O ar é áspero na minha garganta e no vazio no meu olhar escondem-se palavras que ninguém deveria jamais ler. A história é longa para ser contada, mas tal é a urgência que se saltam parágrafos e dos argumentos passa-se para a revolta que é o fruto da injustiça e da falsidade. Quando o sangue ferve tanto que abriria um buraco na parede, o coração bate acelerado e a língua não se contem. As mãos avançam mais rápido e censuram os insultos que deveriam ser proferidos como estaladas na cara daqueles que têm tanto de honestidade como de respeito pelos outros. A fúria sim é o mote dos deuses, que deviam erradicar certos Homens como certos Homens erradicam a verdade, mas se esperarmos por justiça no mundo vamos morrer na feliz ignorância de não conhecer a realidade negra e crua em que vivemos. Que seja então frustrada, peso pesado na consciência do ser e chão para pisar por acreditar que ainda há gente sincera. Não posso gritar mais alto que a minha voz, mas pintaria um megafone à minha frente para que ouçam que esta merda não se faz!
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