Desliga-te de ti e ouve-me. Desliga-me de mim e deixa-me escrever a certeza imparcial e impessoal do amor. Corta os cordões com que ele mexe o meu coração, por uns minutos, só por uns minutos, e deixa-me divagar sem acusações sobre o calor da presença e o frio da ausência, a temperatura errada, a mão manipuladora da distância, o exagero das saudades, a ampliação dos sentimento quando filtrados por esse espectro a que chamamos amor.
A vida rebola à flor da pele e os sorrisos são tão fáceis neste pedaço iluminado do mundo. Os pensamentos giram como satélites em orbita à volta deste porto seguro, soprados ocasionalmente por distracções, mas atraídos invariavelmente de volta pelo teu campo gravitacional. As horas são de uma subjectividade quase absurda quando a incógnita de todas as equações que regem o universo se resume a cinco letras. E se há demasiadas vozes que se erguem, a bolha encerra-se como um casulo de borboleta e caímos no erro de ignorar que realmente há um mundo lá fora que espera algo de nós. Sempre que fechamos a porta, erguemos essa barreira que altera as leis da natureza, impondo uma nova ordem onde um mais um não são dois.
Mas um mais um são dois. 99% do tempo.
Quem não o sabe, quem não o compreende, também não ama essa unicidade que defende. Porque se esqueceu de se amar a si próprio primeiro.
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