

(Coração de pedra esculpido por essas mãos de artista, avô. Ficou perfeito. E eterno.)

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Sempre, Avô <3

A vida muda num minuto, a morte chega num segundos, mas levamos dias, semanas, meses e até anos a acreditar que é para sempre.
Eu não acredito. Eu não quero acreditar. Mas sei...
Sei que algo é para sempre: o AMOR é para SEMPRE.

Não tenho mais a dizer, não há palavras a não ser: Adoro-te Avô, foste das melhores pessoas que conheci e nunca, nunca te vou esquecer.

SEMPRE, AVÔ <3

terça-feira, 2 de junho de 2009

Música


Porque não importa qual oiça, como a oiça, ou onde a oiça...
Eu não consigo viver sem música.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Relatividade: tempo

E aqui estamos nós outra vez, fazendo planos para o futuro, inconscientemente decidindo-o a cada escolha de circunstância. Aqui estamos nós, no final de mais uma etapa, olhando para trás, abrindo os olhos perante a velocidade a que os lentos dias se dissiparas; e virando o rosto para frente, fechando os olhos de medo, incerteza…
Aqui estamos nós sonhando com um amanhã que não será nada do que imaginámos. Tal como não o fora o ontem, ou o hoje.
O tempo é tão relativo… Dizia que faltava muito, e agora vejo-me de braços dados com a certeza de que é só mais um ano. Outro que hoje tem 365 dias, e que no final, ao voltarmos novamente o olhar para trás, diremos ter dito menos de 65. Foi assim este anos, e nos ouros. O ontem de há dois anos parece-me o ontem de há dois dias. Tão longe, e, para mim, ainda tão próximo.
Não me sinto preparada. Não me sentia antes e não me sinto agora. Não para o ano que vêm – será tal como os anteriores –, mas para a certeza de que, quando ele acabar, a minha vida vai mudar. É estúpido pensar que eu quero essa mudança, mas acredito que não seja a primeira pessoa a recear algo que deseja. Há sempre um certo medo inato ao ser humano quando nos referimos ao desconhecido, não importa o que ele seja.
E aqui estou eu outra ver, largando pensamentos em forma de palavras. E também elas repetitivas… Como o tempo, relativas. Como a vida, relativas.