Tu és o ar que eu respiro, tóxico e venenoso. As mentiras que eu digo, cruéis e afiadas, como um punhal entre as costelas. Tu é o reflexo do espelho, triste e abandonado, igual a mim.
Tu é a mancha de gordura na toalha do meu dia. As palavras amargas que alguém disse. És a verdade nua e crua que eu projectei.
Tu és a merda que eu pisei. O lixo que eu apanhei pensando que era de valor. Tu és tudo o que de pior há em mim, tudo o que eu quis esconder, tudo o que eu fingi que não existia. Tu és a minha história escrita ao contrário.
Tu és aquela que eu não quero ouvir. Tu és aquela que me dá nojo ver. A escória, a reles, a meretriz, a que sempre invejei. Tu és a podridão que me invade a alma.
Mas quando a noite cai, é contigo que eu sonho, agarrada a mim, como estilhaço de uma vida violada. Sufoco com a memória do teu cheiro, a ardência do teu calor, e grito.
És a morte nas minhas veias.
1 comentário:
Tocou-me na parte mais profunda do meu coração. Gostava de saber o que te faz escrever coisas assim tão...profundas...
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