O tempo é uma dimensão rara do ser. A velocidade a que se criam memórias é uma eco vago no plano da consciência distorcida, em eterno processo de regressão, que transforma as melhores horas da nossa vida na mera certeza de terem acontecido. As provas são fúteis. Não há pedaço de papel pintado a luz que reacende a vida com tanta intensidade como um imaculado sonho revivalista que a nossa anatomia não nos permite ter, nem no segundo imediato ao acontecimento. O passado é nevoeiro. É o diz que disse e a recordação distorcida da nossa visão subjectiva. É um consolo pobre mas suficiente, tão desgraçadamente suficiente para ainda arrancar lágrimas ou sorrisos, mesmo que errado, errante e destruidor. Porque é igualmente capaz de produzir saudades, perigosa nostalgia do ser que se sente inadvertidamente atraído por um tempo que não pode recuperar, mal pode recordar e jamais poderá transformar. E esse estágio de arrependimento ou melancolia entranha-se, não se estranha, e vira as prioridades da nossa alma progressiva no sentido da auto-destruição. O tempo é uma dimensão suicida do ser. Aquela em que a felicidade está dependente de uma história já gravada em pedra, que se deteriora e esvaísse como areia ao vento.
domingo, 9 de setembro de 2012
terça-feira, 28 de agosto de 2012
terça-feira, 17 de julho de 2012
quinta-feira, 24 de maio de 2012
tudo no nada
A tua ausência faz o aborrecido da minha vida vir ao de cima. E enquanto espero por uma resposta que não vem, temo, recrimino-me, culpo-me, mas não há realmente volta a dar a esta necessidade de alguém.
Nunca fui tão alérgica à solidão.
Tenho saudades de casa. Enganaste-te, não passou. Vejo representações de famílias por todo o lado. Vejo inclusão, pertença, segurança, suporto em todo o lado. A nostalgia sufoca-me. A inveja arde. Sinto-me à beira da derrota. O tempo é um vazio imenso por preencher. Nada me chama, nada me quer. Às vezes penso que desisti completamente de escrever.
Não sei o que fazer aqui, noite após noite, na tua ausência. Assusta-me. Eu não era assim. E de alguma forma, não posso afirmar que algo tenha mudado para melhor. Ainda sinto dentro de mim aquela adolescente insegura que só queria um forte grupo de amigos no qual se sentisse em casa. Nunca existiu. Mesmo quando quis acreditar que sim, era tudo uma grande ilusão. Nunca soube de quem era a culpa. Os laços simplesmente desmoronaram, soprados como areia ao primeiro erro, quando era suposto ser uma amizade forte como pedra.
Não sei dizer se fui desiludida mais do que fui uma desilusão. E quando os avisos começam a cair, são como cartões amarelos num jogo de futebol. O segundo já é vermelho. E eu não posso aguentar isto de novo. Exclusão. Não quando pensava fazer tudo certo, o melhor que podia. Nunca é suficiente. Não sou suficiente. Não sou nada para dizer a verdade. Mas não posso viver como se cada gesto meu fosse vir a ser julgado. Melhor sozinha que só, então.
Era mais feliz quando pensava que podia viver assim, sozinha. Mas tudo o que eu quero depois de um mês e meio sem ir a casa é a minha família. As únicas pessoas do mundo que eu sei que não se vão zangar comigo se eu falar demasiado alto ou se me esquecer de limpar a mesa. Que não vão criticar o que eu sou ou quem eu sou porque essa é a pessoa que conheceram desde sempre e não acham que haja nada de errado com ela.
Foi tão difícil este ano. Apanhar os cacos do ano anterior. Perceber que não havia reconstrução possível para isso. Lamentar. Chorar. Desistir. Seguir em frente derrotada.
segunda-feira, 7 de maio de 2012
quinta-feira, 12 de abril de 2012
um segundo
O teu silêncio entranha-se na minha pele e faz-me comichão. A tua escassez de palavras deixa-me a tremer. A incerteza deita-me a baixo. Segura-me, por favor.
O ritmo do meu coração baralha-se quando não estás, como uma bússola que procura o norte e não o encontra. Guia-me até ti. Chama por mim. Não te canses, oh, por favor, não digas que não.
Os meus ouvidos anseiam por palavras tuas - palavras doces, palavras sinceras - como um drogado em privação. Tenho saudades daquela palavra. As vezes, nem todos os gestos do mundo substituem aquele segundo em que o coração pára para reconhecer a razão porque continua a bater.
Céus, mal me lembro da última vez.
terça-feira, 3 de abril de 2012
terça-feira, 6 de março de 2012
Extrapolação da alma
Quando me beijas, os teus olhos trazem a memória do dia em que morremos.
Na chama deste lirismo apagado, jaz o desejo de esbofetear o desprezo a que me relegas todas as noites. Torturas-me lentamente, assim, inerte no teu canto, como se o meu sofrimento não te tocasse. Não fui eu quem te traiu quando decidiste provar o mundo. Jamais te menti, fiz minhas as tuas palavras, vivi os teus sonhos, caminhámos lado a lado durante anos, de mãos dadas, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. No silêncio, criávamos um mundo onde seriamos felizes para sempre.
E então a lua pôs-se sobre o teu coração, pegaste fogo às páginas do nosso romance e atiraste três vezes contra mim, desenhando no meu corpo umas monstruosas reticências às quais acrescentei um tenebroso ponto de interrogação. Mas como se não bastasse, não só te desapaixonaste, como reencontraste a nossa paixão noutros braços, uns que te agarram de verdade, e não com um suave sopro de imaginação. As minhas mãos fundidas nas tuas não poderão nunca rivalizar com essas mãos de carne e osso e vida que descem quentes pelo teu ventre, ou essa boca que se beija com uma intensidade que não poderei. Mataste as borboletas que eu largava no teu estômago e substituíste-as pela pulsação forte e urgente do desejo carnal.
Mas ainda te quero como uma esposa violentada pelo marido que não sabe viver sem ele. Porque sem ti sou mera imaginação incompleta, mais vazia e abandonada que um livro decadente esquecido numa biblioteca. E sei que me queres também, nessa tua culpa salgada que te atormenta a consciência sem todavia sentires qualquer arrependimento. Jamais voltarei a ser uma prioridade na tua vida. Não quando o mundo fora das quatro paredes do nosso quarto chama por ti com promessas de amor. E sempre que voltas, é amargo e estranho, como se já não soubesses viver comigo, como se não pudesses nem recuperar uma réstia da paixão que nos alimentou durante tanto tempo.
O mundo seguiu o caminho do tempo, e tu foste com ele. Partiste, trocaste-me, e já nada voltará a ser o mesmo. Agora trazes para a cama o sabor e as cores reais da vida.
E eu observo-te da prateleira com inveja, todas as noite, porque nunca fui capaz de te fazer feliz assim.
quinta-feira, 1 de março de 2012
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
2 paixões e 1 coração, vida sobre ficção
O ritmo é quente no meu sangue. O sorriso duradouro. Estas emoções, ah, estas emoções. São o álcool que nos embebeda até à depressão e as drogas que nos levam à euforia.
Umas horas, é tudo quanto basta.
E o amanhã, a certeza da sempre existência do amanhã. Aquela hora em que sabemos que acaba a nossa contagem decrescente. Breve, brevemente, como quem espera por mim.
Vem. Corre. Canta comigo. Esta alegria é o reverso da moeda da tristeza que vem assombrando estas noites. O silêncio, a solidão.
Acabou.
Quando o sorriso perdura nos meus lábios assim, tão suave e real, tão intenso que se estende a todo o corpo, custa crer a facilidade com que és capaz de me fazer chorar.
Não hoje.
Ah, música. Não sabes onde me levas. Jamais saberás onde me tens levado, entre o aqui e o ali, entre a realidade e o sonho, entre eu e um mundo de possibilidades. Ou, talvez seja a escrita.
Abandonada. Como sempre soube que irias ser. Conheço-te. Conheço-me. Só cabe uma paixão de cada vez no meu coração. Tu eras ficção, ilusão, imaginação. Eles eram subterfúgios. Ele é amor.
Ainda não sei lidar contigo na mera categoria de vocação, passatempo.
Passatempo. Palavra que tanto desvaloriza, banaliza, diminui.
Mas, mas... Dói. Escrever agora dói. E dói mais a consciência de não o fazer. Não é uma dor assim forte. É mais um esquecimento que se prolonga, uma negligência que mata lentamente, que prometemos mudar a tempo, mas... Mas p(r)onto.
Esta ditadura de tentativas não leva a lado nenhum.
E hoje não importa, ou a importância está fechadinha lá num cantinho onde não ataca a consciência. Onde não dói. A maior parte dos pecados vive num lugar assim. Os outros realmente matam.
Ah, ao tempo que não escrevias tanto assim.
Ao tempo que não o fazias feliz assim. A felicidade nunca foi literariamente produtiva. Desculpem personagens de papel. Vocês já tiveram os vosso final feliz, e as que não, de certo não morrem da espera. Eu sim.
Agora é a minha vez.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Preocupas-me, irmã.
Mesmo quando grito.
Mesmo quando critico.
Mesmo quando insisto que não é assim, que estás errada.
Talvez estejas mesmo.
Quando crescemos, temos a tendência a pensar que somos diferentes.
Ou confessamos que isso nos magoa.
Ou tentamos convencer-nos que gostamos disso.
Mais tarde descobrimos que metade das pessoas que conhecíamos pensava o mesmo de si.
Mesmo quando grito.
Mesmo quando critico.
Mesmo quando insisto que não é assim, que estás errada.
Talvez estejas mesmo.
Quando crescemos, temos a tendência a pensar que somos diferentes.
Ou confessamos que isso nos magoa.
Ou tentamos convencer-nos que gostamos disso.
Mais tarde descobrimos que metade das pessoas que conhecíamos pensava o mesmo de si.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Facto
Ah, o tempo sem ti como custa a passar!
Acho que nunca escrevi-disse-pensei "estou aborrecida" tantas vezes como nesta semana.
Segunda, vem depressa!
Fim.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
enfermidade
É este silêncio, esta solidão.
O eco da letra da música no meu coração.
São as dores físicas de não te ter aqui.
É a falta de força de vontade, o tédio.
O desconforto dentro da minha própria pele.
São as equações erradas na fórmula da vida.
E cada momento que passa sem uma resposta tua.
É incompatibilidade da proximidade.
Os quilómetros que levam a um porto seguro.
São os lençóis frio que me abraçam à noite.
A contagem decrescente que nunca acaba.
É a ansiedade que me corrói o corpo.
E os meus olhos cansados de não te verem.
É uma fraqueza que trai os desejos mais antigos.
Uma necessidade vital que chama por ti.
É uma história incompleta que me assombra.
São vidas pela metade que esperam.
É o relógio que anda muito devagar.
A distância que me impede de correr até ti.
São as linhas cruzadas de outros caminhos.
O dever de filha, de neta, de irmã.
Mas é um lar que já não acolhe tão bem.
É uma cama que não cheira a ti.
É uma almofada que não partilho contigo.
E é a saudade que me aperta o peito.
A doença que me consome a alma.
O eco da letra da música no meu coração.
São as dores físicas de não te ter aqui.
É a falta de força de vontade, o tédio.
O desconforto dentro da minha própria pele.
São as equações erradas na fórmula da vida.
E cada momento que passa sem uma resposta tua.
É incompatibilidade da proximidade.
Os quilómetros que levam a um porto seguro.
São os lençóis frio que me abraçam à noite.
A contagem decrescente que nunca acaba.
É a ansiedade que me corrói o corpo.
E os meus olhos cansados de não te verem.
É uma fraqueza que trai os desejos mais antigos.
Uma necessidade vital que chama por ti.
É uma história incompleta que me assombra.
São vidas pela metade que esperam.
É o relógio que anda muito devagar.
A distância que me impede de correr até ti.
São as linhas cruzadas de outros caminhos.
O dever de filha, de neta, de irmã.
Mas é um lar que já não acolhe tão bem.
É uma cama que não cheira a ti.
É uma almofada que não partilho contigo.
E é a saudade que me aperta o peito.
A doença que me consome a alma.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
coisa da vida
Não tenho inspiração para devaneios, moralismos e eufemismos. Não sei onde estão as palavras bonitas, as frases profundas, as mensagens de vida. Ou a vida sequer.
As baladas enchem o quarto, como um sopro da saudade dilatada no meu peito. A ansiedade ronda a casa, envenenando o ar.
Tenho um desejo. Uma necessidade. E um amor.
Os fantasmas dos erros passados assombram a minha mente. És o meu ghostbuster e não estás aqui. Tenho medo de falhar.
E esta introspecção é extremamente não-saudável.
O amanhã é um grande, aborrecido e maldito déjà vu. Que tem de acabar de outra forma.
Ahhhhhhhh
Aprova-me, c******!
Depois disso, a minha vida volta a ser perfeita.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
if it make us happy
If it makes you happy
It can't be that bad
If it makes you happy
Then why the hell are you so sad scared
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
negligência
não consigo descrever
a sensação de abandono interior
a miséria da alma
a epidemia do medo
e o fruto do erro.
não consigo consolar-me
ver o sol depois da tempestade
o amor depois do ódio
e nós depois de tu e eu.
não consigo perdoar-me
superar o terrível engano
só preciso de abraçar-te
e adormecer.
só preciso de ti.
a sensação de abandono interior
a miséria da alma
a epidemia do medo
e o fruto do erro.
não consigo consolar-me
ver o sol depois da tempestade
o amor depois do ódio
e nós depois de tu e eu.
não consigo perdoar-me
superar o terrível engano
só preciso de abraçar-te
e adormecer.
só preciso de ti.
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