O frio corta a inspiração como estimula o amor. Os dados estão lançados, façam-se as apostas. A multidão ergue os braços para a probabilidade do costume: tanto é melhor o começo, como pior o final, e grandes entradas são tão somente as mais profundas palavras que hão-de surgir esta noite. O resto é sempre a decrescer. A tese e a "palha", porque as grandes palavras explicam-se a si próprias.
Não há sorte ou azar na literatura. E a redundância é o pecado. O mesmo se aplica à vida. Quando a repetição é a morte do artista, sabemos que não pisamos um palco mas a realidade, onde o tempo não volta atrás e o passado se perde num futuro que não planeou.
Não aspirava a nenhuma destas frases, mas sabia que ia jogar com todas estas letras. Metáforas, metáforas! E a puta da vida sempre como plano de fundo. Tudo se assemelha a ti, como se fosses um maldito dicionário. Guardas tudo, representas tudo, tens tudo, mas, no final, se não percebermos a tua linguagem, não explicas rigorosamente nada.
É sempre interessante ver o rumo que um cérebro leva, escrito assim, como a radiografia da minha mente. E como uma árvore — não, chega de comparações! As figuras de estilo são algo negativo cujo mal duas palavras de amor me fizeram esquecer. E a inspiração oficialmente bloqueou, num desvario não literário que interrompeu crucialmente o caminho desta ilusão textual.
Os dados pararam na mesa. Mas os resultados são subjectivos: dependem da graduação das lentes de cada leitor. Uns podem não ver nada — muitos podem nada ver. Se alguém gritar Yatzy, façam-me saber.
É raro quando alguém encontra sentido em palavras que o perderam vinte segundos depois de serem escritas.