domingo, 3 de outubro de 2010

Consciência algarvia

Este Algarve parece uma realidade distante, de dois anos, dois meses, nunca duas semanas. Parece uma outra vida, ou acordar de um sonho e a outra vida é aquela que ficou em suspenso lá em Aveiro.
Este Algarve parece algo velho e familiar, insuficiente. Dá vontade de fundir as duas vidas, o melhor de cada numa só... encurtar um pouco a distância. Colocar o Algarve no Porto, sei lá!
Este Algarve, um presente que quero guardar, com pessoas que habitam nas cavernas do meu coração, mas ainda uma etapa para passar à frente.
Neste Algarve, parece que aquelas foras duas semanas sonhadas, uma vida de alguém que não eu, uma experiência noutro corpo. E não obstante as saudades, gentes para abraçar, novidades para contar cara a cara, quero voltar. Quero voltar.
Apaixona-me a intensidade com que a vida é vivida naquela cidade à beira da ria. Hipnotiza-me a verdade com que as coisas, as situações, os sentimentos tomam forma na minha própria pele. Numa me senti tão viva. Tão parte de algo. Tão livre. Tão eu própria para amar e odiar - mas amar sobretudo.
Sinto como se de repente, lentamente, a realidade superasse o refúgio da ficção e as palavras escritas perdessem valor junto das palavras ditas. É como chegar ao fim do dia, e com internet ou não, descobrir que a necessidade de desabafar para o "papel" perdeu-se na certeza de que todo o pensamento de valor já foi partilhado e, acima de tudo, já foi ouvido.
É alegre a saudade da solidão e é quente a decisão de encontrar alguns minutos para ela.
A vida recria-se e reconstrói-se e é doce o prazer de fazer melhor, como a expectativa do futuro que quando vem me abre um sorriso nos lábios.
E sei, com a certeza da decisão certa, que o palco da minha vida mudou.
Aqui no Algarve, estou por detrás das cortinas. Mas é um tranquilo lugar para se estar, recarregado a energia para viver o futuro que o presente prometeu.

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