segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Alquimia

Nunca sabemos exactamente quando é que os nossos pulmões vão cuspir o lixo que os obrigamos a ingerir. Nunca sabemos quando é que o nosso coração se vai revoltar por solidariedade aos outros que destroçamos. O nosso corpo segue a alquimia do amor e da sorte.
E o mundo pode ser redondo, mas a vida é quadrada. Mas cedo ou mais tarde, chegamos ao fim e caímos.
Esta imaginação que borbulha sob a pele não encontra as palavras necessárias para descrever a falha essencial que é o sujeito e a causa de toda esta curta mas profunda reflexão. Tomar consciência de algo é como ficar sem ar, asfixiarmo-nos na intensidade arrebatada da descoberta. Por certo é uma metáfora, mas a escrita é uma metáfora, cada palavra que escrevemos é uma metáfora, até esta própria metáfora. A realidade não está nas letras, os sentimentos não estão no papel. O mundo não se escreve — descreve. E para o mostrarmos, para que o imaginemos como é, tão próximo possível do que é, usamos comparações: usamos metáforas.
Isto não significa nada. O significado não está aqui. É tudo físico. Começa no coração, passa pelos pulmões e só depois chega à consciência. A percepção do mundo está nos sentidos, não na razão. E o mundo é nos dado no ar que respiramos. Quando ele falta, a razão é lixo para uma consciência cega da realidade.
E alquimia do nosso corpo entra em reacção química...

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Casa nova :)

Só para oficializar, deixei as residências, mudei de casa e estou muito feliz (e igualmente cansada).

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Braga



Palavras para quê?
A Beleza está a nossa frente para a contemplarmos

Vista do Bom Jesus
Fim de semana em Braga

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O problema está na falta de sol

A escuridão envolve-me como um manto de incerteza, metáfora da vida. A inspiração percorre-me com um arrepio, e não sei o que hei-de lhe fazer. O que não tem sentido, sentido jamais poderá ter. E andamos nesta roda viva, conduzindo às cegas numa rotunda.
A noite cai e o dia passa por nós, em memória difusas, por vezes demasiado precisas, outras, raras, abençoadamente esquecidas, frequentemente arrependidas, por isto ou por aquilo.
Dói-me não te sorrir. Hoje, ontem na realidade, mas e antes, que talvez o problema não seja bem do tempo, ou das hormonas, talvez de ambos. É esta acidez, esta insatisfação, este humor macambúzio — e não poder estar em dois sítios ao mesmo tempo. Dúvida, mortal dúvida. Que faremos nós sem ti? Rimos? Choramos? Continuamos. Por onde quer que seja, pelo fácil ou pelo mais rápido, por onde o nosso espírito nos levar. E o único problema? Escutar as histórias do sol que brilhou na rua ao lado, quando nós caminhámos à chuva. O problema? O problema são as pessoas, e as pessoas que falam demais, que contam o que viram, o que fizeram, o que disseram, uma e outra vez, e falam horas entre elas sobre a mesma coisa, sobre o que ambas viram, sobre o que ambas disseram uma à outra. O problemas são as pessoas que só dizem disparates, que fazem promessas inconsequentes, que afirmam o que é ridículo e tentam que acredites que é verdade. Não faz sentido.
O problema é este maldito humor e uma paciência que já viu melhores dias. Pois chove, chove, e faz vento, e chove ainda mais. Bem, saiam à rua e gritem pela milionésima vez os vossos disparates. Ando saturada de futilidades, exageros e infantilidades.
Hoje não. Mais não.
E o relógio não pára. A contagem faz-se sempre a descontar: das horas de sono, da horas de sobriedade, das horas de consciência, das horas de vida.
Às vezes seria bom ser como uma pessoa normal que não desejos súbitos de escrever às duas da manhã. Mas só às vezes.
Por favor, que não chova amanhã. Preciso de afastar este humor sombrio.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

New Blog

Portanto, hoje vamos fazer um pouco de publicidade e mostrar o trabalho partilhado entre mim e a minha designer, fotografa e best friend (não necessariamente por esta ordem).
Porque há que aproveitar as novas tecnologias e tal para publicitar o meu trabalho, já que não há editoras e livrarias que o façam por mim, a Raquel Neves escritora tem agora um blog, como qualquer outro escritor consagrado!


Vejam e divulguem, por favor. É um pequeno gesto muito importante, afinal, este é o verdadeiro sonho. Ajudem-me a concretizá-lo!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Completamente incompleto

Sinto que preciso de escrever qualquer coisa.
Não preciso.
Preciso é de jantar e dormir. Mas não gosto de cozinhas ocupadas. E não me apetece comer. Queria apenas um estômago calado, as luzes apagadas, o pc ligado e um cobertor em cima.
Hoje foi o primeiro dia de aulas. Pois, completamente estranho.
Dormi duas horas. Completamente idiota.
Eu disse que não precisava de escrever. Não quando não há uma razão produtiva para o fazer tirando a de ocupar-me até que a cozinha fique vazia.
Completamente ridículo.
Quero mudar de casa. Três semanas e a decrescer. Agora menos.
Era nestas alturas que eu me sentia bem em minha casa, à frente da lareira a esta bela hora, sem desconforto físico por pieguices que fazem todo o sentido mas não têm lógica prática nenhuma.
Sim, completamente... algo que não sei nomear.
Vou jantar!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Desire


untouched

Apetece-me morder os lábios e ressuscitar a agonia plácida das minhas glândulas lacrimais adormecidas com esta música.
Gritar por uma emoção tão crua que me torça o estômago e rebente o coração. Por um sentimento mais gelado que o inverno, uma ilusão de carne e sal, que doa nos ossos.
Quero recordar as sensações enterradas dessa tristeza que não é minha, dessa revolta que não me pertence, desse amor irreal que não posso agarrar.
Deixa-me sentir um pouco! Com violência e intensidade.
Que lamento impuro este, de olhos secos como o deserto debaixo do sol! Nem uma pequena gota de humidade para me fazer acreditar que os teus sentimentos existem.
Nenhuma compaixão esta noite!
Nua e áspera, árida e pobre, a verdade da imaginação. A mentira entranhada na pele cauterizada, viva como um parasita na minha mente, agitando-se no espelho e moldando o meu rosto em expressões de emoção na realidade vazias.
Queria recordar os olhos molhados, a pele salgada. A feroz atracção pelo sofrimento.
Loucura! Plena e intocável loucura, virgem de emoções reais!
Ilusão, ah terrível ilusão!
Julgar poder viver vidas que não as nossas, amores que não os nossos, histórias arrancadas de uma memória lacrada com o selo imaginação.
Esta dor não é tua para a chorares.
Para a tua, não te bastam as lágrimas cujo paradeiro perdeste. Porque a tua não se forma nas cicatrizes da desilusão, mas na pele imaculada que a paixão não tocou.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

protesto

Tenta ter a clareza de espírito para ler a página até ao fim e compreender as palavras que te são dirigidas.
Às vezes, canso-me de escrever para o boneco.
Está dito.
Gostava daqueles tempos em que tinha a certeza de que havia alguém a dar dois minutos do seu precioso tempo por este lixo literário. E mais ainda quando davam mais um para assinar a sua presença com algumas palavras pouco filosóficas e ainda menos artísticas, que não obstante me conseguiam fazer sorrir.
Cansam-me os zeros.
Desincentivam-me, se é que o termo existe, criar expectativas para uma foto, para um texto, e então não haver um par de olhos que se detenha tempo suficiente para apreciar, ou até, se me posso dar a esse luxo, para reconhecer.
Às vezes não preciso de nada disso.
Às vezes, tudo o que para aqui atiro é unicamente para mim. Privado no seu carácter público.
Hoje não.
Podes dizer que é lixo literário. Podes dizer que é poluição visual. Podes dizer que estou profunda e redondamente enganada.
Desde que digas alguma coisa.