domingo, 24 de abril de 2011

l--e

It was the end of my little affair...
It was the begging of a real dream.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Guarda-me, estranho

Mantém as portas do inferno fechadas, mantém-nas assim para mim. Quero que outro fogo me consuma as lágrimas e me aqueça por dentro. Quero outra chama a lamber a minha pele.
O sorriso que encontras nos meus lábios esta noite, estranho, é produto da ilusão póstuma do homem. Quando um corpo se encontra demasiado seco, ele racha e rasga, ele quebra-se e sorri para ti, com uma dose ácida de ironia inútil. Mas segue sendo, de uma forma macabra e necrófaga, objecto de paixões incondicionais.
Por isso, estranho, cuida bem deste invólucro ainda inspirante e expirante, ainda doce e sem fendas, mas muito frágil perante os embates da vida. Cuida dele como da tua alma, mantém-no longe do inferno. Apesar de tudo, é somente carne para combustão. E apesar de tudo, precisamos dele.
Há uma caixinha lá dentro, entre vísceras e fluídos, que guarda estes pensamentos, que guarda a memória do teu rosto, estranho, e este improvável afecto por ti. E se o corpo quebra, ela foge como borboleta aprisionada num frasco. Para não voltar jamais.
Assim, estranho, mantém-me quente, mantém-me viva, guarda-me aqui. O sorriso que encontras nos meus lábios esta manhã é tão somente o mais puro reflexo do teu.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

aquela

Basta que uma pessoa, aquela pessoa, use uma palavra, aquela palavra, e o mundo todo roda e brilha. O poder da subjectividade está nas lágrimas e no sorriso que o mesmo sim, ou o mesmo não podem gerar. E para tudo há um segundo significado, aquele que lhe quisermos dar.
Tu.

terça-feira, 19 de abril de 2011

segunda-feira, 18 de abril de 2011

we never know

Não sabes como o meu sorriso permanece depois das tuas palavras. Não sabes o que fazes ao meu batimento cardíaco. Pergunto-me: o que foi isto?
A vida segue pregando-nos partidas, e de repente abrimos a nossa porta de casa e tudo mudou; olhamos para a aquela pessoa que vemos todos os dias e não vemos nada do que víamos antes; descobrimos que podemos ser mais íntimos com os nossos pais, que eles são mais tolerante, compreensivos, realmente mais amigos do que alguma vez pensávamos. Sim, continuamos a cair no engano de subestimar o mundo à nossa volta, temos medo dos braços que mais nos protegem, procuramos na distância aquilo que sempre esteve tão perto, sem todavia sabermos.
Deixa-me um sorriso nos lábios observar a ironia da vida. Imaginamos tanto o futuro, e de tão rebuscadas e improváveis que são as nossas ideias, a realidade consegue sê-lo ainda mais. Mas aí está a doçura de viver, aí estão as memórias que nos embalam à noite, quando tentamos recordar o que é dormir sozinho e acabamos sonhando com a outra pessoa.
Às vezes faço-o ao teu lado também. Não sabes como é estranho acordar ao lado da pessoa com que se sonhou. Pergunto-me: porquê só agora? Mas agradeço por ter sido agora e não depois.
Já tinha saudades de me sentir assim...

domingo, 17 de abril de 2011

Theater

Teatro Lethes, Faro

Pretend but do not fake

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Não me esqueci de ti

A tua teimosia fode-me a cabeça. O teu silêncio vai contra tudo o que sempre disseste sentir. A tua consciência está morta ou foi enterrada. E eu canso-me de ver as coisas iguais.
Por muitas horas esqueço. Grande parte do tempo, na verdade, não és mais que nada. Mas quando o teu nome ou a tua memória surgem, eu colido novamente contra a parede que a tua infantilidade e o teu orgulho criaram entre nós. E toda a indiferença se derrete no desejo de que abras os olhos e compreendas.
É lixado pedir desculpa. E conheço-te bem demais para me censurar por me surpreender que não o faças. Desde a hora dramática que eu soube que era para durar, que não era efémero, que se ia arreigar às raízes do meu coração e do meu sentido de perdão. Mas perdoar ou não é uma dúvida que não importa, pois não há voz para o clamar.
Pergunto-me se és feliz assim. Ou se pensas sequer na merda que fizeste. Pergunto-me como será quando te vir. Anseio e receio. Mas sei que eventualmente vai acontecer e o factor estranheza gritará a plenos pulmões. Tinha tanto para te contar...
Mas não esqueci. Não posso. E não há como dar o braço a torcer. Ainda oiço as tuas palavras e as lágrimas que me recusei a chorar. Sim, porque aconteceu. Doeu. Doeu mais do que podia suportar de ti. E não me faz mais feliz saber que ainda vives nessa ilusão de vida, não, apaga-me o sorriso e entristece-me a alma.
Se ao menos soubesse, se ao menos pudesses ver... Ah, tudo teria sido diferente.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Family (L)

Hoje não vou falar de felicidade. Mas ela subsiste, como um beijo de despedida pela amanhã.
E persiste, até eu não saber de que mais falar. Sei agora, momentos depois.
Hoje vou falar de família.
Sim, eu vou falar de felicidade. Porque neste instante as palavras aproximam-se tanto que se fundem, e eu penso: Tenho sorte, Tenho MUITA sorte.
Sofremos as nossas perdas, tivemos as nossas divergências, discutimos, gritámos, esperneámos, mas partilhamos uma vida, somos parte uns dos outros, sentimos saudades, damos mais valor na distância, crescemos, aprendemos, conhecemo-nos, somos uma família.
E agora eu sei o peso em ouro que vale a minha.
E amo-vos mais que nunca.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Happiness

A voz fala mais alto e melhor quando todo o corpo sorri. O ar é leve e envolve-nos com o mesmo carinho com que desejamos cobrir os outros. O céu é profundamente azul e perfeito. As memórias cálidas e reconfortantes. Os nossos olham reflectem aquele brilho de quem vê o mundo pela primeira vez e acaba de se apaixonar por ele.
A felicidade é um estado de alma.
E hoje sou feliz.

domingo, 3 de abril de 2011

A memória é o portal dos cegos

Já sentes a culpa como uma comichão debaixo da pele, puta, e é o toque quente dos lábios anteriores que persiste na tua boca. Ele ainda não te tocou, mas o pecado já é teu. Ele ainda não te fez sua, mas tu já és dele. E esta noite, não vão ser só dois corpos a dividir uma cama. Porque arrastas contigo a densa memória da liberdade para dizer que não.
Esta noite, puta, estás acorrentada às tuas próprias fantasias. Não podes fugir, é inútil teres medo, é estúpido lutar. Sabes que vais acabar por querer dizer que sim. O arrependimento há-de acompanhar-te sempre, mesmo quando caíres de joelhos a gritar de prazer. Não é esta a vida que eu escolhi. Vais querer-te noutra cama, noutros braços, onde pelo menos alimentas a ilusão de exclusiva pertença. Vais remoer a noite toda, puta, e bater de cabeça contra um único e sólido argumento. Tu não és de ninguém.
Não virás chorar nos meus braços, não. Eu avisei-te que jogas um jogo perigoso, e não há como excluir a nossa consciência dos nossos próprios segredos. Ela estará lá para te julgar quando mais ninguém o puder fazer. Não compreendes, puta. Andaste cega durante todo este tempo, e agora que abriste os olhos, estás demasiado acostumada ao mesmo erro para saltar o buraco que se atravessa à tua frente. Pensavas que era o melhor que poderias ter, e então surpreenderam-te. Agora enfrentas a tentação por um sonho que não crês ainda ser real. Mas, puta, reflecte sobre as tuas memórias e verás, na tua cegueira, que está lá tudo o que precisas de saber.
A solução jaz na diferença básica entre um e dois, entre dois e três. Mas sempre precisas que te digam tudo na cara, mesmo que sofras com o estalo da realidade e do tempo perdido a apreendê-la. Tens demasiadas dúvidas e apostas nas cartas erradas. O teu instinto é absolutamente visual, e por isso tão cego. E o teu coração, puta, ele mantêm-se calado, tão fechado e receoso como a tua boca é aberta e obsessiva.
Esta noite, puta, não vais voltar a dormir sozinha. Mas e amanhã, terás outra vez aquele sorriso na cara?

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Today

A vida é bela e o céu é azul.