terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O problema está na falta de sol

A escuridão envolve-me como um manto de incerteza, metáfora da vida. A inspiração percorre-me com um arrepio, e não sei o que hei-de lhe fazer. O que não tem sentido, sentido jamais poderá ter. E andamos nesta roda viva, conduzindo às cegas numa rotunda.
A noite cai e o dia passa por nós, em memória difusas, por vezes demasiado precisas, outras, raras, abençoadamente esquecidas, frequentemente arrependidas, por isto ou por aquilo.
Dói-me não te sorrir. Hoje, ontem na realidade, mas e antes, que talvez o problema não seja bem do tempo, ou das hormonas, talvez de ambos. É esta acidez, esta insatisfação, este humor macambúzio — e não poder estar em dois sítios ao mesmo tempo. Dúvida, mortal dúvida. Que faremos nós sem ti? Rimos? Choramos? Continuamos. Por onde quer que seja, pelo fácil ou pelo mais rápido, por onde o nosso espírito nos levar. E o único problema? Escutar as histórias do sol que brilhou na rua ao lado, quando nós caminhámos à chuva. O problema? O problema são as pessoas, e as pessoas que falam demais, que contam o que viram, o que fizeram, o que disseram, uma e outra vez, e falam horas entre elas sobre a mesma coisa, sobre o que ambas viram, sobre o que ambas disseram uma à outra. O problemas são as pessoas que só dizem disparates, que fazem promessas inconsequentes, que afirmam o que é ridículo e tentam que acredites que é verdade. Não faz sentido.
O problema é este maldito humor e uma paciência que já viu melhores dias. Pois chove, chove, e faz vento, e chove ainda mais. Bem, saiam à rua e gritem pela milionésima vez os vossos disparates. Ando saturada de futilidades, exageros e infantilidades.
Hoje não. Mais não.
E o relógio não pára. A contagem faz-se sempre a descontar: das horas de sono, da horas de sobriedade, das horas de consciência, das horas de vida.
Às vezes seria bom ser como uma pessoa normal que não desejos súbitos de escrever às duas da manhã. Mas só às vezes.
Por favor, que não chova amanhã. Preciso de afastar este humor sombrio.

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